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Uma aventura no Hospital

21-03-2014 - Francisco Pereira

Acordei literalmente com a pulga atrás da orelha, primeiro porque o ouvido estava tapado e zumbia horrivelmente, depois porque a dor que sorrateiramente se instalava fazia prever o pior, uma malfadada otite.

Consultado, foi posto aos antibióticos da praxe, como tivesse esgotado a toma dos ditos compostos sem que o problema auricular me largasse, decidi recorrer aos préstimos dos cuidados hospitalares do Serviço nacional de saúde, feita a ficha, lá segui para a colocação da pulseira, e pacientemente aguardei entre tossidelas, espirros e suspiros.

Uma voz cava e roufenha lá clamou por mim, quase imperceptível. Lá fui passei o Hades daquelas portas e dirigi-me a um gabinete, eram pouco mais de 16 horas de uma boa tarde, não chovia e até estava um Sol muito agradável, entrei, o homem mirou-me, por incrível que parece era educado, por vezes apanham-se por lá umas bestas quadrúpedes que só visto, mas aquele não, pessoa educada e atencioso.

Apresentei as minhas queixas, o homem encolheu os ombros e olhando para um quadro branco ao seu lado replicou.

- Olhe, o otorrino da manhã não veio, o da tarde foi-se embora, e eu sou de clínica geral e nem instrumentos tenho para lhe observar o ouvido… – murmurei qualquer coisa, e o homem prosseguiu – eu peço desculpa mas é o que temos cá…mas se quiser peço uma ambulância e vai até Santa Maria – rematou à laia de solução.

Agradeci a oferta, cumprimentei o médico e saí, dirigi-me ao guiché e paguei 18 Euros, sim (Dezoito Euros), o único acto médico que me fizeram foi medir a temperatura e chegar à conclusão que não tinha febre. Voltei para casa. Não reclamei porque, isso pressupunha que iria detido, pois a minha reclamação iria ser bruta e mal-educada, como estava num hospital do SNS, decidi pura e simplesmente vir embora.

Ao desconhecedor leitos, direi que não, não vivo em Albornozes de Baixo, no sopé da Serra do Vai-a-ele, na ilustre província de Lá pra trás das Serras. Habito uma aldeola insalubre feita cidade, a meros 50 quilómetros em linha recta do fero Atlântico, distando uns singelos 80 quilómetros da capital do reino da fantasia, morasse eu, em Albornozes de Baixo, até acharia normal, que os senhores doutores do SNS se estejam positivamente a cagar para os doentes e que a única solução seja mobilizar uma ambulância, recurso que pode fazer falta para ocorrências mais graves, com os elevados custos que acarreta para transportar um doente com uma otite, para um outro hospital, dado que no hospital da área de residência os otorrinolaringologistas se evaporaram por artes mágicas, que também poderemos classificar de pura incompetência.

Foi assim a minha aventura num hospital do SNS, uma igual a milhares de outras, o SNS funciona mal e funciona bem de acordo com o profissionalismo e decência de quem lá trabalha, sabendo nós que o corporativismo barroco ainda domina a área da saúde, estamos conversados. Vou ver se isto passa com copos de tinto!

Francisco Pereira

 

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