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VERDADEIROS FILHOS DA DITA…

19-10-2018 - Henrique Pratas

Já há uns tempos que vos ando para partilhar convosco uma situação que ocorreu com um amigo meu, mas só agora ele me deu autorização que passasse para o papel a sua história e por esse motivo o faço para poderem verificar o quanto são cruéis as relações entre as pessoas.

Tentando sucinto e preservando a imagem do meu amigo, ele casou-se com uma jovem, que em entender dos seus amigos mais pertos era a pior das raparigas/mulheres par o fazer mas como ele é uma pessoa de princípios e de valores embicou para ali e foi com ela que casou. Isto porque vos quero dizer que começou a envolver-se com a família e alguns dos familiares tratavam-no muito bem. Ora como era um rapaz de princípios sentia-se agarrado e apesar de por mais de uma vez querer saltar fora da carroça, ela lá vinha ter com ele lavada em lágrimas para não lhe fazer isso.

Estiveram casados cerca de 30 anos, uma vida, tiveram dois filhos e garanto-lhes que durante período ele foi pai e mãe ao mesmo tempo, só não o foi para ter as crianças. Crianças estas que ele deu de comer, mudou a fralda fez tudo o que lhe cabia a ele e supostamente á mãe, pois ela era mulher sem iniciativa ou fez-se passar por isso.

Ao tempo a licença de maternidade era de apenas 3 meses, passado esse período de tempo havia que arranjar alguém para tomar conta das crianças, porque como sabem o dinheiro não cai da telha e os pais tinham que trabalhar. Ele como queria o melhor para os filhos foi ver muitos infantários, em alguns nem sequer entrou à porta para dentro, bastou-lhe ver o ar e aspeto do local, até que selecionou dois um deles tinha uma escada muito ingreme o outro era mais caro mas dava-lhe outras garantias, tinha um ar mais saudável e via-se que ali havia afetos e profissionalismo, mas era o mais caro como lhes escrevi, uma vez mais foi esse meu amigo que tomou a decisão, ter-se-ia que economizar noutras coisas para que os meninos pudessem ter uma educação como ele imaginava e pretendia.

Quero-vos dizer que outra das vantagens era de eles poderem permanecer nesse Colégio até ao 12.º ano, situação que esse meu amigo via com muitos bons olhos.

Os meninos foram crescendo sempre com o apoio desse meu amigo em tudo, pois queria o melhor par os filhos e não se negava a esforços para que os filhos tivessem tudo.

Chegou o ensino básico ou a primária como queiram e eles passaram para essa fase da vida sempre com o pai a acompanhá-los em tudo, a trabalhar que nem um desalmado para que nada lhes faltasse e as coisas foram evoluindo até que esse meu amigo atingiu uma posição de relevo numa organização, onde era muito bem remunerado e considerado e para além disso aos fins de semana, a começar nas sextas às 19h30m até domingo às 13 horas ia dar formação fora da cidade de Lisboa, pois pagavam-lhe 22.000$00 escudos à hora, com as despesas de alimentação, dormida, quilómetros pagos à parte, digamos o valor das horas dadas em formação eram “bife do lombo”. Este meu amigo, como já andava cansado pois durante a semana trabalhava das 7h da manhã até às horas que fossem necessárias e aos fins de semana com este carrego todo, atreveu-se a sugerir à mãe dos meninos se ela não queria dar umas horas por ele, a resposta não demorou faz tu que tens mais jeito e o camelo aguentou tudo o que possam imaginar e o que não imaginam, aguentou-se até que um dos filhos terminasse a Faculdade e o outro entrasse. No meio deste processo existem umas peripécias que não vos quero deixar de contar um dia a filha às 10 horas da noite abeirou-se da porta do quarto onde o pai já estava deitado a chorar, porque necessitava de um computador portátil que não tinha para fazer um trabalho, o pai burro e estúpido, levanta-se veste-se e vai a um Centro Comercial que ainda estava aberto àquela hora e compra-lhe o computador portátil que ela pretendia e reunia as condições para que a sua filha pudesse estudar e trabalhar, com todas as condições, entretanto quando chegam a casa mãe diz para o pai, “ah, se fosse comigo eu não lhe fazia essa vontade….”. Esse meu amigo ficou “porco”, como se diz em linguagem corrente mas, como não era a primeira vez que ela o fazia e tecia estes comentários cagou, aliás eu acho que ele já tinha entrado numa fase em que se estava a borrifar para o que ela dizia ou fazia, o objetivo dele era os filhos entrarem para o ensino superior, para terem uma enxada, o resto já não lhe dizia nada.

