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Bernardo Bertolucci, um cineasta sobretudo sincero

30-11-2018 - Redação Carta Maior

Nascido na cidade de Parma, morre em Roma um dos mais importantes artistas italianos, grande amigo do cinema novo brasileiro e um dos principais representantes da era dourada da cultura italiana no século XX.

Aos 77 anos, morreu em Roma Bernardo Bertolucci, um dos grandes cineastas da era de ouro do cinema italiano, um dos mais respeitados intelectuais da época dos grandes debates políticos de uma Itália então reconhecida como grande potência européia cultural e econômica, um país ainda distante da entrada na cena política de Silvio Berlusconi e das suas crias populistas e neofascistas atualmente no governo.

Um grande amigo de quem fazia cinema, no Brasil, nos tempos da ditadura civil-militar brasileira – quando vários realizadores e técnicos do cinema novo procuraram e encontraram asilo em Roma - Bertolucci foi, em especial, um amigo íntimo do diretor Paulo Cesar Sarraceni e autor de várias obras primas.  

Entre os seus filmes, todos de algum modo políticos, lembramos de  La commare secca,  Antes da revolução, A  estratégia da  aranha,  O conformista,  Novecento,  O último imperador, O pequeno Buda, Beleza roubada, Último tango em Paris, La luna, O céu que nos protege, e, mais recentemente, Assédio, Os sonhadores e Eu e você.

Aos que o viam como um descobridor de atrizes, ele comentava: "Isso me importa pouco". Para ele, o fundamental era a possibilidade de seus filmes serem vistos através dos tempos. "Meus filmes existem, e as pessoas podem vê-los, ’’ dizia.  

Mas foi ele quem descobriu ícones como Dominique Sanda (O conformista, de 1970); Maria Schneider (Último tango em Paris, 1972) e Liv Tyler, (Beleza roubada, 1996).

Bertolucci foi profeta quando disse: ’’Em breve, nós vamos ver filmes nos maços de cigarro, nos relógios, ’’ se referindo à rapidez com que ocorrem as mudanças tecnológicas. E hesitava em ter seus filmes exibidos em plataformas digitais. “A definição e a nitidez são muito grandes, mas eu queria que o filme tivesse uma qualidade impressionista", comentou, cinco anos atrás.  

E confessava sua admiração pela nova onda de séries de televisão americanas, em especialBreaking Bad. "Os filmes, nesses últimos tempos, não são muito interessantes, ao contrário das séries que conservaram o ritmo que a gente via antes, no cinema. Hoje, todos os filmes têm de ação, mesmo que não sejam. Nas séries, ainda podemos ver personagens que olham as coisas, ou contemplam o céu".

No fim da vida, deixou este recado: "Se um jovem me perguntasse o que é mais importante a fazer para começar uma carreira de cineasta, eu diria a ele para ser sincero e seguir seu coração. É muito importante ser completamente honesto no que a gente faz.’’

Fonte: Carta Maior

 

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