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O rio Tejo está "praticamente morto" em Espanha e em Portugal, já cheira mal

17-11-2017 - Henrique Pratas

Se em Espanha já cheira mal o rio Tejo quando chegar às nossas zonas então vai ser um cheiro insuportável, tendo em consideração o contributo que as empresas de celulose dão para que isto aconteça e sem que ninguém as penalize pelos atentados ao ambiente que têm causado.

Em Castela-La Mancha, uma das quatro regiões espanholas atravessadas pelo Tejo, denunciou a qualidade duvidosa da água do rio, "praticamente morto", afetado pela mais grave seca dos últimos anos e vítima da política de transvases para as regiões do sudoeste de Espanha, que vivem da agricultura intensiva.

Segundo a Confederação Hidrográfica do Tejo, as reservas de água caíram para 282 hectómetros cúbicos, o que equivale a 11,8% da capacidade total de armazenamento da bacia de Entrepenas e Buenia, na cabeceira do Tejo, que na última semana perdeu 3,8 hectómetros cúbicos de água.

"Não há água", lamentou a conselheira das Finanças de Castela-La Mancha, Augustina García Élez. "Os pântanos estão numa situação alarmante", acrescentou, citada pelo jornal "La Vanguardia", antes de uma reunião com a ministra espanhola da Agricultura, Isabel García Tejerina.

"Há 30 anos, tínhamos belas praias fluviais e as crianças banhavam-se nas águas", lembrou Rosa Prieto, da associação espanhola Rio Tejo Vivo, "Agora está tudo perdido", acrescentou, desolada com a lama que inunda o rio.

Um eurodeputado do PSOE, sublinhou que o Tejo está "degradado e esgotado pelo saque brutal que sofre na forma de transvases, especialmente nos últimos anos" e considerou necessário mudar o modelo de gestão de recursos hídricos em Espanha para garantir a sustentabilidade ambiental daquele rio.

Numa carta enviada ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o eurodeputado socialista pede que seja modificado o planeamento hidrológico do Tejo e que se encontrem alternativas para os transvases, ante o "estado terrível" das reservas da bacia de Entrepenas e Buenia.

Engenheiros do governo regional, falam de eutrofização para definir o processo de degradação das águas do rio Tejo, que se traduzem em odores, margens apodrecidas e na presença de algas nocivas e espumas tóxicas.

"O terrível estado dos pântanos está a ter as consequências para a bacia do Tejo Médio, como espumas em Toledo, ou pragas de insetos e bolsas de algas na região de Talavera. Tudo consequências do aumento das temperaturas, da estagnação das águas e, portanto, da ausência de caudal", concluiu Gutiérrez.

Do lado português também já cheira mal

Do lado português da fronteira, já se sentem esses efeitos da fragilidade do caudal do Tejo. A Câmara de Nisa, Portalegre, exigiu, terça-feira, ao Governo medidas de combate à poluição do rio Tejo, alertando que desenvolveu recentemente ações de recolha de peixes mortos junto à Central Hidroelétrica da Velada. Também por causa das celuloses do lado português e das descargas que têm sido sucessivamente denunciadas pelos movimentos de defesa do Tejo.

"Exigimos e defendemos, junto das autoridades competentes, medidas realmente efetivas e duradouras de combate à grave poluição que afeta o rio Tejo, porque a sustentabilidade do nosso território e das comunidades que nele habitam só se coaduna com um rio vivido e com vida, em toda a sua plenitude", lê-se num comunicado publicado na página do município na Internet.

A autarquia informa que enviou, "no início do mês de novembro", um ofício ao ministro do Ambiente alertando a tutela para a necessidade de se proceder à "construção de uma solução válida, duradoura e sustentável" para elevar o rio Tejo. Texto publicado dois dias depois da visita do ministro do ambiente a Vila Velha de Rodão e Nisa.

"Aquilo que vi foi um rio que, não tendo nenhum problema aparente de poluição - não havia peixes mortos -, tinha menos água do que a expectativa", afirmou o ministro responsável por esta área.

