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HISTÓRIAS – VI

22-02-2019 - Henrique Pratas

Como lhes contei na minha história anterior eu tive uma fase dos 7 aos 14 anos em que resolvia tudo à pancada.

Isto para quem andou no ciclo preparatório logo a seguir a fazer a 4.ª classe os meninos e as meninas tinham o Ciclo Preparatório (2 anos) como ante câmara de preparação para a entrada no Liceu os nas Escolas Técnicas.

Eu frequentei a Nuno Gonçalves e tive vários episódios com amigos e companheiros meus um deles decorreu numa aula de Desenho, cadeira que pura e simplesmente detetava, porque desenhávamos sempre à vista e não vendo os objetos e no desenho geométrico lá me safava.

Mas num famoso dia em que nós desenhávamos os sólidos geometricamente e a seguir passávamos-lhe com o tira linhas para que o mesmo ficasse perfeitamente definido e sem se poder apagar. Aliás primeiro desenhávamos os sólidos com régua, esquadro e compasso e depois é que executávamos a tarefa que lhes descrevi. Eu tinha acabado de fazer tudo muito bem feitinho, o professor que vagueava entre os alunos até me teceu um elogio que estava tudo muito bem feito, eu fiquei todo contente e com maior ânimo para passar à fase seguinte que era encher as linhas com o tira linhas, que se molhava num tinteiro normalmente em cor preta e deixava o trabalho num brinco.

Quando este trabalho minucioso estava a decorrer na velocidade de cruzeiro que para mim era muito lenta porque quando faço alguma coisa gosto de ser perfeito, apesar de não gostar o que estava a fazer, há um companheiro e amigo meu que estava a usar a carteira atrás de mim, dá-me um piparote no braço que foi o suficiente para que os desenhos dos sólidos ficassem seriamente comprometidos, a minha vontade para fazer tudo de novo não era nenhuma a minha indignação era enorme, estava tudo a correr bem e o sacana do gajo tramou-me o trabalho, peguei no guache preto e no godet que utilizávamos para fazer as pinturas, dissolvi a cor com água e só me lembro que pintei a folha onde os sólidos estavam desenhados e pintei-a toda de preto, imaginam o que é uma folha A4 toda pintada de preto, não disse nada a ninguém e sem que ninguém desse pelos meus movimentos, rapidamente espetei com o papel todo pintado de preto do meu companheiro e amigo de escola. Obviamente que o professor deu por isso e consequência do meu ato os dois para a rua. O meu amigo e companheiro, disse-me ao sairmos da sala de aulas, “ainda bem que fizeste isso porque não me apetecia nada estar ali dentro” e eu respondi-lhe pois é meu sacana podias-me ter dito que eu arranjava outra maneira de sairmos da sala de aulas, agora estragaste-me o desenho e eu vou ter que fazer aquilo tudo de novo, era a minha obrigação. Ele, muito rapidamente volta-se para mim e diz-me não, quem vai fazer o desenho por ti sou eu, porque fui eu que provoquei a situação, mas agora vamos é comer umas bolas de Berlim, que eram bem boas e depois fomos jogar à bola que era o que queríamos ambos.

Um outro episódio passado nesta minha fase foi a de um colega nosso, que apenas estudava não brincava connosco, só marrava como nós dizíamos e era um chato porque respondia a tudo a que os professores respondiam, mas não tinha vida para além do marrar e ir para casa e responder aos professores acertadamente, para a maioria de nós aquilo era um comportamento incomum, porque jogávamos à bola, corríamos, saltávamos, pintávamos a manta e aquela alminha agarrada aos livros e parado.

Um belo dia eu chateei-me com aquele tipo de comportamento e decidi ir atrás dele até à casa onde ele morava sempre a atirar-lhe pedras, para ver se ele reagia. Ele era anafadinho e conseguiu ignorar tudo o que eu lhe fiz até ele chegar a casa. Não me preocupei mais com a assunto, mas depois de eu ter chegado a casa uns instantes depois tocam à porta, a minha foi abrir era ele que se fazia acompanhar com a sua mãe a fazer queixas há minha mãe do que eu lhe tinha feito.

Eu vi a coisa preta mas quando a minha mãe me perguntou se eu tinha feito aquilo que me acusavam, lembro-me que lhe respondi sem hesitar, “ achas que o teu filho fazia uma coisa dessas”, ela acreditou em mim e eu não sofri quaisquer tipo de consequências.

Henrique Pratas

 

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