Entretanto, já cansado de tanto fazer, tomar conta dos filhos, ir às compras, aos sábados de manhã ao abrir da praça lá estava ele para comprar os alimentos mais frescos e saudáveis para os meninos e muitas das vezes era ele que os cozinhava, convém aqui recordar que ao tempo asa fraldas descartáveis eram muito caras e como o dinheiro não abundava, utilizavam-se as fraldas de pano conhecidas de todos vós, que tinham que ser lavadas depois de utilizadas e passadas a ferro para não ficaram tão ásperas, e quando os seus filhos eram bebés, num dias recorda-me ele que esteve a engomar fraldas até fazer bolhas nas mãos.

O meu amigo foi sempre o das iniciativas tudo o que se fazia era da sua iniciativa desde a coisa mais elementar até à mais complexa, era ele que marcava as férias enfim fazia tudo, isto como vos escrevi durou ou “aguentou-se” durante quase 30 anos da sua vida.

Aconteceram mais peripécias que agora não importa descrever mas, ressalto mais uma era ele que marcava as consultas médicas para as crianças, para a mãe das mesmas chegando ao ponto de ter que ser a comprar-lhe a roupa interior que ela usava.

Encurtando razões e não entrando em mais detalhes as crianças cresceram e veio a fase em que já gostavam de sair com os amigos e não com os pais, aí o meu amigo que gostava muito de ir para uma Pousada que já não existe, para fazer o descanso do guerreiro e como a mãe das crianças nunca estava disponível para ir ele começou a ir sozinho, foi uma, foi duas e assim sucessivamente e foi aí que se apercebeu que o seu casamento nunca tinha existido ou por outra ele já se tinha apercebido do erro que tinha cometido, mas como havia as crianças ainda foi por duas ou três vezes a casa dos seus pais e recebeu como resposta aquilo que vocês todos conhecem e que é uso dizer-se por essas zonas ribatejanas “ eu não te mandei casar”. Ora perante isto, o meu amigo não sentia apoio e tinha que percorrer o resto das pedras quentes o que fez até ao momento em que só poderia acontecer a rutura completa, porque as duas vidas eram completamente diferentes, foi aí que ele provou daquilo que qualquer homem não gosta de provar, a chantagem, a arrogância, a má criação, por outras palavras o que facto as pessoas são ou eram e aí assistiu a coisas que nunca lhe passaram pela cabeça. Curiosamente neste processo todo e para verem como é que as pessoas são manipuladoras, a mãe das crianças e as próprias que raramente visitavam a avó paterna, porque ela não queria, depois da separação passaram a visitá-la com maior regularidade, isto obviamente com interesses por detrás.

O casamento terminou, o meu amigo nunca mais viu os filhos, porque a mãe para os atrair para o seu lado fez-lhes todas as cedências e eles pura e simplesmente não querem saber do pai, não o procuram, não lhe telefonam, nada rigorosamente nada, apenas estão interessados no pequeno património que o meu amigo possa possuir como consequência da herança por morte dos seus pais.

Numa altura em que se discute tanto na praça pública a violência doméstica eu partilho esta história de vida convosco para vos chamar para a violência que é exercida através da coação psicológica que eu não vos quero escrever qual delas é a mais marcante e para vos alertar de onde não se esperam é que veem as maiores surpresas, de uma mosca morta que não possuía iniciativa para nada, nem sequer para tomar conta dos filhos, surge um monstro sem princípios ou valores de espécie alguma e que por vezes vivemos com pessoas que nunca chegamos a conhecer.

As relações entre as pessoas são muito complexas quando estas não são bem formadas ou são influenciáveis por alguém, por causa disto e de outras situações que conheço recuso-me a emitir juízos de valores,” porque quem sabe o que vai no Convento é quem está lá dentro”, isto para quem está de fora poderá ser de fácil análise, mas não o é e o que eu gostava de vos transmitir é que estejam atentos aos sinais dos vossos filhos, netos ou amigos que estejam a passar por uma situação semelhante, ouçam-nos e não caiam na tentação de lhes dizer o que devem e não devem fazer, deem-lhes apenas pistas e deixem que sejam eles a tomar as decisões que entenderem por bem tomar, sublinho o mínimo que podem fazer é ouvi-los, isto ás vezes é melhor que podemos fazer e é como costumo dizer meia cura, pegando no exemplo dos queijos.

Este tipo de episódios ocorrem no núcleo mais importante que entendo deva existir numa sociedade, que é a família, imaginem o que se passa fora dele a avaliar pelo que acabei de vos descrever.

Henrique Pratas

 

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