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Que tristeza

21-02-2014 - Francisco Pereira

Ladino o petiz entrou, largou um daqueles sorrisos, ao qual nem mesmo as criaturas mais empedernidas como eu resistem. Depois de algumas daquelas perguntas de circunstância atiramos-lhe o já estafado …então e a escola?

-Hoje não foi à escolinha! – dita a progenitora, só o termo “escolinha” é por si só irritante, o que seguiu foi ainda mais do mesmo.

- Por enquanto não faz mal faltar, não é filho? – continuou a cândida criatura, o petiz encolheu os ombros e riu, achei o momento indicado para meter a minha colherada, antes o não tivesse feito e poupar-me-ia esta angústia. Olhei para o miúdo e retorqui, «tens de dizer à mãe que a Pré é dos níveis de ensino mais importantes».

- Ah nem por isso – continuou ela – eles não aprendem lá nada, dantes ainda aprendia a escrever, agora acho que é proibido! – Retorqui que esse não é o objectivo do nível do Pré-escolar, por isso se chama Pré-escolar. Falei-lhe do treino da motricidade, das regras essenciais para estar numa sala, no começo da disciplina para ser um aluno, enfim e nas mil e uma coisas que se ensino no pré-escolar, que quando bem feitas, bem assimiladas e encorajadas em casa com bons exemplos produzem, alunos e cidadãos de qualidade, ia continuar a explicar outras realidades, mas desisti…

De nada valeria, estar ali a arengar à pobre criatura, dado que ela já tem na sua cabeça perfeitamente estruturado o que acredita ser a “escolinha”, é aquele sítio onde ela larga o fedelho e durante umas horas vai à sua vida, de resto fazem uns bonecos e uns trabalhinhos muito giros cheios de cores, que as mais das vezes não são eles que fazem, é o tal “show of” em que caiu a Educação à portuguesa, pelo meio há umas festarolas labregas, desfiles de Carnaval, incentivos ao consumismo com os dias das bruxas, dos namorados e outras típicas manifestações de indigentes intelectuais e é isso a pré escola para a grande massa néscia dos papás babados.

É uma realidade muito triste, mas atendendo ao resto até se lhes consegue perdoar a ignorância, o pior é que essa realidade de menosprezo vem de dentro, vem dos Ministérios, vem dos mangas de alpaca que dirigem as escolas, e vem de professores de outros níveis de ensino, num perfeito exemplo de generalizada falta de intelecto, trabalha-se para o brilharete, para a festarola parola e para os pais, trabalha-se e gastam-se recursos preciosos em minudências sem nexo, trabalha-se para a ilusão para o artificial para as inspecções da educação, essas coisas inenarráveis que inspeccionam muito pouco, em suma trabalha-se para toda a gente excepto para aqueles para quem se devia trabalhar que são as crianças.

Agrupamentos há, para os quais é uma chatice terem de gramar com salas do pré-escolar, com estas atitudes néscias, não admira pois que a Educação em Portugal, esteja na triste figura que está!

Francisco Pereira

 

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