Negociar com Espanha

Segundo referiu o governante, era visível, no domingo, "que a água era mesmo pouca, apesar de Espanha cumprir a Convenção de Albufeira". Para enfrentar a poluição, além de intensificar os mecanismos de fiscalização naquela zona, realçou, é necessário aumentar a quantidade de oxigénio que existe naquela massa de água e isso faz-se, sobretudo, com mais água. Por isso, quer negociar com Espanha a medição diária do caudal.

"Temos de tentar tudo para que não seja um número contado à semana, mas sim contado ao dia", ou seja, "ter uma nova obrigação de volume mínimo diário e não de volume semanal", afirmou o ministro.

Como já tinha dito aos deputados na quarta-feira, na discussão do Orçamento do Estado para 2018, o ministro apontou que "não é boa ideia discutir caudais em ano de seca, isso não se faz e Portugal não irá fazer".

"Mas é mesmo importante que haja uma maior continuidade na água que vem de Espanha para Portugal", insistiu.

"Temos de ter uma maior capacidade para gerir aquela massa de água, é isso que não temos tido e, a partir de um conjunto de pequenas decisões que foram ontem no passado domingo, dia 12 de novembro do corrente ano, tomadas internamente e serão tornadas públicas a seu tempo", isso poderá acontecer, acrescentou o ministro, sem concretizar que tipo de ações foram planeadas a partir da visita ao Tejo.

O ministro referiu ainda que não irá mudar o plano de bacia hidrográfica, mas que este permite muitas coisas possam vir a ser feitas.

Do lado de Espanha trabalha-se no sentido de melhorar a qualidade do das águas que alimentam o rio Tejo por cá fazemos planos e os que usufruíram dele, como eu, vamos ao baú das nossa memórias e lembramos do mal e do bom que o mesmo nos proporcionou.

Por mim recordo-me dos tempos em que o rio Tejo inundava os campos de terra onde as pessoas faziam as suas sementeiras e em que esta “invasão” permita adubar os terrenos tornando-os mais rentáveis para quem queria semear nelas qualquer tipo de produto, não posso de me recordar as bogas e dos sargos que lá apanhámos e assámos à lareira de um lagar de azeite na Carregueira, que comíamos deviamente temperados com um molho que eu fazia, utilizando um ramo de salsa para os pincelar com o molho que fazia, utilizando, alho, pimentão, cebola, vinagre e colorau, era um pitéu de comer e chorar por mais, acompanhado obviamente por uma pinga de produção caseira.

Também me recordo dos tempos que no Arripiado o atravessava de um lado várias vezes ao dia, isto nos meus tempos áureos quando tinha 16/17 anos e chegava ao outro lado (Tancos) e me atirava da muralha e voltava de novo para o Arripiado, com a minha avó perfeitamente em pânico, com o receio que me acontecesse alguma coisa.

E falta a parte mais triste que foram a quantidade de militares que morreram no rio no Verão perto do Castelo de Almourol, como é do vosso conhecimento aquela zona é muito quente e os militares para se refrescarem iam para ao rio, este tem as manhosices e como eles não as conheciam caiam como nem tordos, dava pena, uma das vezes fui eu que fui encontrar um deles já morto, procurámos, procurámos e não encontrámos, até que eu me lembrei de espreitar debaixo dos batelões que existiam nos cais de Tancos e do Arripiado, este estava encostado ao cais de Tancos e eu mergulhei e fui encontrar o cadáver na caixa-de-ar que se forma por debaixo do batelão, fiquei perfeitamente revoltado, como é o que o rio o tinha levado para aquele sitio, questionei-me mas nunca obtive resposta, a família agradeceu-me, mas eu nunca mais me esqueci e relevei os agradecimentos o que teria sido importante para mim era que qualquer pessoa tivesse morrido no rio Tejo, mas convenhamos que algumas também prevaricavam e como não o conheciam corriam riscos desnecessários e algumas com consequências trágicas.

Henrique Pratas

 

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