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A PROSPERIDADE ECONÓMICA NA ERA DIGITAL
Autor: John Chambers

03-02-2017

SAN JOSE – Em todo o mundo, as pessoas estão a exigir mudanças. Resultados eleitorais recentes - talvez os mais notáveis, o voto Brexit no Reino Unido e a eleição presidencial nos Estados Unidos - puseram em evidência uma crescente incerteza económica. Neste contexto, é imperativo que os líderes articulem e apresentem algo, com uma visão clara, para um crescimento económico inclusivo. Um crescimento que seja responsável não só em termos de política fiscal e comercial - o foco de muitos nos debates atuais -, mas também em termos de digitalização.

A representar um potencial valor económico de 19 biliões de dólares durante a próxima década, a digitalização tem o poder de permitir que os países deem o “pontapé de saída” no crescimento do PIB, na criação de emprego e na inovação. Já estamos a assistir ao profundo impacto que a digitalização pode ter nos países que a adotam como força motriz das suas estratégias económicas.

Na Índia, por exemplo, o primeiro-ministro Narendra Modi está a implementar uma estratégia, que está a transformar a Índia numa potência tecnológica, e a preparar o terreno para um futuro digital. Em França, o governo tem investido num extenso plano nacional digital que deverá criar 1,1 milhões de empregos nos próximos 3 a 5 anos e contribuir com 101 mil milhões de dólares para o PIB na próxima década.

Enquanto outros países estão a adotar estratégias digitais sólidas, os EUA estão a ficar para trás. Apesar de ter liderado a corrida da Internet, na década de 1990, os EUA são agora a única grande economia desenvolvida sem um plano concreto de digitalização. As consequências já estão a começar a aparecer: de acordo com o Índice de Inovação Bloomberg, de 2016, os EUA são hoje o oitavo país mais inovador do mundo, tendo caído dois lugares desde 2015.

A mensagem é clara: quando se trata de digitalização, ninguém tem o direito a alguma coisa e não há tempo a perder. Até mesmo em Silicon Valley, temos constantemente de nos reinventar para nos mantermos competitivos. A economia dos EUA deve fazer o mesmo, caso contrário arrisca-se a perder a sua vantagem no que diz respeito à inovação. Só com um plano de digitalização claro e eficaz é que os EUA podem garantir que mantêm o seu estatuto de líder da economia global na era digital, ao mesmo tempo que satisfazem as exigências dos seus cidadãos por mais oportunidades económicas.

Eu acredito que a conectividade tem o poder de transformar as economias e de gerar novas oportunidades. É por isso que a nova agenda digital da América tem de corrigir o facto de que, apesar de viver num dos países mais ricos do mundo, um terço da população dos Estados Unidos ainda não tem acesso à banda larga em casa.

As iniciativas Smart City existentes que promovem a conectividade em Chicago e Washington, DC, são encorajadoras. Mas, para fechar o fosso digital, é necessária uma estratégia digital nacional mais abrangente, uma que enfatize o investimento em infraestruturas digitais, em vez de apenas em infraestruturas físicas, como no passado. Somente com amplo acesso é que a tecnologia pode continuar a realizar o seu potencial como um dos grandes equalizadores económicos.

Um plano de digitalização efetiva dos EUA também tem de apoiar as start-ups. As empresas jovens representam o futuro da criação de emprego - são a principal fonte de novos postos de trabalho nos EUA - e a rutura tecnológica. No entanto, as start-ups estão em declínio nos EUA. De acordo com uma pesquisa levada a cabo pela Brookings Institution, o índice de start-ups (o número de novas empresas, relativamente ao total de empresas) caiu para perto de metade, desde 1978.

Para incentivar a inovação e criação de emprego, temos de reverter esta tendência, injetando mais combustível no mecanismo start-ups da economia dos EUA. Isto exigirá que as empresas e o governo trabalhem em conjunto, de forma a criarem um ambiente que incentive os empresários a implantarem as suas visões. Uma combinação de legislação, tais como benefícios fiscais para empresas em fase inicial e investimentos de capital de risco/corporativo que forneçam apoio financeiro e orientação de oportunidades às start-ups, será vital para sustentar este ecossistema.

De uma forma mais abrangente, os líderes dos EUA devem criar um ambiente que incentive todos os tipos de crescimento empresarial e de investimento. O apelo de Trump para atualizar as regras fiscais dos EUA em 2017 poderia produzir benefícios nesta frente, assumindo que as novas regras promovem o investimento interno ao encorajar as empresas a trazerem de volta os seus rendimentos auferidos no estrangeiro e baixando a tributação das empresas, atualmente uma das mais altas entre os países da OCDE. Estas medidas poderiam originar mais de um bilião de dólares na economia dos EUA, criando empregos e oportunidades económicas durante o processo.

Todavia, outro elemento crítico para um plano de digitalização eficaz é a educação e formação. As empresas necessitam de investir na mão de obra existente, que em grande parte carece de competências necessárias para competir na era digital. Simultaneamente, temos de transformar o nosso sistema de ensino, para que as gerações mais jovens adquiram as competências necessárias no sentido de garantirem os trabalhos digitais bem remunerados do futuro. Para este fim, teremos de ir mais além, dando ênfase à ciência, à tecnologia, à engenharia e à matemática – as chamadas disciplinas STEM – no sentido de se refletir sobre como aplicar a tecnologia e a digitalização em todos os domínios.

A digitalização poderá criar 5,1 biliões de dólares em valor económico para os EUA, em 2025, reduzindo significativamente o desemprego. Mas os EUA não podem realizar este potencial, a menos que os seus líderes trabalhem eficazmente com todos os partidos e com todos os setores para avançarem com uma agenda digital.

A tecnologia está a mudar tudo: a forma como fazemos negócios, as regras do capitalismo e todos os ecossistemas económicos – tudo a uma velocidade impressionante. Os EUA devem mudar com ela, agindo no presente, fazendo o que é necessário para recuperar o seu lado inovador e prosperar na era digital.

JOHN CHAMBERS

John Chambers is Executive Chairman of Cisco.

 

 

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