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Episódios da minha vida (2)

20-01-2017 - Henrique Pratas

Do alto dos meus 60 anos vou-me recordando de coisas que se passaram comigo e que acho que devo partilhá-las convosco. Estas foram passadas em Luando e no Maputo.

Estava eu em Luanda no porto onde os navios atracavam, isto no tempo colonial e os estivadores estavam a descarregar um navio, salvo erro sacos de cimento e depois os obuses e material de guerra que iam na popa no navio eram tiradas por brancos e com todo o jeitinho.

Mas voltando ao descarregamento dos sacos de cimento, reparei que um dos pretos que estava a descarregar andava mais devagar que os outros, estes tiravam 3 sacos e ele 1 apenas, eu não disse nada, estava lá o chefe da estiva se havia alguém para dizer alguma coisa era a ele que competia. A certo ponto o encarregado topou e disse-lhe então pá não apressas o passo, responde o estivador com a maior das canduras, “andar mais depressa para qê patrão, se acabo este trabalho vem logo outro igual, enquanto faço este estou descansado”. Para mim esta resposta é simplesmente brilhante e que é válida nos nossos diferentes quadrantes da sociedade.

O outro foi no Maputo já depois da independência e eu fui lá através de um protocolo que tinha sido celebrado o Estado Português, a Empresa de Transportes onde trabalhava, que consistia na cooperação e desenvolvimento dos transportes de Moçambique.

Uma vez vi chegar e entrar ao serviço uma MAN, como nós temos cá para fazer o transporte de passageiros, passado uns instantes o autocarro já só tinha a estrutura, os vidros, o motor e assento do condutor, o resto que podem imaginar, martelinhos para partir os vidros em caso de incêndio desapareceram, as cortinas e os bancos, ficou tudo limpo, fiquei como devem imaginar, mas a realidade era outra e ninguém percebeu antes ou perceberam mas alguém meteu dinheiro ao bolso como é costume.

Mas o que deixou completamente desasado e que foi suponham uma carreia, para ter a noção do espaço que era. Ora no nosso caso a carreira começaria em Alpiarça e terminava no Porto Alto o trajeto era este, ida e volta. O que aconteceu foi que o motorista que pegou no autocarro em Alpiarça, quando parou em Almeirim para largar os passageiros, pura e simplesmente abandonou o autocarro, foi-se embora com os passageiros lá dentro à espera de irem para o seu destino. Como estava por perto fui ter com ele e perguntei-lhe então pá, resposta eh, patrão já estava cansado e eu então e as pessoas, “patrão não dá, está muito cansado, arranja outro”, não tinha feito mais nada só o que lhes indiquei, tive que arranjar outro que estava por perto, que não foi à primeira, porque primeiro falei com um outro e a resposta não se fez esperar “patrão não pode porque estar com o cabeça grande”: Estava a ver que não conseguia, mas já estava por tudo o primeiro que se chegasse à frente ia fazer o resto da carreira.

Mas tenho mais cenas como esta é preciso é que rebolo se recorde delas, porque são muitas “viagens”.

Henrique Pratas

 

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