Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 25 de Abril de 2024  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 
DOSSIERS
 
METAS CLIMÁTICAS E A PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA NA RECUPERAÇÃO
Autor: Henrik Poulsen, Mads Nipper, Lars Fruergaard Jørgensen

05-06-2020

A pandemia de COVID-19 não deve levar os governos a diminuírem as suas ambições climáticas. Acelerar a transição para uma economia sustentável de baixo carbono pode impulsionar a recuperação e criar resiliência para o futuro.

Outros países poderiam procurar inspiração na Dinamarca em matéria de iniciativas climáticas que também contribuirão para a recuperação económica. Actualmente, o país está a tomar medidas concretas para atingir a sua meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 70%, até 2030, e atingir zero emissões líquidas, até 2050.

Como CEO de empresas dinamarquesas com presença global em energias renováveis, tecnologia da água e produtos farmacêuticos, respectivamente, fomos nomeados pelo governo dinamarquês para presidir “parcerias climáticas” público-privadas criadas para prosseguir com objectivos de políticas climáticas. O nosso trabalho tem sido desenvolver quadros de referência abrangentes para atingir as metas de redução de emissões nos nossos respectivos sectores da maneira mais económica possível.

Tendo presidido essas parcerias nos últimos sete meses, acreditamos que os governos em todo o mundo beneficiariam muito deste modelo de colaboração e das nossas descobertas específicas sobre como tornar os setores industrial, energético e de ciências da vida e biotecnologia quase neutros em carbono, até 2030. Uma vez que os países gastam biliões de dólares para proteger empregos e meios de subsistência durante a pandemia, é crucial que moldem esses estímulos de forma a garantir uma recuperação sustentável a longo prazo.

A Organização Mundial da Saúde estima que o capital anual necessário para cumprir as metas de redução de emissões estabelecidas no Acordo climático de Paris equivale a cerca de 1% do PIB mundial por ano. Assim, os governos devem capitalizar a abertura actual para direccionarem os seus planos de recuperação de médio e longo prazo com o duplo objectivo de estímulo financeiro e descarbonização.

Prosseguir com esses objectivos simultaneamente não é apenas um imperativo moral. Também faz sentido em termos económicos. Os governos precisam urgentemente de desbloquear a capacidade do sector privado para a inovação e o investimento, começando com metas concretas e ambiciosas de redução de emissões para 2030 e 2050. Uma vez estabelecidas essas metas, os governos deveriam envolver as empresas no desenvolvimento de quadros de referência sectoriais específicos para a descarbonização.

A lógica de alavancar o sector privado é simples. Os líderes empresariais estão melhor posicionados para identificar caminhos economicamente sólidos de redução de carbono nos seus próprios sectores e têm conhecimento em primeira mão do que é necessário dos governos para desbloquear investimentos do setor privado. É o que apelidamos de fórmula dinamarquesa para a colaboração entre o público e o privado.

As análises que realizámos nas nossas parcerias climáticas revelaram oportunidades de descarbonização que muitos considerariam impossíveis apenas há alguns anos. Ao aplicar e ampliar as tecnologias existentes de forma económica, os sectores industrial, energético e de ciências da vida e biotecnologia podem tornar-se quase neutros em carbono já em 2030. Além disso, estes sectores também fornecem tecnologias e serviços com potencial para gerar reduções de emissões noutros sectores. Isto inclui produtos e serviços que economizam energia, bem como a substituição de combustíveis fósseis por electricidade verde, para descarbonizar os transportes e outras indústrias.

Consequentemente, as nossas recomendações têm aplicações globais, tanto para países em estágio inicial de descarbonização como para aqueles que já estão num estágio mais avançado. A primeira conclusão importante é que os governos deveriam estabelecer metas nacionais ambiciosas de redução de emissões para cada sector económico, proporcionando assim transparência e segurança a longo prazo para empresas e investidores.

A segunda é que todos os países precisam de criar condições para um aumento significativo na produção de energias renováveis, na electrificação ecológica e na melhoria da eficiência energética. Os negócios verdes são bons negócios: as energias eólica e solar são agora as opções mais baratas para dois terços do mundo e a eficiência energética melhora a competitividade económica, beneficiando os consumidores.

A terceira é que os governos deveriam ajustar as suas estruturas reguladoras para se maximizar o investimento em tecnologias inovadoras – como bombas de calor, hidrogénio renovável e biocombustíveis – através do aumento da investigação, do desenvolvimento e da implementação públicos e privados.

Da mesma forma, os contratos públicos e as políticas fiscais deveriam ser reformadas para fortalecer os incentivos que promovem actividades e investimentos de baixo carbono. E as empresas em todo o mundo precisam de assumir a responsabilidade que vai além das suas próprias emissões directas, defendendo reduções semelhantes nas respectivas cadeias de valor globais.

Além dessas recomendações amplas, estamos dispostos a partilhar com os governos e outras empresas informações dos nossos planos de acção específicos sobre como descarbonizar a indústria, a energia e as ciências da vida e biotecnologia da maneira mais económica possível. Incentivamos os governantes e os líderes dos sectores a tirarem partido destas lições à medida que moldam a recuperação económica e aceleram a transição verde.

Colectivamente, precisamos de garantir que a pandemia de COVID-19 não nos faz regressar aos mesmos “negócios do costume” que provocaram a crise climática em primeiro lugar. Ao aplicarem o modelo e os princípios que enunciámos, todas as sociedades podem fazer mais do que apenas recuperar; elas também podem adequar-se ao futuro. Essa é a estratégia, tanto a nível ambiental como económico.

HENRIK POULSEN

Henrik Poulsen é CEO da Ørsted.

MADS NIPPER

Mads Nipper é CEO da Grundfos.

LARS FRUERGAARD JØRGENSEN

Lars Fruergaard Jørgensen é CEO da Novo Nordisk.

 

 

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome