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Episódios da minha vida (5)

10-02-2017 - Henrique Pratas

Tinha eu 18 anos e um belo dia depois de ir levar o meu avô ao Arripiado, após permanência na nossa casa em Lisboa por motivo de doença, na volta de carro e pela estrada que normalmente fazia e por vezes ainda faço hoje, cujo trajeto passa pela Chamusca, Alpiarça, Santarém.

Quando cheguei a Santarém na placa central mesmo em frente à paragem dos autocarros da Rodoviária, pede-me boleia um homem dos seus 60 anos, como ia sozinho e gosto de ser útil parei o carro, abri o vidro e a personagem volta-se para mim e pergunta-me se lhe posso dar boleia para o Cartaxo. Sem mais pergunta nenhuma abri-lhe a porta do carro e em boa hora o fiz, porque aprendi mais um bocadinho.

Pouco depois de arrancar com o carro direito a Lisboa, pela estrada velha como hoje dizemos, o “rapaz” começa-me a contar o motivo de tal deslocação. Sabe eu vivo aqui em Santarém, sou casado, mas tenho uma namorada no Cartaxo. Mas ele estava todo galã pudera ia à procura de passarinho novo. Então mas vai daqui ao Cartaxo, questionei eu parvamente, a resposta não se fez esperar, então eu não lhe disse que era casado e que vivia com a minha mulher em Santarém, ora se eu arranjo aqui alguma “namorada” num curto espaço de tempo toda a gente sabe até a minha mulher e lá vêm os sarilhos e assim não porque ninguém me vê por aqui e mais tarde, logo regresso. Eu pensando, cá para mim, chama-lhe parvo chama, ele era uma pessoa vivida e com muita piada, tanto mais que um pouco mais à frente depois desta primeira conversa volta-se para mim e diz-me: “só ainda não tive relações sexuais com uma freira e com uma cigana, o resto tudo quanto é mulher já marchou tudo”. A freira está bem de ver os motivos e a cigana também, então o senhor já viu se eu sou apanhado pela família fazem-me a folha num instante se não caso com ela. Eu remeti-me ao silêncio e só pensei para comigo isto não poderia acontecer a outra pessoa senão a mim, mas com uma vontade de rir, pois ele contava as aventuras todas com detalhes e situações que lhe ocorreram por causa destas aventuras, que é rir a bandeiras despregadas.

Mas ainda me disse com uma cigana não mas com uma freira não gostava de morrer sem tentar, eu perguntei-lhe como ele respondeu-me secamente que estas artes não se explicam, acontecem quando têm que acontecer e a forma como abordá-la não sei, logo se verá.

Entretanto chegámos à entrada do Cartaxo e o homem pede-me para o deixar ficar ali logo, provavelmente nem queria que eu visse para onde iria, assim fiz.

Agora vocês não imaginam a barrigada de riso que foi o resto da viagem até Lisboa, ao recordar-me das palavras do homem.

Meus caros a vida não é só isto mas também é isto.

Henrique Pratas

 

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