Eu não percebo o universo que me envolve
e onde querem enquadrar-me…
Sou, por certo, uma carta fora do baralho,
uma ovelha tresmalhada…
Sou, digamos,
uma rês particular
que não percebe as regras do rebanho…
Querem conduzir-me
dócil e pacato ao açougue para que possam devorar-me?...
Não aceito as regras
para a felicidade dos antropófagos vencedores
assente na desgraça dos vencidos…
Tirem-me deste filme
em que a comodidade e bem-estar d’alguns
se estriba na insegurança dos restantes…
Não entendo que a segurança de uns tantos tenha que estruturar-se
sobre um rastro de cadáveres…
Está para lá da minha compreensão que o exemplo da democracia
tenha assentado num rastro de sangue…
Se firme em mentiras e fraudes
e em guerras de destruição massiva
de povos e de países inteiros…
Preparam-se, agora, canhões e bombas, para novas Hiroximas e Nagasakis e organiza-se um novo Apocalipse?...
Um complexo destruidor
impôs, ao mundo, as regras democráticas
da bomba e do canhão…
Aniquilaram-se povos e países… extorquiram-se riquezas e direitos
e soltaram-se os monstros indomáveis…
Em nome do roubo e da ganância
tudo vale…até rechaçar o Prémio Nóbel
para se poder matar os semelhantes de uma forma mais soft…
Os senhores da guerra
vendem, agora, a segurança a bom preço
para poderem reinar sobre a desgraça do mundo…
Eu não pertenço a esta fita de terror…
não aceito pertencer a esta cinematografia
onde estou a mais… Tirem-me deste filme !....
Matos Serra
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