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EPE: A ler com prazer também se aprende Português

26-02-2016 - Ana Grácio Pinto

Promove, desde 2012, a leitura de autores de literatura portuguesa ou de expressão portuguesa. O Plano de Incentivo à Leitura destina-se aos alunos do Ensino Português no Estrangeiro (EPE) e está a criar hábitos de leitura em crianças e jovens de ascendência portuguesa e lusófona, um pouco por todo o mundo. E porque a leitura ajuda a desenvolver as capacidades de aprendizagem, a melhorar a literacia e a estimular o conhecimento, o PIL é um programa que o Camões, I.P. vai manter. No presente ano lectivo há já actividades a decorrer e outras programadas...

Iniciado no ano lectivo de 2012-2013, o Plano de Incentivo à Leitura (PIL) é um projecto de promoção da leitura de autores de literatura portuguesa ou de expressão portuguesa lançado pelo Camões, I.P. Promover os hábitos de leitura e o conhecimento de obras de autores lusófonos, são as principais metas deste programa, “no reconhecimento de que a leitura permitirá o desenvolvimento da literacia e a formação de cidadãos mais comprometidos com a sua língua e com a sua cultura”, informa o Camões, I.P.

O PIL é, assim, um instrumento que estimula o gosto pela leitura, aumenta o conhecimento de autores e obras de expressão portuguesa e desenvolve hábitos de leitura, enquanto dinamiza as competências de leitura e de escrita. Mas o programa vai mais além, já que é uma ferramenta de incentivo à participação de pais e outras pessoas das comunidades locais, nas actividades de leitura realizadas com os alunos e permite a circulação dos livros na escola e na comunidade.

Três eixos de acção

O envio de Bibliotecas às Coordenações de Ensino, a formação de professores na área da promoção da leitura e a realização de actividades que desenvolvem práticas de leitura de obras portuguesas ou de expressão portuguesa são os três eixos que fundamentam o PIL.

As bibliotecas são constituídas por conjuntos de livros de autores portugueses ou de língua portuguesa, organizados por faixas etárias e por nível de conhecimento do Português. São organizadas em quatro grupos - pré-escolar (dos 4 aos 6 anos), A1 (até aos 10 anos), A2/B1 (dos 11 aos 14 anos) e B2/C1 (a partir dos 15 anos) - e começaram a ser enviadas no ano lectivo de 2013-2014. “Em cada momento fez-se a identificação das necessidades de cada Coordenação de Ensino Português no Estrangeiro (CEPE), uma vez que estas têm necessidades diferentes, no que respeita à quantidade e ao tipo de biblioteca de que precisam, o que se prende com o número de alunos de cada CEPE e com os níveis de ensino que frequentam”, explica o Camões, I.P.

Já a formação de professores em ‘Promoção da Leitura - Ler em Português’ foi realizada em 2013-2014, sensibilizando os docentes para o desenvolvimento de práticas e hábitos de leitura e de escrita e levando-os a interagir entre eles na criação de estratégias que incentivem a leitura junto dos seus alunos. O terceiro eixo prende-se com a dinamização de projectos e acções que desenvolvam “práticas de leitura junto dos alunos dos ensinos básico e secundário do EPE em qualquer das suas modalidades de organização”.

A escola, a família, a comunidade

Os inúmeros projectos e actividades realizados no âmbito do PIL são orientados para três vertentes: Ler na escola, Ler em família e Ler na comunidade. No fundo, o objectivo é criar e desenvolver hábitos de leitura não apenas no ambiente escolar, mas também junto da família dos alunos e na comunidade onde residem.

Entre os projectos dinamizados, pode-se destacar o ‘Consigo, Ler’, que convida pais, encarregados de educação ou outras pessoas da comunidade local, a deslocarem-se à escola para realizarem sessões de leitura em voz alta para os alunos. Já o projecto ‘Companheiros de Leitura no EPE’ tem criado redes de voluntários que promovem actividades de leitura, como a leitura a par, a leitura em pequenos grupos e o apoio a crianças com dificuldades na leitura. Um outro projecto, o ‘Leva, Lê, Troca’, tem gerado redes de partilha de livros. Obras que, dessa forma, circulam não apenas pela escola, mas também pela comunidade onde se inserem os alunos.

