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Em defesa de Miguel Relvas

04-11-2016 - João Mendes

No Facebook, Carlos Abreu Amorim (CAA)   spinou  uma interessante teoria, procurando transformar o caso da licenciatura de Miguel Relvas num exemplo de ética e boas práticas do anterior governo, por oposição aos dois recentes casos envolvendo um adjunto e Costa e um chefe de gabinete da secretaria de Estado do Desporto e Juventude. Relvas até podia ter um canudo na mão, mas não o terá feito, conforme refere CAA, “ de acordo com as regras que a própria universidade aplicou“. A menos que as regras aplicadas tenham sido desenhadas à medida de Miguel Relvas, porque mais ninguém teve a oportunidade de fazer cadeiras com base na discussão oral de sete artigos da sua autoria, discussão essa  que foi tida com o reitor da universidade e não com o respectivo docente. E se as regras foram efectivamente desenhadas à medida de Relvas, então estamos perante uma pouca-vergonha e um insulto ao ensino superior.

No que diz respeito à investigação da licenciatura de Miguel Relvas, levada a cabo pelo anterior governo, por oposição à Geringonça que “ negou, tentou esconder, mentiu, desvalorizou e agora faz spin“, confesso que ainda não sei bem quem terá negado, escondido e desvalorizado o quê, mas a verdade é que o processo de anulação da licenciatura de Miguel Relvas durou mais do que um ano, durante o qual foi devidamente protegido pelo seu superior hierárquico. Já os dois socialistas apresentaram a sua demissão no dia em que foram desmascarados. E importa recordar que, no relatório da Inspecção-Geral da Educação e Ciência ao caso Relvas, é referido que existe “ prova documental de que uma classificação de um aluno não resultou, como devia, da realização de exame escrito“, procedimento que, no entender da juíza à frente do processo, favoreceu Relvas e não os restantes alunos, “ que fizeram exame escrito ou oral e que gostariam de ter tido a possibilidade de apresentar e discutir trabalhos“. Estaria Passos a par deste facto? Por quanto tempo o protegeu tendo conhecimento do mesmo? Terá tentado esconder? Confesso que também não sei. Talvez só o próprio saiba. Aos restantes, eu e o doutor Amorim incluídos, resta-nos especular.

Mas se vamos falar de mentiras, importa recordar o caso das cadeiras de Teorias Políticas Contemporâneas I e II, retiradas do plano curricular do curso do Ciência Política e Relações Internacionais da Lusófona pouco antes de Relvas ingressar no curso, mas que ainda assim constavam do certificado de habilitações de Miguel Relvas, que fez vista grossa ao facto de ter sido aprovado a cadeiras que não fez ou que sequer constavam no plano curricular. Um embuste, portanto. Talvez seja mais sensato não ir por aí.

Efectivamente, e aqui concordo com CAA, tratam-se de situações distintas. Os dois socialistas inventaram um curso (ou dois) que não tinham, ao passo que Miguel Relvas tirou um curso fraudulento com regras especiais e desenhadas à sua medida. Quanto à especulação, e a julgar verdadeiras as declarações do visado, por oposição ao momento de mau jornalismo do Observador, nem Wengorovius foi “corrido quando informou o ministro da mentira descabelada de um boy“, nem alegou “que o ministro sabia de tudo, foi conivente e mentiu“. Quanto ao ministro, não sei se mantém no cargo “por se vergar à Fenprof” ou se tal acontece em função do seu desempenho, ou até pelos seus elevados níveis de popularidade, nomeadamente pela forma corajosa como tem enfrentado os poderosos lobbys do ensino privado e das editoras que controlam o mercado dos livros escolares.

Finalmente, não me alargarei no que toca a governos “dispostos a tudo só para se manterem no poder“. Um apoiante tão convicto do anterior governo não tem grande moral para entrar por aí. E eu até nutro alguma simpatia por CAA, principalmente desde que, no final de 2014,  afirmou ao jornal Público que já não era liberal e que o “ Estado tem que ter força “. Há esperança.

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P.S. É difícil de perceber se o ex-secretário de Estado Wengorovius terá feito algum tipo de declaração ao Observador, na medida em que, no link do jornal online publicado por CAA, não existe qualquer citação directa do próprio, ao contrário das declarações prestadas à TSF, que contradizem  as informações avançadas pelo Observador  e que citam declarações de Wengorovius e não do jornalista encarregue de montar a peça. Mas deixo os truques para quem os sabe desmontar.

Fonte: Blog Aventar

 

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