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O DIA DO PAI

24-03-2017 - Henrique Pratas

A propósito do dia do pai lembrei-me de escrever este texto para ilustrar o que assisti e que não passa de mais uma data que nos empurra para o consumismo, pois os pais existem nos 364 dias do ano e não é necessário a meu ver, existir um dia dedicado aos mesmos.

O que eu assisti foi a um dia perfeitamente diabólico, em termos de corridas às lojas para comprar prendas aos pais e avós para festejar o dia do pai, fiquei confuso com o que estava a assistir e recordei-me das palavras de minha mãe dia do pai e da mãe não é só numa data estipulada sabe-se lá por quem.

O que vi foi mau de mais par ser verdade foi uma corrida às lojas para comprar qualquer bugiganga para afirmar que se lembra dos pais, com já referi fiquei atordoado com tanta azáfama, pois não concordo nada com estes dias de eleição, melhor seria que os pais e os avós fossem tratados convenientemente durante os restantes dias do ano, o que sabemos que não acontece, estou a referir-me aos afetos.

Assistimos durante um ano inteiro a pais que são maltratados pelos filhos, a avós que são voltados ao abandono e neste dia não há restaurante que chegue para tanta procura para festejar uma coisa que devia ser prática comum no resto do ano.

Conheço situações em que os filhos só querem saber dos pais enquanto estes têm dinheiro, depois de este se esgotar esquecem rapidamente os mesmos e deixando-nos votados ao abandono, aliás há um ditado que afirma “filho és pai serás” e nesta pequena frase está condensado o que é essencial numa relação de pais e filhos.

Como referi anteriormente, o que assisti ontem foi perfeitamente rocambolesco e inigualável, o cinismo marcou presença filhos que não querem saber dos pais, ontem lembraram-se que tinham pais e como eu costumo dizer o charme discreto da burguesia veio à tona com toda a sua clarividência. Por aqui os restaurantes estiveram cheios, as lojas não tiveram mãos a medir com tanta prenda que os filhos se apressaram a comprar sem conhecerem o que os pais gostam, mas fica bem neste dia oferecer qualquer coisa, perante os restantes cidadãos que compõem a sociedade. A sociedade onde vivemos cria estes estigmas e empurra as pessoas a fazer aquilo que não sentem mas parece bem os olhos dos outros e dá uma imagem daquilo que não corresponde à verdade, mas fica bem o que é que havemos de fazer, andamos a brincar ao faz de conta e a criar ilusões daquilo que que não sentimos.

Eu, infelizmente já não tenho avós nem pais, mas nestes dias nunca lhes dava nada em termos materiais, dava-lhes aquilo que durante o resto do ano era a minha preocupação, ou seja afeto, carinho, e preocupação com o seu bem-estar, alguns de vocês podem achar que sou frio e que sou insensível a estas datas e podem ficar cientes que sou acho que foram criadas por uma questão de moda e de comércio, não tenho nada a ver com isto, tinha 364 dias durante um ano para demonstrar aos meus pais e avós que gostava deles, porque é que havia de concentrar tudo num dia, nunca vou entender esta forma de estar nem farei nenhum esforço para o entender porque não concordo com datas “eleitas” para comemorar o que quer seja, muito menos afetos que conforme já lhes escrevi, mas que nunca é demais repetir existem 364 dias num ano para demonstrar aquilo que sentimos pelos nossos pais e avós, concentrar tudo num dia parece-me abusivo e contranatura.

Eles precisam de nós quando têm problemas quendo estão doentes ou em inferioridade nesta sociedade que teima em tratar mal todos os cidadãos com particular destaque para aqueles que se encontra numa fase da sua vida em que deviam ser tratados com consideração e dignidade, como tal acontece cá estamos nós filhos para dar os corpos às balas e aí sim distinguem-se os bons dos maus filhos, não é apenas num dia que devemos pensar nos nossos pais, ou se quiserem não nos devemos lembrar deles quando estamos apertados financeiramente e nos socorremos deles para colmatar alguns desvarios que cometemos e como os pais, normalmente estão sempre disponíveis para os filhos, lá vão contribuindo, às vezes mais do que aquilo que podem para que os filhos não passem necessidades e muitas das vezes quando os pais ficam sem dinheiro, porque o emprestadaram aos filhos, estes nunca mais se lembram deles anão ser no dia 19 de março, porque querem demonstrar à sociedade aquilo que não são, hipócritas.

Quantos filhos há que despejam os pais num lar e raramente os visitam, porque estes já não têm nada para lhes dar, quantos?

Termino chamando à atenção para um facto e que é o seguinte os pais não são caixas de multibanco, são pessoas que passaram agruras na vida para poder dar uma melhor vida aos filhos, alguns deles nem tiveram tempo para acompanhar o crescimento dos mesmos, mas chegada a idade da reforma, idade em que têm mais disponibilidade tentam recuperar o tempo que não tiveram para os filhos pela razão que escrevi e dedicam o seu tempo aos netos e fazem tudo por eles e muitas das vezes os filhos não têm um pingo de gratidão para com os pais nem fazem o mínimo dos esforços para entenderem o que vos acabei de escrever.

Filhos deste País sejam-no todos os dias do ano e não apenas no dia 19 de março.

Henrique Pratas

 

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