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Os investimentos certos para resolver a crise de capital humano
Autor: Kristalina Georgieva

01-02-2019

Há 75 anos que o Banco Mundial tem estado na vanguarda do desenvolvimento, ajudando os países a fazer investimentos inteligentes para prepararem os seus cidadãos para o futuro. Tem estado particularmente focado nos mais pobres e mais vulneráveis - o seu acesso a infraestruturas, saúde, educação, bens, empregos e mercados. Nos últimos anos, incorporaram políticas e investimentos em áreas cruciais para o futuro do mundo, como combater as alterações climáticas e tornar a tecnologia funcional para os pobres.

Em todos os lugares por onde viajei – desde o Ruanda até à Zambia, ou desde a Indonésia até ao meu país natal, Bulgária – testemunhei a diferença que a tecnologia pode fazer na vida das pessoas. O impacto é aparente numa infinidade de formas, como sistemas de pagamento digital ou a economia GIG emergente, levando a histórias de sucesso notáveis.

Mas assim como a tecnologia está a melhorar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, também está a mudar a natureza do trabalho. O nosso Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial, de 2019, foca-se em como a inovação está a mudar ou a eliminar os empregos existentes e a lançar campos de trabalho completamente novos que não existiam há alguns anos.

Isto levanta algumas questões difíceis: Que funções é que as pessoas irão desempenhar? Como é que irão sustentar as suas famílias? Como é que irão realizar o seu potencial num mundo cada vez mais complexo?

Nós temos novas ferramentas poderosas para ajudar os países em desenvolvimento a responder a essas questões. Nas Reuniões Anuais do Grupo Banco Mundial-FMI em Bali, em outubro, lançámos o Índice de Capital Humano. Abrangendo, inicialmente, 157 países, o Índice é uma medida resumida do capital humano que uma criança nascida hoje pode esperar atingir aos 18 anos, tendo em conta os riscos da saúde e da educação precárias nos quais ele ou ela vive.

O Índice centra-se nos resultados em três áreas principais. Primeira, sobrevivência: Qual é a probabilidade de uma criança que nasce hoje sobreviver até aos cinco anos de idade? Segunda, saúde: As crianças irão sofrer de raquitismo antes dos cinco anos de idade? Serão saudáveis até à idade adulta, prontas para o trabalho, com uma base para a aprendizagem ao longo da vida? E terceira, educação: Que nível de ensino as crianças irão completar e, mais importante, quanto é que irão aprender?

O Índice de Capital Humano é único porque concentra-se em indicadores ligados à produtividade, como a sobrevivência infantil, o atraso de crescimento, os anos escolares ajustados à aprendizagem e a sobrevivência de adultos, e traça uma linha direta entre o crescimento económico futuro e melhores resultados na saúde e educação. Acima de tudo, apresenta uma imagem clara   aos líderes, do quanto os seus trabalhadores poderiam ser mais produtivos quando são saudáveis, instruídos e dotados de competências necessárias para um mercado de trabalho em rápida mudança.

Um país pode pontuar entre 0 e 1 no índice, com 1 a representar a melhor fronteira possível de educação completa e saúde plena. No nosso primeiro índice, o valor médio para o mundo foi de apenas 0,56. Isto significa que, nos 157 países abrangidos, a produtividade das crianças nascidas hoje será metade da que poderia ser.

As implicações para o crescimento - e, portanto, para a redução da pobreza - são enormes. Se um país tiver uma pontuação de 0,50, o seu PIB futuro por trabalhador poderia ser duas vezes maior se esse país atingisse a fronteira. Mais de meio século, isso significa 1,4 pontos percentuais de crescimento do PIB por ano.

Investir nas pessoas é ainda mais urgente devido a duas tendências mundiais desafiantes. Primeira, o crescimento mundial está a abrandar. O nosso relatório   Perspetivas económicas Mundiais , divulgado no início deste mês, é apropriadamente intitulado   Darkening Skies   [Escurecer os céus]. O crescimento mundial moderou - espera-se que em 2019, abrande para os 2,9%, dos 3% em 2018. E o crescimento nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento deverá parar nos 4,2%, o mesmo ritmo que em 2018.

Segunda, o ritmo da redução da pobreza está a desacelerar. O nosso relatório Pobreza e Prosperidade Partilhada constatou que em 2015, o ano mais recente com dados sólidos, a pobreza extrema atingiu os 10%, o nível mais baixo de que há registo. Mas os 736 milhões de pessoas que ainda vivem em pobreza extrema serão mais difíceis de alcançar. A taxa de pobreza em áreas afetadas pela fragilidade, pelo conflito e pela violência aumentou para 36% em 2015, acima dos 34,4% em 2011, e essa percentagem irá provavelmente aumentar.

O investimento em capital humano pode ajudar a impulsionar um crescimento económico inclusivo e sustentável. Mas isto não é apenas um domínio da competência dos ministros da saúde e da educação. Chefes de Estado, ministros das Finanças, CEO e investidores precisam de tornar estes investimentos uma prioridade urgente.

Se agirmos agora, podemos criar um mundo onde todas as crianças cheguem à escola bem nutridas e prontas para aprender; onde elas possam crescer para serem adultos saudáveis, qualificados e produtivos; e onde tenham a oportunidade de realizar o seu potencial.

As crianças de hoje merecem esse futuro. Os empregadores de amanhã irão exigi-lo. Os líderes do mundo têm o dever de agir já.

KRISTALINA GEORGIEVA

 

Kristalina Georgieva é diretora executiva do Banco Mundial.

 

 

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