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"A EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL – UM DESAFIO NO PRESENTE PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL” (parte 5)
Autor: João Torres

08-11-2013

Na Carta de Belgrado foi ainda proposto o PIEA (Programa Internacional de Educação Ambiental) assente nos seguintes princípios orientadores: a Educação Ambiental deve ser continuada, multidisciplinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais.

No seguimento da recomendação n.º 96 da Conferência de Estocolmo, realizou-se em 1977, em Tbilisi na Geórgia, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO e pela PNUMA. Desta Conferência resultou a Declaração sobre Educação Ambiental a qual apresenta finalidades, objectivos, princípios orientadores e estratégias de desenvolvimento da Educação Ambiental ao mesmo tempo que dá indicações sobre o “treino pessoal, o desenvolvimento de materiais educativos, a pesquisa de novos métodos, o processamento de dados e a disseminação de informações como o mais urgente dentro das estratégias de desenvolvimento.

Esta Declaração define a Educação Ambiental como o “resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível uma acção mais racional e capaz de responder às necessidades sociais.”

A Conferência dirige um chamamento aos estados membros para que incluam nas suas políticas de educação, medidas que visem a incorporação de conteúdos, directrizes e actividades ambientais e seus sistemas convidando as autoridades de educação a intensificar os seus trabalhos de reflexão, pesquisa e inovação com respeito à Educação Ambiental. Ao mesmo tempo solícita aos Estados Membros a colaboração mediante o intercâmbio de experiências, pesquisas, documentação e materiais, e a colocação dos serviços de formação à disposição do pessoal docente e dos especialistas de outros países. Foi ainda solicitado à comunidade internacional que ajude a fortalecer esta colaboração, numa esfera de actividade que simbolize a necessária solidariedade de todos os povos, e que possa ser considerada como particularmente motivadora para promover a compreensão internacional e a causa da Paz.

Por ser do interesse do presente trabalho, transcrevem-se algumas considerações resultantes desta Conferência:

“A conferência recomendou aos Estados Membros que integrem a Educação Ambiental na sua política geral e que adoptem, no marco das suas estruturas nacionais, as medidas apropriadas, objectivando sobretudo, entre outras, as de confiar à escola um papel determinante no conjunto da Educação Ambiental e organizar, com esse fim, uma acção sistemática na educação primária e secundária.”

Foi ainda sugerido que se levasse em consideração a “educação do público em geral. Esta deverá atingir todos os grupos de idade e todos os níveis da educação formal, assim como as diversas actividades de educação não formal destinada aos jovens e aos adultos.”

Para isso, recomendou “que as autoridades competentes empreendam, prossigam e fortaleçam – segundo seja o caso – as medidas destinadas a incorporar os temas ambientais nas distintas disciplinas do sistema de educação formal. E ainda, que se dê aos estabelecimentos de ensino e de formação a flexibilidade suficiente para que seja possível incluir aspectos próprios da educação ambiental nos planos de estudo existentes e criar novos programas de educação ambiental de modo que possam fazer frente às necessidades de um enfoque e uma metodologia interdisciplinares”.

Esta conferência foi sem dúvida um dos marcos mais importantes da história da Educação Ambiental porque expressou a necessidade de uma cooperação internacional dando início a um programa internacional de Educação Ambiental.

Para implementar um programa de Educação Ambiental, torna-se imperativo a formação e reciclagem dos professores, formadores e administradores, para que adquiram conteúdos, orientações pedagógicas e metodologias. É neste contexto que a UNESCO promoveu o Encontro Regional de Educação Ambiental para a América Latina em San José, Costa Rica em 1979, de onde se destacam os seguintes pontos:

A Educação Ambiental, tem um objectivo fundamental no qual deverá dar ênfase às interdependências económicas, políticas e ecológicas do mundo moderno e mostrar que decisões e comportamentos de diferentes países têm consequências internacionais. Nesse sentido, a Educação Ambiental deverá contribuir para o desenvolvimento de um espírito de responsabilidade e de solidariedade entre as regiões e entre as nações, com base para uma nova ordem internacional que garanta a conservação e melhorias do meio ambiente;

A Educação Ambiental deve providenciar os conhecimentos necessários para a interpretação dos fenómenos complexos que moldam o meio ambiente e para a promoção dos valores éticos, económicos e estéticos que constituem as bases da autodisciplina, fomentando o desenvolvimento de comportamentos compatíveis com a conservação e melhoria da qualidade ambiental;

A Educação Ambiental deve promover uma ligação mais estreita entre os processos educacionais e a realidade, estruturando as suas actividades em torno dos problemas ambientais comunitários. Deve levar a uma análise desses problemas, sob uma perspectiva interdisciplinar e global;

A Educação Ambiental deve ser vista como um processo contínuo, com ajustes constantes por meio de frequentes reavaliações das suas orientações, conteúdos e métodos;

A Educação Ambiental deve ser dirigida para todos os grupos de idade e de actividades profissionais.

Este foi um dos seminários mais importantes realizados na América Latina no que concerne ao estabelecimento das linhas filosóficas da Educação Ambiental.

(continua na próxima edição)

João Torres
Engenheiro do Ambiente

 

 

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