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"A EDUCAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL – UM DESAFIO NO PRESENTE PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL” (parte 3)
Autor: João Torres

25-10-2013

Educação Ambiental - Origem e História

A primeira chamada de atenção para a exploração desenfreada do recurso natural “solo”, remonta a 1864, com a publicação, do diplomata George Marsh, “Man and Nature or Physical Geography as Modified by Human Action”. Esta obra caracterizava o solo prevendo a sua degradação e como consequência, o declínio das civilizações futuras.

Em 1872, inspirado no livro de George Marsh, foi criado nos Estados Unidos o primeiro Parque Natural do mundo designado “Yellowstone National Park”.

A problemática do recurso do solo voltou a ser exposta em 1949, pelo biólogo Aldo Leopoldo, no artigo “The Land Ethic” para o periódico “A Sand County Almanac” onde escreveu sobre a necessidade de uma ética de uso dos recursos da terra.

A expressão “Environmental studies” surgiu para os profissionais do ensino na Grã-Bretanha em 1945. Três anos após, a recém criada UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza), considerada a mais importante organização conservacionista até à criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em 1972, no encontro em Paris, Aldo Leopoldo proferiu no seu discurso a expressão “environmental education” associada à conservação da biodiversidade. A Grã-Bretanha ouviria esta expressão pela primeira vez, em Março de 1965, na Universidade de Keele onde viria a defender que a Educação Ambiental deveria ser obrigatória na educação de todos os cidadãos. Contudo a Educação Ambiental, estava ligada à óptica da conservação sendo por isso integrada na disciplina de Biologia. No mesmo ano, a “Royal Society of London” associou a Educação Ambiental à preservação dos sistemas vivos.

Os avanços tecnológicos que marcaram as décadas de 50/60 do século passado provocaram também profundas alterações ambientais, causando algumas preocupações. O Ambiente começava a dar sinais da sua fragilidade; em 1952, em Londres, a fraca qualidade do ar, fenómeno conhecido como “smog”, provocou a morte a 1600 pessoas. Este acontecimento deu origem à consciencialização da importância da qualidade ambiental que, quatro anos mais tarde, se reflectia na aprovação da Lei do Ar Puro em Inglaterra.

Era urgente agir em prol do ambiente e em 1954, Albert Schweitzer foi reconhecido com o Prémio Nobel da Paz por defender a ética ambiental, numa época onde por todo o mundo surgiam movimentos que questionavam o desenvolvimento. Exemplo disso é a publicação do livro “Silent Spring” da autoria da jornalista Rachel Carson, editado em 1962, que alertava para os efeitos catastróficos das acções humanas sobre o ambiente, como por exemplo, para o perigo do uso indiscriminado de pesticidas. Esta obra tornou-se um marco da consciencialização ambiental e centro de diversas discussões e inquietações mundiais, no sentido de reverter o quadro descrito.

A Educação Ambiental começou a destacar-se como um elemento imperativo na formação do indivíduo, e na “Conference of Conservation of Nature and Resources in South-east”, Ásia, que teve lugar em Bangkok, de 29 de Novembro a 4 de Dezembro de 1965, manifestou-se o interesse na implementação da Educação Ambiental nas escolas.

O desperdício de recursos que se fazia sentir na época tornava-se cada vez mais visível assim como a clara evidência de um Ambiente cada vez mais fragilizado, sem capacidade de resposta para o rápido crescimento da população e para o intenso desenvolvimento tecnológico. Neste sentido, em 1968, os organismos internacionais bem como várias nações, exprimiam a necessidade de organizar uma Educação Ambiental consciente no comportamento da humanidade, assente nos pilares da conservação e preservação dos recursos.

Assim, nesse mesmo ano, realizou-se no “College of Education”, em Leichester, na Grã-Bretanha, uma conferência sobre Educação, onde se planeou a SEE (“Society for Environmental Education”).

Em Abril do referido ano, liderados pelo industrial Arilio Peccei, um grupo de trinta especialistas das diversas áreas (economistas, industriais, pedagogos, humanistas,...), reuniu-se em Roma para debater a crise actual e futura da humanidade, formando o Clube de Roma. Destas reuniões resultou um relatório publicado em 1972 intitulado “The Limits of Growth”, uma visão futurista baseada nos modelos globais de desenvolvimento económico que denunciava o crescente consumo desmesurado de recursos, levando a humanidade a um limite de crescimento, que se nada fosse feito para contrariar esta evolução, poderia dar-se o colapso da vida humana.

Este relatório, ignorado pelos políticos da época, assentava nos 5 pilares que se seguem: a acelerada industrialização, o rápido crescimento demográfico, a desnutrição, o esgotamento dos recursos renováveis e a deterioração do ambiente.

Ainda neste ano, em Maio, manifestações estudantis mostraram o seu descontentamento pelas condições de vida. Estas manifestações espalharam-se pelo mundo, nomeadamente pela Europa, África, Ásia, América do Sul, Central e Norte. A crise do ambiente humano, já não era vista apenas localmente, surgindo a necessidade premente de uma abordagem global em busca de soluções.

No ano seguinte, em 1969, realizou-se em Paris a conferência “Biosphere Conference” organizada pela UNESCO (United Nations Environmental, Scientific and Cultiral Organisation) tendo a colaboração da FAO (Food and Agriculture Organization) e a UICN, tendo sido palco das seguintes discussões: a consciencialização ambiental global e a produção de recursos educativos sobre a temática ambiental.

A década de 70, veio reforçar a necessidade urgente de uma mudança de mentalidades em prol do ambiente. A Educação Ambiental é introduzida nas estratégias europeias de conservação, na conferência designada “First European Conservation Conference”, em Estrasburgo organizada pelo Conselho da Europa entre 9 e 12 de Fevereiro de 1970. Nesta conferência foram abordadas questões sensíveis tais como a água, o ruído, a conservação de espécies e a poluição atmosférica.

Na conferência de Nevada “Internacional Working Meeting on Environmental Education in Scool Curriculum” realizada no ano de 1970, definiu-se a Educação Ambiental como “um processo de reconhecimento de valores e de clarificação de conceitos, com vista a desenvolver as capacidades e atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações entre o Homem, a sua cultura e o seu envolvimento biofísico. A Educação Ambiental implica também a necessidade de praticar a tomada de decisões tendo em vista a formulação de um código de comportamentos dirigidos para a qualidade do Ambiente.”

Como resultado das conferências preparatórias do ano Europeu da Conservação (1970), surgiu o CEA (“Council for Environmental Education”), responsável por coordenar a acção das organizações relacionadas com o Ambiente e a Educação. A Educação Ambiental para este Conselho, era vista de modo interdisciplinar, com o objectivo de realização de projectos educativos de carácter ambiental.

(continua na próxima edição)

João Torres
Engenheiro do Ambiente

 

 

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