Para além destes projectos, merece destaque o Concurso Internacional de Leitura, realizado em parceria com o Plano Nacional de Leitura (que promove em Portugal o Concurso Nacional de Leitura), a Direcção-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e a Rede de Bibliotecas Escolares. O protocolo de cooperação entre o Plano Nacional de Leitura e o Camões, I.P., foi assinado em Abril de 2013, e o Concurso tem de tal forma a adesão dos alunos do EPE, que na sua segunda edição, uma das alunas participantes veio a Portugal competir na final do Concurso Nacional de Leitura. A aluna, da CEPE França, obteve uma Menção Honrosa pela sua prestação.

A Biblioteca de Turma, a Biblioteca Itinerante e a Leitura Orientada, são outros exemplos de acções realizadas no âmbito do PIL, assim como o ‘Encontro com um Escritor’, que no ano lectivo de 2014-2015 levou 33 autores de língua portuguesa a visitarem turmas de alunos da rede EPE.

Mais de 39 mil alunos
participaram em 2014-2015

Os números reforçam o sucesso que o PIL tem obtido junto do EPE. A título de exemplo, refira-se que no ano lectivo de 2014-2015, houve 355 actividades diferentes de promoção da leitura, que registaram um total de 39.052 participações de alunos e 1358 participações de docentes, informa o Camões, I.P. E só em 2015, foram enviadas mais de 400 bibliotecas para a rede EPE. Os projectos ‘Leitura Orientada’, ‘Encontro com um Escritor’, ‘Consigo, Ler’, ‘Companheiros de Leitura no EPE’ e ‘Leva, Lê, Troca’, foram os que tiveram um maior número de realizações, seguidos das actividades ‘Biblioteca Itinerante’ e ‘Biblioteca de Turma’.

Há novidades Em 2015/2016

No actual ano lectivo, há projectos que se mantêm e outros que estão previstos. O Concurso Internacional de Leitura regressa para a sua terceira edição, estando a decorrer desde 5 de Novembro de 2015. Mantém-se o incentivo “à dinamização dos projectos do PIL realizados nos anos lectivos anteriores, através de convite à participação dos alunos e docentes”, como refere o Camões, I.P., mas há também novidades.

A 14 de Março, vai realizar-se o primeiro curso de formação a distância sobre ‘Promoção da Leitura na Era Digital’, como oferta gratuita do Camões, I.P. para os docentes da rede EPE e ministrado pela Dra. Isabel Alçada. Esta formação surge no âmbito de um protocolo celebrado com a Associação para o Voluntariado de Leitura e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Outra novidade deste ano lectivo é o concurso de leitura e escrita ‘Ler como quem joga - Escrever como quem pinta’. Lançado no início de 2016, realiza-se em parceria com o Plano Nacional de Leitura e outras instituições, estando a decorrer ao mesmo tempo em Portugal e na rede EPE.

As Bibliotecas Escolares

As bibliotecas escolares portuguesas integram o PIL e são dinamizadas pelo Camões, I.P. com o objectivo principal de “promover a leitura junto dos alunos que frequentam os cursos de língua e cultura portuguesas” da rede EPE, como explica Rui Vaz, coordenador da Divisão de Programação, Formação e Certificação, da Direcção de Serviços de Língua e Cultura. Enviadas para as Coordenações de Ensino Português no Estrangeiro em cada país, são aí distribuídas em escolas ou outras instituições onde se ministra o EPE.

“Os envios de bibliotecas procuraram ir ao encontro das necessidades identificadas”, referiu Rui Vaz, revelando que entre 2013 e 2015, foram enviadas 1.046 bibliotecas “para todas das CEPE e todas as faixas etárias”.

No ano letivo de 2013-2014, foram 618 as bibliotecas enviadas. Em finais de 2014, foram adquiridos novos títulos, alguns de acordo com as sugestões de leitura do Plano Nacional de Leitura, entidade parceira do Camões, I.P., informa ainda Rui Vaz, acrescentando que em 2015, foram enviadas 428 bibliotecas.

Começar a ler “o mais cedo possível”

No Luxemburgo, por exemplo, foram já distribuídas 21 bibliotecas, pelas diferentes escolas do país. Livros que “estão à disposição de todos os alunos e não apenas dos que frequentam os nossos cursos”, como sublinha o coordenador do EPE no Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo).

