Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 26 de Abril de 2024  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

HISTÓRIAS – XXIII

05-07-2019 - Henrique Pratas

Estávamos em 1983, tinha acabado de fazer 27 anos, mais precisamente no dia 27 de abril, no dia 30 de junho iria ocorrer o meu casamento. Trabalhava então na Rodoviária Nacional, E. P., mais propriamente na Direção de Pessoal, sim porque naquele tempo não existiam como hoje Recursos Humanos, existiam PESSOAS, que é coisa que não existe nos dias de hoje.

Éramos mais de 20 trabalhadores, os meus distintos companheiros e companheiras de trabalho arranjaram maneira de me proporcionar um dos momentos mais agradáveis da minha vida.

Providenciaram no sentido de me proporcionarem um almoço e vi e senti logo que aquilo ia dar mal resultado, mas costumávamos dizer se é para a desgraça, vamos em frente que atrás vem gente.

Marcaram o restaurante na Estrada de Benfica, “O Ferro de Engomar”, não sei se ainda hoje existe e já sabem como é pedir e não pedir vêm umas entradas qua a rapaziada estava com sede, mas não era de água, eu comecei a ver as garrafas de vinho a passarem de um lado para o outro e só pensei assim, isto não vai haver casamento o que se vai dar é uma grande cagada.

Começam a vir os pratos com as refeições escolhidas e eu julgo, não tenho a certeza mas já bebia e conversava mais do que comia, estava o baile armado. Como é natural nestas situações há os que vão só por ir e aqueles que vão e são nossos amigos e começa-se a acentuar a cumplicidade que existia entre nós. Um deles que tinha uma característica que era quando bebia demais só se ria, a certa altura o dito só se ria e eu cá para comigo pronto este já está como há de ir, nós os mais calejados fomo-nos aguentando mas o calor era muito e o vinho branco fresco estava óptimo e garrafas atrás de garrafas, elas foram desaparecendo, comida não me lembro de nada, sobremesas como era de esperar também existiam, mas para a rapaziada veio uma garrafinha de whiskey, com muito gelo, penso mesmo que amigos meus já punha gelo na cabeça sem ter nada acontecido de anormal, mas estava um calor imenso e havia que arrefecer os neurónios e as têmporas, porque isto de ter a cabeça a ferver tem que se lhe diga. Cá o rapaz estava na maior não estava preocupado com horas, nem mais nada até que há um deles que me questiona a que horas é que te casas, eu respondi prontamente pois isso eu sabia, às 17 horas, ainda falta muito tempo complemento a resposta, ninguém me disse nada.

Continuámos na “tourada” como era habitual até que perto das 16h45m há um deles que me pergunta outra vez a que horas casas, às 17 horas respondo eu, diz-me ele só se for de amanhã porque se é hoje e ainda vais a casa da tua mãe para tomar banho e vestir, não vai dar tempo.

Aí levantei-me rapidamente meti-me dentro do carro o que valia era que naquele tempo era fácil estacionar e o trânsito não era muito. Eu só me lembro de ir na bisga até casa da minha mãe que já estava preparada e só me perguntou sabes que horas são? Respondi-lhe de imediato sei sim mãe, vou já tomar banho, diz-me ela, ainda vais tomar banho, então o casamento é às 17 horas e já são horas, vais chegar atrasado, a minha resposta não se fez esperar, aquilo nunca começa a horas. Convém aclarar aqui que casei pelo civil e o notário ia a casa e não esperava.

Despachei-me o mais rapidamente possível meti a minha mãe no carro e ala que se faz tarde, a minha sorte foi que a noiva estava atrasada, onde decorria o casamento existiam garrafas de Martin’s de 20 anos e rapaziada vá de me desafiar para beber mais umas garrafas, o que eu sei é que elas acabaram, a noiva estava atrasada e o conservador do registo também.

Quando os elementos que faltavam para casar pelo registo civil, eu já estava por tudo e assinava tudo o que me pusessem há minha frente.

De tal modo que como vocês sabem é preciso dizer o “sim” e eu não dizia o que queriam proferia a palavra “aceito”, sei que tiveram que repetir esta parte pelo menos duas vezes porque eu já só estava voltado para o “aceito” e não para o “sim” e depois irritou-me porque é que tinha que dizer que sim se o aceito significava a mesma coisa e quando embirram comigo faço tudo ao contrário do que querem foi o que aconteceu por duas vezes até que há terceira, lá proferi o “sim”.

Não sei se sabem mas quando se casa em casa tem que se abrir a porta da rua, mandavam ou mandam os ditames do registo civil, quando a conservadora mandou abrir a porta da rua eu só pensei o que é que vai acontecer agora, vem alguém que eu não conheça ou vai haver variedades, desconhecia este procedimento, tinha que única e exclusivamente abrir a porta da rua sendo uma cerimónia pública a mesma deveria estar aberta.

Seguiu-se o copo de água e eu que já estava com os níveis a transbordar joguei há defesa e protegi-me, porque mais um passo mal dado e era o fim da picada, isto acabou lá para as 2 da manhã ou mais, porque nestas situações eu perco a noção do tempo e de tudo e lá fomos para a casa onde decidimos ir morar e já tínhamos colocado o indispensável e necessário para podermos viver com dignidade.

Aqui convém aclarar que eu só casei aos 27 anos porque sempre defendi a teoria de casamento, apartamento, isto é duas pessoas não se casam e vão viver para casa dos pais de um ou de outro, quando as pessoas se casam são para viver sozinhas pensava eu e penso, porque isto de ir viver com os pais de um ou de outro dá sempre mal resultado e um casal precisa de ter o seu espaço, as suas discussões, as suas cumplicidades, o saber e aprender a fazer a gestão dos dinheiros que são gastos, sem que ninguém se intrometa, porque isto de ter os pais a ajudar é muito bom mas dá mal resultado, esta é a minha forma de pensar.

Sei que nos dias de hoje não é fácil concretizar o que escrevi, mas continuo a defender a mesma teoria, se os pais quiserem ajudar é outra coisa agora estarem a viver sempre no mesmo espaço, para o meu feitio, forma de ser e de estar não dá, porque eu gosto de dar razão a quem a tem não sou imparcial como oiço dizer, porque entendo que ninguém é imparcial, ou se gosta mais de uma coisa ou se gosta mais de outra isto de ser imparcial ou neutro é-me difícil aceitar.

Sim este foi a forma como o dia do meu casamento decorreu, atribulado mas foi assim……….

Henrique Pratas

 

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome