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AS NOVAS TECNOLOGIAS

06-07-2018 - Henrique Pratas

As novas tecnologias trouxeram-nos, decerto algumas vantagens, mas não deixaram de s trazer também o que de pior existem nelas, explicitando melhor, se por um lado em algumas áreas da medicina, da defesa, da educação e dos métodos de trabalho elas introduziram benefícios significativos noutros aspetos não.

Escrevo-lhes sobre as formas das pessoas se relacionarem entre si, seja ao novel da amizade, de um simples diálogo ou até de uma relação amorosa, hoje estas relações não são uma relação a dois, são uma relação a três porque há que considerar o telemóvel, ou iphone ou qualquer outro instrumento de comunicação.

As pessoas deixaram de agir entre elas, fazem-no utilizando meios de comunicação que já enunciei, falta-lhes o olhar, a expressão o estar próximo, sentir o que os outros pensam através das expressões que fazem durante um diálogo e isto em meu entender é um retrocesso enorme. Se pretendemos tratar de qualquer assunto que nos diga respeito o mesmo é tratado via telefone, por correio eletrónico ou outra forma de comunicação que afasta as pessoas umas das outras, será isto um sinal de progresso? Concomitantemente surgem a par destas situação os computadores onde as pessoas fazem quase tudo ou praticamente tudo, utilizando o corretor de texto para verificarem os erros que cometeram e assim lá sai um texto sem erros, quando não existem palavras que estejam bem escritas mas com significados completamente diferentes, será isto um avanço tecnológico? A mesma coisa para as folhas de cálculo onde qualquer pessoa desprovida do mais elementar raciocínio de cálculo, elabora as mais complicadas operações matemáticas e eu questiono, será este mais um sinal de avanço tecnológico?

Não sou tão retrógrado de afirmar que estas não são ferramentas de trabalho muito úteis, mas entendo que em primeiro lugar estão os afetos, o diálogo ao vivo e a cores sem qualquer intermediário eletrónico, corremos o risco, por excesso de chegar o dia em que as pessoas não conseguem interagir entre elas e isto para mim é básico, a sociedade tornar-se-á um elemento abstrato onde a fator tecnológico se tornará primordial em detrimento da intervenção humana com todas as consequências, porque entendo que os seres humanos têm uma capacidade de imaginação, de argumentação e de pensamento que os mais avançados instrumentos tecnológicos não têm.

O que querem por em causa em meu entender é a condição humana, sem ter em consideração que existem diferentes níveis de desenvolvimento, temos pessoas que têm acesso a todas as novas tecnologias e aquelas, provavelmente mais felizes, que não têm acesso de todo a esses instrumentos.

Os equipamentos tecnológicos que decorreram das novas invenções servem, em meu entender para facilitar a vida aos seres humanos, não para que estes sejam escravos destes, se assim for estamos a inverter os papéis, é o seu humano que, concebe, desenvolve, constrói, experimenta as novas tecnologias e não o contrário, por isso o primado do ser humano sobre as novas tecnologias.

À guisa de me socorrer há vossa memória recordam-se como eram namorar na idade em que a aproximação por uma rapariga ou mulher de quem gostávamos se fazia, dava muito “trabalhinho”, muito tempo de espera, muitas vezes à distância e outras à janela, hoje é tudo muito mais fácil desde que exista um aparelho de comunicações móveis.

Volto à minha nem tanto ao mar nem tanto à terra há que ter meio-termo em tudo, quando se utiliza o meio de comunicação móvel as pessoas nunca se chegam a conhecer na realidade, porque a relação não é a dois mas sim a três e os afetos onde é que ficam, os seremos tão redutores que as relações se limitam a uma breve conversa e passados uns instantes estão numa alcova, e a troca de afetos, carinho, conversa, troca de ideias, manifestação de vontades onde é que ficam, sim porque tanto quanto sei as pessoas são compostas de afetos, troca de ideias, de discórdias, de encontros e desencontros a todos os níveis, por isso é que o ser humano racional se distingue do ser animal.

Temo que nos queiram empurrar para uma sociedade cada vez mais desumanizada em que estes elementos básicos que vos descrevi se sobrepõem aos resultantes do desenvolvimento tecnológico, por mim recuso-me a isso e não fora considerar que um meio de comunicação móvel é instrumento que me pode ser útil em qualquer momento de aflição, que os temos todos, já me tinha liberto desse objeto que considero pernicioso e que tantas dores de cabeça nos dá com as operadoras nestas áreas a imporem-nos períodos de fidelização por dá cá aquela palha sem que para isso os consumidores sejam devidamente informados, estamos numa era de negociatas e tudo é passível de ser negociado desde que tenha poder para o fazer, o consumidor ficar tem que se sujeitar às “regras de mercado” que pomposamente lhe chamam a luminárias deste País.

A aberração é tanta que em algumas Unidades de Saúde que eu conheço na área da grande Lisboa, não existe papel, lápis ou borrachas, querem fazer tudo digitalmente o médico prescreve o receituário por via eletrónica e o utente recebe no seu equipamento móvel só que se esquecem que temos uma população envelhecida e que alguns não têm este tipo de equipamento e alguns que os tem não sabe como ler as mensagens que lhe entram na caixa de correio, para já falar nas zonas do País onde a cobertura de rede não é feita convenientemente e pura e simplesmente a rede de telecomunicações não funciona. Muitos mais casos existiam por relatar fico-me por este e questiono se os políticos que afirmam que querem desenvolver o interior têm conhecimento destas realidades ou se apenas falam de cor ou alguém lhes disse que era “bonito” colocar este tema na ordem do dia.

Como diz um amigo meu “ a tecnologia avança de tal maneira que acabamos todos a apanhar no traseiro”.

É isto que querem não contem comigo.

Henrique Pratas

 

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