E os porcos vencerão

17-01-2014 - Francisco Pereira

A tarde está com um Sol encantado, com aquela luz meridional, que os boches invejam, e nos faz quase perdoar que este seja um país medíocre de gente igualmente medíocre. Os putos rodam nas bicicletas para trás e para a frente, as mulheres sentadas num banco de jardim, logo debaixo de um plátano enorme, de uma beleza extraordinária, conversam.

Sopra uma brisa irritante, mais ao fundo uma bananeira solitária, abana, mais ao fundo um banco com três bêbados, que discutem e vão emborcando o conteúdo de garrafas escondidas em sacos de plástico.

Munido de um pequeno graveto, vou saltitando pelas veredas daquele pequeno jardim, recolhendo papéis deitados ao chão, garrafas vazias, pacotes de batatas fritas que flutuam no pequeno riacho artificial e desaguam no também pequeno lago que já albergou pequenos peixes vermelhos, as memórias que este locam guarda, de noite quentes onde gente de todos os bairros desta terra ali se junta, um mar de crianças deambulava por ali em alegres folguedos.

Hoje infelizmente, está assim, desleixado e tristonho, papéis atirados ao chão sem mais aquela, uma tristeza e não é apenas aquele jardim, uma volta pela aldeola e é um nunca mais acabar de lixeirada pelas ruas, cães a cagar e a mijar nas caixas de areia dos parques onde as crianças brincam, lixeirada e papeis por todo o lado, num orgia de imundice e de porcalheira. Bem podiam os serviços camarários possuir um funcionário por cada cidadão. Ainda assim estamos certos, que a porcaria, seria idêntica, visto não haver o mínimo de brio, de civismo, de respeito e de gosto por preservar aquilo que é de todos.

Desde 1974, incontáveis milhões de contos de reis foram gastos em campanhas e mais campanhas de cidadania, nas escolas há pelo menos 30 anos que se bate na mesma tecla e passado quase meio século continuamos tão porcos, tão javardos e tão suínos, com os mesmos escarros atirados ao chão, os cães a largar merda em qualquer lado, em suma com os mesmos hábitos porcalhões de sempre, estamos tal qual como éramos no século XIX, claro que temos mais doutores, mais jóias, mais tablets, mais carros mas lá no íntimo continuamos os mesmos suíno, irra que o português é mesmo um povinho estúpido!

Francisco Pereira