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Não, o streaming não está a matar o cinema

19-04-2019 - Cinema 7ª Arte

É uma discussão que tem levantado inúmeras questões no mundo do cinema: as plataformas de streaming têm afastado as pessoas da sala escura? Na realidade, não é bem assim.

Embora estes serviços tenham alterado a forma como os consumidores assistem ao conteúdo cinematográfico, a ideia de que o público passa mais tempo a consumir cinema em casa, e menos tempo nos cinemas, é um mito.

Na CinemaCon, que aconteceu em Las Vegas na semana passada, os distribuidores de filmes e donos de cinemas afirmaram que não há nada a recear no que toca ao crescente número de serviços de streaming, como o  Disney+, Comcast, Warner Bros. e Apple.

Michael Pachter, analista da Wedbush, empresa de investimento financeiro, publicou uma nota de pesquisa onde afirma que “ a Netflix e a expansão das plataformas terão um impacto mínimo nas bilheteiras dada a vasta oferta de conteúdo, sendo que boa parte dessa mesma oferta é ideal para lançamentos nos cinemas ”.

Em 2018, as bilheteiras norte-americanas tiveram um ano recorde, tendo arrecadando cerca de 11,9 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 5% no número de bilhetes de cinema vendidos e 263 milhões de pessoas – 75% da população – que viram pelo menos um filme na sala de cinema. O analista Michael Pachter prevê que haja um crescimento de 1% em 2019, que se traduz num novo recorde de 12 mil milhões de dólares.

“ Toda a gente tem uma cozinha, mas ainda se sai para comer ” – afirmou Charles Rivkin, CEO da Motion Picture Association of America.

Rivkin diz que a cada inovação na indústria do entretenimento há sempre o receio de que isso acabe com a indústria cinematográfica. Este dá como exemplo as imagens faladas, os filmes de technicolor, a televisão, o cabo básico e até os smartphones. Mas, ao fim de contas, “ ainda continuamos aqui ”. Charles Rivkin assumiu o comando da MPAA em 2017 e “abraçou” a Netflix. A plataforma de streaming foi a primeira do tipo a juntar-se à MPAA, estando agora ao lado da Disney, da Paramount, da Sony, da Fox, da Universal e da Warner Bros.

De acordo com um estudo do grupo EY’s Quantitative Economics and Statistics, as pessoas que vão ver filmes aos cinemas com mais frequência são as pessoas que consomem mais conteúdo em streaming.

Contudo, continuam a existir tensões entre a Netflix e os proprietários de cinemas. Tradicionalmente, os estúdios de Hollywood, e até mesmo a Amazon, adotaram um período de exibição de 90 dias, o que significa que o filme será exibido nos cinemas durante esse período de tempo, antes de ser disponibilizado num aplicativo de serviço de streaming.

Contudo, o lucro financeiro não é a única razão pela qual os cineastas e os donos de cinemas querem que os filmes sejam exibidos nos cinemas. O realizador do filme “Asiáticos Doidos e Ricos” (2018), Jon M. Chu, admite que teve de escolher se queria este seu filme numa sala de cinema ou numa plataforma de streaming, sendo que o cineasta refere que “ não foi uma escolha óbvia para alguns, mas para nós era ”.

“ Se quiséssemos afetar a cultura à escala global, fazer parte do diálogo que era necessário, e urgente, sabíamos que havia apenas uma maneira de apresentar o nosso filme, e isso era na sala de cinema ” – Jon M. Chu.

Ao que tudo indica, haverá mais agentes no mundo do cinema que irão contestar as plataformas de serviço de streaming, mas a verdade é que estas podem estar em “harmonia” com as salas de cinema, nunca esquecendo que a paixão pela 7.ª Arte será sempre o ex libris de todo este debate.

Artigo escrito originalmente em Cinema 7ª Arte, da autoria de Diogo Vieira, tendo sido aqui reproduzida com a devida autorização.

Fonte: Comunidade Cultura e Arte

 

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