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A DANÇA DA MORTE EM 12 ROUNDS

04-09-2015 - N.A.

'Play Strindberg' na Comuna

Edgar (Carlos Paulo), um capitão de artilharia, e Alice (Maria do Céu Guerra), uma  antiga atriz, culpam-se mutuamente por terem abdicado das suas vidas e ambições em nome do casal, vivendo há 25 anos isolados do mundo numa ilha remota da Suécia. Um dia, o amável e enigmático Kurt (Igor Sampaio), primo de Alice, aparece para visitá-los. A Dança da Morte, de Strindberg, 'dançada' em 12 assaltos segundo Dürrenmatt, está em cena, a partir de 10 de setembro, no Teatro da Comuna. A encenação é de João Mota.

Em meados dos anos 50 do século passado, o dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt (reconhecido por  A Visita da Velha Senhora ) apropriou-se da peça de August Strindberg  Dança da Morte , propondo um novo “arranjo” para o dilacerante drama de um casal que vive isolado numa remota ilha sueca. Mais curta do que a peça original, e tornando a constante tensão entre o casal num refinado exercício de humor,  Play Strindberg  seduziu João Mota neste seu regresso a “casa”, a Comuna, depois de três anos à frente do Teatro Nacional D. Maria II.

“Dürrenmatt deu a este Strindberg um toque de Pirandello, onde cada um sobre a sua verdade se apunhala constantemente”, sublinha. O encenador relembra que Jorge Listopad a levou à cena em finais de sessentas, na Casa da Comédia, sob o título  Dança da Morte em 12 assaltos , propondo a alusão a um combate de boxe. “Uma ideia que recupero nesta encenação porque, efetivamente, a besta anda à solta e é de um combate mortal entre estas personagens que a peça trata.”

Mas, João Mota vai mais longe: “a peça não se resume apenas aos dramas de uma mulher que falhou na profissão e no casamento, e do seu marido militar, aristocrata falido, nem mesmo ao do distinto visitante que vem acelerar as tensões. A brincar, este texto toca em todas as feridas do universo privado e da própria sociedade”. Talvez por isso, “a peça continua a ser profundamente atual.”

Dançada em doze  rounds , com o público em volta do ringue, este é um espetáculo que prima por nos devolver o prazer mais autêntico do teatro, a partir de um notável texto e de um trio de extraordinários atores: Maria do Céu Guerra, Carlos Paulo e Igor Sampaio.

[ texto de Frederico Bernardino | fotografias de Francisco Levita ]

 

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