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ENTREVISTA A NATÁLIA GROMICHO
Do Ocidente para Oriente

05-08-2016 - N.A.

Natália Gromicho, considerada uma das pintoras contemporâneas portuguesas com mais destaque a nível internacional, expõe  Do Ocidente para Oriente , no Museu do Oriente. Com 20 anos de carreira, Natália já representou o país em diversas exposições internacionais em Itália, Austrália, Singapura e, mais recentemente, Macau. Agora chegou a vez de, finalmente, expor a solo num museu da cidade que a viu nascer. Para ver, até 11 de setembro.
 
A exposição que agora apresenta no Museu do Oriente é a sua primeira grande mostra a solo num museu português. Como surgiu esta oportunidade e o que podemos esperar desta exposição?
A oportunidade de expor no Museu do Oriente, em Lisboa, surgiu através de um convite feito pela Fundação Oriente, após o meu trabalho ter sido reconhecido internacionalmente. A Fundação contactou-me para que, juntas, desenvolvêssemos um trabalho que só poderia ser feito se eu tivesse uma passagem pelo Oriente. O processo todo demorou sensivelmente três anos. Estive em Nova Deli, na Índia, em Timor-Leste, Singapura, Xangai… Fiz ainda uma residência artística em Macau, onde vendi uma exposição toda antes de ter sido pintada, o que é algo inédito. Nesta exposição está muito trabalho. Muito mesmo. São 71 obras de diversos formatos, realizadas entre 2012 e 2016. Umas percorreram comigo o Oriente, enquanto outras foram diretamente influenciadas pelas minhas viagens, sobretudo a Singapura.
 
É do conhecimento geral que a Natália é apaixonada pelo Oriente. O que atrai tanto nessa zona do globo?

Amo o oriente. Atrai-me, principalmente, a sua disciplina, a forma como o seu povo se entrega àquilo que faz, seja na produção de arte ou, simplesmente, em coisas do quotidiano. Também me atrai muito a cultura, a arquitetura, o vestuário, a gastronomia e o comportamento do povo oriental. No entanto, as gentes são muito perfecionistas e eu adoro inverter isso. Fui lá para lhes mostrar que as coisas nem sempre têm que ser perfeitas e que, ainda assim, continuam a ter o seu valor.
 
A Natália é uma das artistas plásticas portuguesas mais internacionais. Depois da sua estreia no estrangeiro, em Itália, o que mudou na sua carreira?

Depois de Itália seguiu-se a Austrália, onde vendi metade da minha exposição no dia da inauguração. Aí foi a primeira vez que a comunicação social deu um pouco de atenção ao meu trabalho. Posteriormente, surgiu o convite para integrar o  Open Day  da LX Factory com quadros de grande formato e, consequentemente, a necessidade de ter um atelier, visto que não tinha forma de o fazer em casa. Acabei por alugar um espaço da Câmara Municipal de Lisboa no Chiado. A partir daí começaram a surgir novos convites, nomeadamente de Miami, nos Estados Unidos.
 
Como é que a Natália se descreve enquanto artista plástica?
Insane . Agora, vejo-me como abstracionista. Mas já fui outras coisas. Na escola secundária sempre tive nota máxima a desenho, porque o professor pedia três desenhos para o fim de semana e eu entregava 50. Eu trabalho como se estivesse na escola. Eu trabalho muito.
 
Houve uma altura em que a Natália desistiu da pintura figurativa. Porquê?
Porque me fartei completamente de estar a fazer bonequinhos. Pintura figurativa qualquer um pode fazer. Para fazer retratos mais vale tirar uma fotografia. Não consigo suportar o perfecionismo. A perfeição é anti natura, porque o homem já por si é imperfeito.
 
Em 2013 abriu o seu próprio atelier, o Atelier Natália Gromicho, no Chiado. Fale-nos um pouco do conceito do espaço e qual foi o impacto que teve na sua carreira.
O conceito veio comigo dos Estados Unidos. A ideia é pintar ao vivo, para que, através de uma vidraça, as pessoas que passam na rua me vejam no processo de criação. Ao entrarem, podem ainda ver o meu acervo, falar comigo, sem barreiras. Com a abertura do atelier deixei de ser tão sonhadora, porque percebi que, na realidade, ninguém tem interesse em ver outra pessoa a pintar. Eu estou ali a pintar ao vivo e isto, para a grande maioria das pessoas, é indiferente. Principalmente para os portugueses. 90% das pessoas que nos visitam são turistas, que param, entram, e por vezes até compram. Houve inclusivamente uma família do Dubai que entrou e comprou, na hora, cinco obras. Aqui ninguém dá valor, mas isto lá fora vale muito.
 
No ano passado comemorou 20 anos de carreia. Que balanço faz do seu percurso até aqui? E como gostaria que fossem os próximos 20?
Ao mesmo tempo que acho que estes 20 anos passaram muito rápido, não me posso esquecer que foi extremamente difícil estar onde estou hoje. Trabalhei muito, investi muito dinheiro, e só quando comecei a ter sucesso lá fora é que me começaram a reconhecer cá dentro. Em relação aos próximos 20 anos… Não gosto de falar do futuro, só posso dizer venham mais 20, com saúde.

[ por Ana Rita Vaz | fotografias de Humberto Mouco/CML-ACL ]

Exposição

NATÁLIA GROMICHO

Do Ocidente para o Oriente

22 jul a 11 set/16

Museu do Oriente

Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte)

1350-362 Lisboa

 

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