04-07-2025

Espanha e Portugal registaram temperaturas acima de 40 °C; França fechou parcialmente a torre Eiffel.

Uma onda de calor marítimo no Mar Mediterrâneo combinada a um poderoso "domo de calor" (também conhecido como cúpula de calor), está fazendo com que a Europa sofra com altas temperaturas.

Esse é um padrão que se repete com frequência à medida que o planeta aquece: a influência das ondas de calor marinhas no Mediterrâneo tem acontecido com mais frequência nos últimos verões.

O calor do oceano influencia o aumento das temperaturas em terra, contribuindo para inundações mortais e provocando incêndios devastadores.

As temperaturas da água no Mar Mediterrâneo estão até 9 graus acima da média para esta época do ano. O aquecimento mais intenso ocorre no Mediterrâneo Ocidental, incluindo o sul da França.

Isso está contribuindo para que a alta humidade suba para a região norte e mantenha as temperaturas elevadas à noite nas áreas afectadas pela onda de calor.

A onda de calor, que também envolve o fluxo de ar quente vindo da África para o norte, está reforçando a onda de calor marinha em um ciclo de retro alimentação.

O que é o "domo de calor"?

O "domo de calor" ocorre quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma região por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela.

Isso comprime o ar no solo e, através da compressão, aquece a coluna de ar.

Recordes de calor na Europa

Houve recordes de temperatura na Espanha e em Portugal, enquanto partes da Europa se preparam para novas máximas até quarta-feira (2), com a intensificação da onda de calor.

A cidade de El Granado, na Espanha, registou temperaturas máximas de 46 °C no domingo (29), um novo recorde nacional para Junho, de acordo com o serviço meteorológico nacional espanhol, AEMET.

O mês passado foi o Junho mais quente da história da Espanha, com as temperaturas "pulverizando recordes", informou a AEMET nesta terça-feira (1°).

Em Portugal, uma temperatura provisória de 46,6 °C foi registada na cidade de Mora, a cerca de 128 quilómetros a leste de Lisboa, de acordo com o serviço meteorológico do país, o IPMA, o que representaria um novo recorde nacional para Junho.

Um calor escaldante também está atingindo quase toda a França. Várias cidades registaram temperaturas acima de 38 °C na segunda-feira (30), de acordo com registos provisórios da Météo France.

Um alerta vermelho de onda de calor, a classificação mais alta, está em vigor para 16 áreas nesta terça, incluindo a Ilha de França, onde Paris está localizada.

As visitas do topo da Torre Eiffel estiveram fechadas na terça e quarta-feira devido ao calor.

O Reino Unido também sofre com as altas temperaturas, enfrentando sua segunda onda de calor do verão. As temperaturas ultrapassaram 32 °C na segunda-feira, criando condições muito desconfortáveis ​​em um país onde menos de 5% das casas têm ar condicionado.

“A actual onda de calor de Junho a Julho está expondo milhões de europeus a um alto stress térmico”, afirmou Samantha Burgess, líder estratégica de clima do Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Prazo, em um comunicado.

“As temperaturas observadas recentemente são mais típicas dos meses de Julho e Agosto e tendem a ocorrer apenas algumas vezes a cada verão", adicionou.

Os recordes de temperatura também devem ser registados na Alemanha, à medida que a cúpula de calor se expande para o leste.

Após isso, uma série de frentes frias devem se deslocar para o noroeste da Europa, vindas do oeste, trazendo alívio.

Incêndios florestais e mudanças climáticas

Com o aumento das temperaturas, incêndios florestais estão devastando vários países na Europa.

Foram registados focos de incêndio em Aude, no sudoeste da França, no domingo, queimando quase 160 hectares.

Na Turquia, 50 mil pessoas foram deslocadas enquanto os bombeiros combatem incêndios violentos, principalmente nas províncias ocidentais de Izmir e Manisa.

As mudanças climáticas causadas pela humanidade estão tornando as ondas de calor mais frequentes, intensas e duradouras.

A Europa é o continente que aquece mais rapidamente, sendo que isso está acontecendo duas vezes mais rápido que o resto do mundo.

As mudanças climáticas também estão levando a ondas de calor marinhas mais frequentes e intensas.