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HISTÓRIAS – XXX

04-10-2019 - Henrique Pratas

Eu sempre gostei de conhecer o meu País e vê-lo com os meus próprios olhos e não através do que me fosse contado.

Os meus filhos eram pequenos a minha filha teria 5 anos e o meu filho 1 ano, como gostava de lhes dar ar fresco e saudável decidi que iriamos para o Gerês, isto fora da confusão. Nota eu também gostava de apanhar aqueles ares.

Um belo dia e como gosto de descobrir os locais mais recônditos decidi meter-me por uma estrada de terra batida para ver onde me levava. Cheguei a um local onde só via montes e montanhas e só me recordo de me lembrar como é que eu saio daqui.

Como a paisagem era agradável e o sossego indiscritível lá fui andando até que cheguei a uma povoação pequeníssima que se destacava pelo seu pelourinho. Eram horas de almoço e como reparei que próximo desse pelourinho existia um café, parei e entrei para saber se serviam refeições, a resposta não se fez esperar de uma forma simples e humilde, servimos sim senhor.

Pensei para comigo já me safei desta. O luxo não era muito, era asseado perguntei onde me podia sentar, disseram-me onde quisesse e eu assim fiz.

Como manda a tradição nestes locais uma refeição era composta por 4 pratos, sopa, carne, peixe e sobremesa.

Dentro da sua humildade a proprietária do café/restaurante, serviu-nos com a delicadeza e educação que é prática corrente naquelas e noutras zonas do nosso País.

As opções não eram muito mas o que existia era de excelente qualidade. A sopa tinha o sabor a produtos frescos e de qualidade utilizados na sua confeção.

O peixe apesar de a povoação não ficar perto do mar era de excelente qualidade, recordo-me que eram uns carapaus assados na brasa devidamente temperados com sal, salsa, alho e um molho feito com azeite com 0 graus de acidez, colorau, vinagre. Regados os carapaus com este molho ficava deliciosos, acompanhados de uma batatinha e de legumes frescos, uma delícia. Entretanto e como boa acolhedora a senhora estava sistematicamente a perguntar-nos se estava tudo a gosto, ao que nós respondíamos que sim, mas como vos referi a sua humildade, delicadeza e simpatia eram extremas.

Passámos para a carne e chegados a este momento a senhora pediu-nos desculpa mas só tinha carne de vitela e se nós quiséssemos faria uns bifes que grelharia e nos serviria acompanhados de batatas fritas de palito em frigideira antiga.

Nós acedemos, porque eu nestas coisas gosto de me colocar nas mãos de quem me recebe, mas se me enganarem, só o fazem uma vez.

Depois de acedermos há sua sugestão, poucos instantes depois a senhora volta de novo ao pé de nós e como quem cometeu o pior crime deste mundo, pedia-nos desculpa, mas os bifes de vitela não seriam tão bons como ela tinha indicado, ficámos na expectativa.

Quando os mesmos chegaram a carne de tão tenra que era, pura e simplesmente desfazia-se na boca, independentemente da sua consistência. Na altura chamei a senhora e só lhe disse: “tomáramos nós apanhar carne desta em Lisboa para a podermos comer”. Esta minha afirmação não lhe tirou de cima dos ombros a responsabilidade do que inicialmente nos tinha dito sobre a qualidade da mesma e voltou-nos a pedir desculpas.

Este tipo de comportamento é cada vez mais raro nos dias que correm e a qualidade da comida que nos é colocada há frente é cada vez menor, mas ainda existem locais onde esta é uma prática comum.

Veio a sobremesa como é habitual e a qualidade da fruta que nos foi disponibilizada era simplesmente ótima.

No final e depois de bem almoçados vem a conta, porque estes serviços têm que ser pagos e a conta ao tempo para 4 pessoas foi de 22,50 escudos, já com a gorjeta incluída.

Tudo isto se passou numa povoação chamada Fafião e que se pode encontrar algures no meio da serra do Gerês, não lhes possso dar mais indicações para lá chegar porque eu próprio até aos dias de hoje estou para saber como é que lá cheguei.

Henrique Pratas

 

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