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HISTÓRIAS – XIX

31-05-2019 - Henrique Pratas

Num dos belos dias de Verão passados na aldeia dos meus avós, Arripiado, eu e um primo meu decidimos como era costume ir dormir às praias, este é o nome que se dá às terras onde se faz o cultivo de muitos alimentos e onde se plantam as diferentes árvores de fruto.

Munimo-nos das nossas pressão de ar, de um plástico e de umas “ratoeiras” um pouco maiores e com uma pressão significativa. Preparámos todo este material durante o dia e há noite lá fomos nós a caminho das praias dos nossos avós. Como lhes escrevi era Verão não fazia frio, mas lá existe sempre uma humidade durante o período da noite.

Começámos por apanhar uns passarinhos no local onde eles dormem, nada mais fácil do que colocar uma lanterna com um íman no cano da pressão de ar e assim que se aponta a luz para eles, não se mexem mais e é só ter boa pontaria e rapidamente se faz uma boa colheita, e assim foi, mas a parte mais difícil desta “investida” estava para vir e que era colocar as designadas “ratoeiras” que tinham que ser montadas pelos dois tal era a força das molas, que faziam o efeito de guilhotina.

Normalmente para apanhar coelhos colocávamo-nas junto aos salgueiros perto do rio Tejo, local onde eles iam fazer as suas necessidades e pernoitar.

As “ratoeiras” eram colocadas com preceito e bem camufladas para que surtissem efeito, primeiro arranjávamos o terreno onde as iriamos colocar depois cada abria as duas partes que compunham a mesma e finalmente já devidamente armadas era cobertas por terra, galhos das árvores e pasto para que não se notasse que naqueles locais estaria qualquer coisa de estranho e afastávamo-nos para o local onde pernoitávamos com o dito plástico colocado no chão devido há humidade que se fazia sentir e esperávamos que amanhece para ir ver se a coleta tinha produzido algum efeito, raro era o dia que não “colhíamos” nada. Mas durante o tempo de espera falávamos sempre um com o outro e a nossa grande preocupação era quando é que iriamos encontrar o guarda venal, com a perna ou outro membro entalado no equipamento que colocávamos para apanhar os coelhos, como lhes escrevi anteriormente a dita “ratoeira” tinha que ser aberta pelos dois, cada um abria uma das partes e a força era mais do que muita, se por azar o guarda venal passasse por aquelas zonas não iria ficar bem tratado de certeza, mas a vontade e a aventura criava em nós a vontade de fazermos esta atividade muitas das vezes dava-mos o que apanhávamos a outras pessoas não os consumíamos.

Ora como eu escrevia a nossa conversa quando realizávamos este tipo de atividade era o que faríamos se em vez do coelho ou coelhos lá estivesse preso o guarda venal. Não sabíamos que fazer, um de nós defendia que o devíamos ajudar outro dizia que não porque ele podia suspeitar que tínhamos sido nós que tínhamos colocado as “ratoeiras” e estávamos tramados, as noites eram passadas nisto.

Alvorada cedo fazíamos uma aproximação ao local muito cuidada para podermos verificar e ter a certeza que o guarda venal não andava por perto ou que não tinha ficado preso só depois de um reconhecimento muito bem feito e sem ninguém por perto nos aproximávamos para recolher o “produto” da armadilha montada e a mesma, colocadas em sacas de sarapilheira, para que ninguém visse o “material” quera transportado pelo meio das árvores de fruto e milheirais, semeados e que bastante jeito nos davam, para passarmos incólumes a toda esta encenação, independentemente de por vezes encontrarmos alguns agricultores que já se encontravam nos locais por onde passávamos e achavam muito estranho o que andávamos por ali a fazer e foram muito as questões que nos colocavam e nós evasivamente lá íamos respondendo por forma a salvar a honra do convento. Nós utilizávamos muitas vezes os terrenos dos meus avós para que as perguntem não surgissem e porque eu sabia a que horas eles chegavam e controlava a situação para que não ocorressem encontros não desejados. Mas há sempre um dia em que as coisas não correm bem e num desses belos dias os meus avós vieram mais cedo do que era esperado e fomos apanhados com a boca na botija e de forma sagaz eles ouviram as explicações que lhes demos mas não acreditaram em nada do que lhe dissemos e apenas nos disseram para termos cuidado para o que andávamos a fazer.

E com isto disseram-nos tudo ou praticamente tudo, sem que tivessem verbalizado o que quer que fosse.

Para ilustrar as armadilhas que utilizávamos ilustro com a foto que coloco a seguir, as que utilizávamos eram de maior dimensão do que a que a maior que figura na imagem.

Henrique Pratas

 

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