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A EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL – UM DESAFIO NO PRESENTE PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL” (parte 6)
Autor: João Torres

15-11-2013

No ano seguinte, a UNESCO promove dois seminários, o primeiro em Novembro com a Organização Nacional de Protecção Ambiental e Conservação da Natureza em Budapeste, Hungria. Este Seminário Internacional teve como finalidade debater o carácter interdisciplinar da Educação Ambiental no ensino de 1º e 2ºgraus. O segundo teve lugar em Essen, ex-República Federal da Alemanha, com o apoio do Centro de Educação Ambiental da Universidade de Essen, onde se encontraram presentes representantes de vinte países. Deste Seminário Regional Europeu sobre Educação Ambiental para a Europa e América do Norte, sobressaiu a necessidade de intensificar o intercâmbio de informações e experiências entre os países.

No ano de 1985, 10 anos depois da criação do PIEA, é feito um balanço, ressaltando a introdução da Educação Ambiental oficialmente em mais de 40 países nos seus planos educacionais, políticas e legislação. Este êxito fica em parte devido à dinâmica do PIEA que em 10 anos executou 31 projectos de pesquisa; 37 formações nacionais; 10 seminários internacionais e regionais; 11 conferências e 66 missões técnicas para os 136 Estados Membros (85% dos membros da UNESCO).

Em Abril de 1987 foi revelado o Relatório da Comissão de BRUNDTLAND ou Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento, “O Nosso Futuro Comum”. Este documento foi adoptado por muitos países incluindo Portugal, constituindo um desafio ao nosso sistema educativo.

Esta Comissão foi criada em 1983 pela ONU, como um organismo independente, com o objectivo de reexaminar os problemas do ambiente e do desenvolvimento numa perspectiva global e de formular propostas realistas com o propósito de desenvolver soluções, assegurando um progresso humano sustentável.

Gro Harlem Brundtland, presidente da comissão e ex-Primeira Ministra da Noruega, salientou que, e passo a citar, o “papel crucial cabe aos professores no sentido de que estes deverão levar as conclusões do Relatório aos jovens, pois eles serão, talvez, o grupo mais importante para receber uma mensagem, dado que eles são hoje os críticos mais duros da gestão que fazemos do Planeta”. O relatório reforça as ideias base da Estratégia Mundial de Conservação, desenvolvendo-se sobre duas questões fundamentais:

A primeira questão; “Quais os problemas ambientais que afectam o mundo?” onde são abordados o aumento demográfico, a alimentação, o desaparecimento de ecossistemas e espécies, as consequências do desenvolvimento energético, as indústrias e consequente contaminação ambiental e o crescimento urbano acompanhado dos fenómenos da miséria e pobreza.

Relativamente à segunda questão “Quais as soluções que se podem encontrar para diminuir o impacto negativo da degradação ambiental?” Transparecem duas considerações:

“As soluções não podem confinar-se à passividade de atitudes conservacionistas e proteccionistas do ambiente, antes pelo contrário, têm de passar por uma participação colectiva. As soluções têm de passar por uma forma diferente de se entender o desenvolvimento – desenvolvimento sustentável”.

Este novo conceito começa a fazer parte integrante na linguagem da Educação Ambiental, e define-se como aquele que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem comprometer as formas de vida das gerações futuras, tomando em conta o equilíbrio social e ecológico como garantias de um Planeta que evolua sem pôr em perigo a ideia de uma Humanidade em harmonia entre si e a Natureza.

A Educação Ambiental começa a ser considerada como um processo constante e contínuo onde os indivíduos e a sociedade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, a aptidão, as experiências e a determinação que os tornam aptos para agir sob uma nova linha de pensamento, o “pensar globalmente, agir localmente”.

Em Agosto de 1987, 10 anos depois da Conferência de Tbilisi, realizou-se em Moscovo o Congresso Internacional de Educação e Formação Ambientais promovida pela UNESCO e PNUMA que contou com a presença de trezentos especialistas de cem países, mais observadores da UICN, a fim de analisar a implementação das recomendações deliberadas nessa Conferência, e estabelecer uma estratégia internacional de acção em matéria de educação e formação, na área do ambiente, para a década de 90.

Nesta Conferência ressaltou a grande discrepância existente entre os países que após a Conferência de Tbilisi implementaram as suas recomendações, atingido por isso a terceira geração institucional, designadamente a Inglaterra, a França e os Estados Unidos. Contrariamente, os países mais pobres, incluindo o Brasil, onde era urgente uma rápida intervenção devido às realidades socioeconómicas, sendo visível a crescente degradação da qualidade de vida, não apresentaram grandes progressos.

Os dez anos que se passaram ficaram marcados para estes países por discussões improdutivas sobre a natureza da Educação Ambiental, emolduradas por crises políticas, institucionais e socioeconómicas, onde o conceito de Educação Ambiental ainda se confundia com o de ecologia.

Neste documento a Educação Ambiental assume um papel preponderante de integração e de mudança social e cultural através da incumbência de objectivos e métodos capazes de tornar os indivíduos mais conscientes, responsáveis e preparados para lidar com os desafios de preservação e qualidade do ambiente e consequentemente de vida, num contexto de desenvolvimento sustentável para toda a humanidade.

Ainda neste ano foi assinado o Protocolo de Montreal, que estabelecia um compromisso segundo o qual as nações se comprometiam a efectuar esforços, no sentido de evitar a destruição da camada de ozono, entre as quais a redução progressiva até a supressão, no ano 2000, da produção e uso dos CFC’s (CloroFluorCarbonetos).

(Continua na próxima edição.)

João Torres
Engenheiro do Ambiente

 

 

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