10-02-2017
A questão da saída do euro, do meu ponto de vista, deve apresentar-se de acordo com estes (e eventualmente outros) aspectos:
1. Independentemente da vontade e consequências, o fim do euro está iminente.
2. Se sairmos aos trambolhões os prejuízos serão maiores.
3. De qualquer forma devemos assumir e prevenir que a saída representará "custos" muito duros no curto prazo.
4. Todavia a não-saída apresentará "custos" incomparavelmente mais duros no médio prazo para todos nós.
5. E incalculavelmente trágicos para as gerações que têm hoje 30 anos ou menos.
6. Muito sumariamente a saída do euro é um imperativo para a soberania nacional.
7. Sem moeda própria não há soberania nacional.
8. e isto quer dizer, em termos de economia e finanças, que não temos meio de recuperar os nossos passivos e dívida.
9. E quer dizer que não conseguimos construir ou moldar sequer EM QUALQUER SISTEMA OU MODELO ECONÓMICO uma política que sirva os nossos interesses como nação.
10. Sequer o "direito" a ensaiá-la.
11. Nomeadamente no que compete à restruturação do nosso tecido produtivo (sejam industriais, agrícolas, de pescas ou de serviços).
12. O que impede simultaneamente qualquer política de crescimento económico sustentável e de autodeterminação.
13. Sem tal não é possível (fora bondade ou simpatia ou desejo dos "políticos") promover o consumo nacional interno.
14. Sem consumo interno acrescido estaremos sempre "dependentes" das flutuações dos mercados internacionais e sujeitos à "competição" com a mão-de-obra escrava asiática e aficana.
15. Nessas circunstâncias o desemprego não diminuirá para além de variações mínimas e sazonais.
16. Tal como o próprio poder de exportação.
17. Porque com a saída do euro podemos negociar outros tratados comerciais internacionais mais favoráveis.
18. Nomeadamente através do mundo luso-ibérico.
19. E deve dizer-se muito claramente mais ainda:
20. Os sectores estratégicos económicos (nomeadamente o financeiro, o da energia, o dos transportes, o das comunicações e telecomunicações, o subsolo e ambiental, o hídrico, o alfandegário) têm de estar maioritariamente nas mãos do estado (se não em posse, pelo menos em efectivo controlo).
21. Pelo menos até à reorganização do tecido produtivo e de uma economia nacional independente.
22. Estas medidas - NÃO SE DEVE ILUDIR A COISA - implicarão um abaixamento do consumo de determinado tipo de bens (disparando o seu preço e aumentando a escassez).
23. Como, por exemplo, nos materiais da tecnologia e no mercado automóvel.
24. É mesmo admissível que num primeiro impacto outros bens de consumo primário (mormente de importação, mesmo na alimentação) sofram uma regressão.
25. Todavia isso mesmo contribuirá para o desenvolvimento de indústrias e negócio nacional independente ou associado em condições de menor dependência do estrangeiro.
26. Em contrapartida - e num médio prazo - reflectir-se-á logo de forma positiva o acesso aos bens essenciais.
27. E também não há que esconder que a nossa capacidade (duradoira) para fazer turismo no estrangeiro diminuirá drasticamente.
28. Mas tudo isto representa escolhas e caminhos complexos.
29. No fundo trata-se de melhorar a médio prazo (e nalguns casos a curto prazo) a vida de 70 ou 80% dos portugueses.
30. E, de facto, 'prejudicar' o de 5 ou 10%.
31. E os restantes decidirem se é mais importante para eles e para os seus descendentes ter um Samsung novo de ano a ano ou ter um serviço nacional de saúde para todos os anos, por exemplo.
32. E do ponto de vista político (cidadão) escolhermos ser independentes e senhores do nosso destino ou sujeitarmo-nos às regras de terceiros, que nunca irão parar de aprofundar a nossa dependência.
33. Eu tenho todas as minhas escolhas claras nisto... mas temos de ser completamente transparentes. e saber o que ESCOLHEMOS.
E NÃO VALE A PENA ILUDIR QUE ESTA OPÇÃO É, A MUITO CURTO PRAZO, A ÚNICA FRACTURA VERDADEIRAMENTE ESTRUTURANTE PARA O NOSSO FUTURO. O RESTO SÃO PALIATIVOS. E PASSAGEIROS...