10-12-2021
Os detalhes das viagens do enorme número de líderes mundiais, de CEO de empresas e de investidores que se dirigiram a Glasgow para a última Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas podem parecer triviais. A importância da pegada de carbono produzida pelo meio de transporte escolhido (avião, automóvel ou comboio) ou da dimensão das suas comitivas empalidece quando comparada com a dos acordos que esperam alcançar. Mas a verdade é que sem um cuidadoso planeamento de viagens, teria sido impossível reunir estas pessoas neste evento essencial.
O mesmo pode ser dito sobre a explosão de interesse, junto de investidores e empresas, quanto ao compromisso de atingir as emissões líquidas nulas (NdT: a seguir, “zero líquido”) de dióxido de carbono até 2050. A iniciativa Glasgow Financial Alliance for Net Zero, iniciada em Abril, congrega hoje mais de 450 empresas financeiras, responsáveis por activos no valor aproximado de 130 biliões de dólares, que se comprometeram a chegar ao zero líquido até 2050 ou antes.
Estas promessas são importantes, mas deixam os mercados financeiros numa posição interessante. Existem informações consideráveis sobre as metas climáticas das empresas para o longo prazo, mas muito poucas sobre as medidas de curto prazo que tomarão para as atingir. Para contextualizar, imagine-se que uma empresa publica uma previsão de receitas para 2050, mas que não fornece muitos detalhes sobre as suas projecções de receitas para 2025, sobre a forma como a empresa evoluirá ao longo do tempo ou sobre a sua estratégia de curto prazo. Para poderem avaliar a credibilidade das promessas das empresas, os investidores necessitam de mais detalhes sobre o planeamento de curto prazo até 2025 e sobre a forma como estas acções conduzirão à meta do zero líquido em 2050.
RICHARD MATTISON
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Richard Mattison é presidente da S&P Global Sustainable1. |