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Episódios da minha vida (3)

27-01-2017 - Henrique Pratas

O que vos pretendo contar passou-se aí em Almeirim, nós eramos amigos que vivíamos no prédio onde morava em Lisboa, um belo dia estando no café e havendo dinheiro para um desvario dos nossos cá o rapaz atreveu-se a sugerir que fossemos ou Toucinho em Almeirim, estas ideias brilhantes eram quase sempre minhas eles eram de Lisboa e não conheciam as coisas boas da vida e como eu gostei de partilhar o que era bom com os outros, fiz a sugestão que foi aprovada por unanimidade e aclamação e rapidamente se pôs em prática.

Nós teríamos 18, 19 anos havia um de nós que já tinha carro e se melhor de pensou melhor se executou, direitinhos que nem um fuso para o Toucinho em Almeirim quando o Toucinho era Toucinho, ficámos na parte onde existiam as lareiras, ainda não havia a parte das mesas e das bifanas. Eu como já conhecia o local, sentei-me à mesa, como ao tempo uma sopa da pedra dava para duas ou três pessoas porque colocavam a terrina de alumínio em cima da mesa e as pessoas serviam-se, bons tempos. Como lhes disse éramos 5 e eu pensei duas terrinas chegam, mentira a rapaziada que não tinha ainda experimentado esta sopinha comeram que nem uns desalmados, ao fim e ao cabo foi uma terrina para cada um, não contentes nem satisfeitos porque nestas idades somos de muito alimento, vá de pedir coelho assado, chouriço assado, costeletas assadas, hoje chamam piano, bifes para todos, bem regado com vinho que eu não vou dizer quanto foi porque considero uma vergonha o que bebemos, na altura existia GNR mas não havia controlo de alcoolémia, sei que nos sentámos à mesa pelas 13h3m e levantámo-nos perto das 17 horas depois de termos comido sobremesa e bebido cafés e respetivo acompanhamento. Como era Verão e estava um dia de Sol maravilhoso, não ficámos por aqui eu como conhecia o Mouchão e havia um do grupo que tinha sido campeão de natação em águas abertas por um clube que me recuso a escrever o nome, fiz esta sugestão de irmos até lá, disse-lhes que havia cavalos bravos e a rapaziada ficou entusiasmada.

Saímos do Toucinho, direitinhos ao Mouchão, nessa altura existia lá um avieiro que vivia perto, tinha já um barco a motor para passar o rio que ali tem uma corrente do arco das velha e nesse dia corria com uma força alto lá com o charuto. Para lá fomos de barco por o avieiro que por ali estava disse que era melhor porque a corrente estava muito forte, para cá diz o campeão de natação, não é preciso porque vimos a nadar e eu trago comigo um ou dois. Eu muito calado, como já conhecia o Tejo só pensei para comigo tá bem abelha, porque quando é assim e depois de comidos e bebidos da maneira como o tínhamos feito o melhor era estar calado.

Chegámos ao Mouchão, houve logo um ou dois que se quiseram armar em campeões e meteram na cabeça que tinham que montar um cavalo que andava por ali à solta, eu para comigo é o montas, mas não disse nada até que o atrevido se chega perto do cavalo e este, penso eu que de propósito deixou que ele se chegasse perto dele ele fez-lhe umas festas e no mesmo momento que tenta saltar-lhe para cima do lombo, ah cavalo dum raio desata aos coices e aos saltos que o atrevido nem sequer chegou a colocar o rabo em cima, voou pelo ar e caiu desamparado bateu com o cadáver no chão e já não quis tentar mais vezes, ficou resolvido o atrevimento.

Andámos por ali, como havia sempre uma bola no carro levámo-la connosco e ainda fizemos uma peladinha até que de nós dá um chuto com força demais e a bola vai parar dentro do rio e desaparece rapidamente, tal era a força da corrente.

Chegou a hora de nos virmos embora, tinha começado a escurecer e estava na hora de levantarmos ferro, o que tinha sido campeão de natação despe-se e atira-se ao rio e começa a nadar, passado um bocado de ter feito o esforço necessário e não conseguir sair do mesmo sitio e ele começar a ficar já cansado, o avieiro que estava do outro lado do rio e vendo a desgraça que estava a ocorrer esperou o tempo necessário e fazendo-se acompanhar por um das filhas, lá se meteu dentro do barco e lá apanhou o “campeão” e a nós que nem sequer nos tínhamos tentado meter dentro de água eu por mim disse logo eu fico aqui.

Com a humildade, a bonomia do avieiro que não deixou de nos dar na cabeça e com razão, contou-nos algumas aflições passados por ele mesmo com a embarcação, coisa que eu já não soubesse, mas como o saber não ocupa lugar, lá ouvi tudo muito atentamente.

Assim que colocámos os pés na outra margem onde tinha ficado o carro, ficámos todos eternamente gratos ao avieiro, mas calados que nem uns ratos, chegados a Samora Correia há um de nós que diz que lhe apetece enguias fritas, ora se um diz os outros acompanhou, onde é que vamos, eu conhecedor de uma tasca em Vila Franca de Xira que fazia umas enguias deliciosas e umas bifanas de comer e chorar por mais, cheguei-me à frente e disse-lhes vamos a um sitio que eu conheço e não houve mais conversa, quando lá chegámos estava aberto, coisa que eu temia, entrámos e saímos porque o dono nos pôs na rua porque a rapaziada estava tão contente e alimentar-se convenientemente que ninguém se lembrava das horas até que o dono disse que não podia estar mais tempo aberto, mas só depois de 1 hora dele ter dito isto é que saímos, porque ele era dono e empregado acumulava as duas funções e a determinada altura também alinhava connosco, foi aí que comecei a ver o caso mal parado, mas não chegou tão longe houve só um que no meio da auto estrada para Lisboa, não sei se com o baloiçar do carro se sentiu mal começou a chamar pelo gregório, mas passou-lhe, mas eu assumo toda a culpa, mas eles coitadinhos não conheciam nada fora de Lisboa e eu através do meu pai já conhecia muitos locais bem frequentados e como se costuma dizer os amigos são para as ocasiões, eles nunca mais se esqueceram desta experiência eu também nunca mais do papel que eles fizeram.

Henrique Pratas

 

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