Cada biblioteca reúne cerca de 115 a 120 livros, revela Joaquim Prazeres. “São bastantes obras, mas é de referir que há neste momento escolas onde mais de 60 por cento dos alunos são de origem portuguesa. Temos escolas onde há 400 a 500 alunos portugueses a frequentá-las”, destaca, acrescentando que há uma forte procura de livros em língua portuguesa em escolas desde o pré-escolar até ao 6º ano de escolaridade. Neste momento a Coordenação está a colaborar com o Ministério da Educação luxemburguês, de maneira a fornecer listas de livros em língua portuguesa que as escolas podem adquirir.

Em 2016, a distribuição dará prioridade às bibliotecas escolares destinadas ao ensino pré-escolar (alunos dos 4 aos 6 anos), revela ainda Joaquim Prazeres, explicando que o objectivo “é começarem o mais cedo possível a ler em português, já que a língua portuguesa esta presente na escola, desde a mais tenra idade”. A Coordenação possui ainda uma biblioteca com cerca de quatro mil livros. Este vasto conjunto de obras, levou à criação das ‘bibliotecas itinerantes’: “os professores de Português levam algumas obras para as escolas, onde dinamizam sessões de leitura, e as emprestam aos alunos, para que estes as leiam em casa com os pais. “Temos visto resultados positivos porque, muitas vezes, os pais são estimulados depois a comprar um livro em vez de um brinquedo”, conta Joaquim Prazeres.

Bibliotecas num ‘país-continente’

Nos Estados Unidos da América, a distribuição de bibliotecas escolares também tem sido um sucesso. “O Camões, I.P. pensou, e muito bem, em oferecer estas bibliotecas escolares, que contemplam os vários níveis do ensino”, opina o Adjunto da Coordenação do EPE nos EUA. João Caixinha assegura que, em média, tem sido possível oferecer um conjunto de cerca de 90 livros a cada escola, o que considera ser “uma biblioteca bastante completa”. O responsável lembra que nos EUA, o universo dos estabelecimentos escolares contempla não apenas as escolas públicas americanas que integram o ensino do Português, mas também as inúmeras escolas comunitárias abertas em associações e clubes portugueses. “Ler em português permite, no fundo, conhecer melhor a língua e manter a ligação à cultura portuguesa. E muitas das escolas comunitárias têm um grande interesse em fazê-lo, porque estão mais longe de Portugal, porque o transporte de livros para cá é caro, e, assim, tudo o que possamos realizar para aproximá-los da nossa língua, é de louvar”, destaca João Caixinha.

Em 2015 foram distribuídas 80 bibliotecas a escolas da região da Nova Inglaterra - que integra estados como Massachusetts e Rhode Island, todos com grandes comunidades portuguesas. Este ano, deverão ser contempladas escolas em outras localidades com forte emigração lusa, como Newark. Apesar da dimensão territorial dos EUA, a Coordenação tem conseguido distribuir as bibliotecas de uma forma célere. “Temos feito um esforço nesse sentido porque sabemos que é importante que as escolas usufruam dos livros o mais rápido possível”, sublinha João Caixinha.

Para além das bibliotecas escolares, o Camões, I.P. desenvolveu ainda outro espaço de divulgação da literatura portuguesa: a Biblioteca Digital (BDC), integrada na plataforma digital Centro Virtual Camões, que tem como principal critério a publicação de obras integrais, para leitura gratuita. A colecção é composta por mais de 2.000 documentos e cobre várias áreas temáticas, desde a arquitectura à arte, história, música ou literatura.

De entre o inúmero acervo pode referir-se a Colecção Contos e Novelas Portuguesas do Século XIX e a Colecção 98 Mares, que reúne títulos de autores da língua portuguesa, entre os quais Fernando Pessoa, Eça de Queirós e Alexandre Herculano. Os mais jovens têm à sua disposição colecções como ‘A aventura dos descobrimentos’ e ‘Era uma vez um rei’, que procuram dar a conhecer, em edições multimédia, aspectos relevantes da História de Portugal”, informa o Camões, I.P.

Ana Grácio Pinto

 

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