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Luso-suíça Ana Vilela apresentou exposição inspirada em artista português

21-08-2015 - Filipa Soares

A obra de Rafael Bordalo Pinheiro, considerado o maior artista plástico português do século XIX, já vinha servindo de inspiração a Ana Vilela desde 2011. Este Verão, a artista, nascida em Lisboa e casada com um suíço, apresentou, nas Caldas da Rainha, onde Bordalo Pinheiro revolucionou a cerâmica, a exposição “Bordalo Barroco”.

Num espaço com 250 metros quadrados, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, no centro de Portugal, foi possível apreciar o percurso artístico de Ana Vilela, que exibiu “peças à Bordalo”, mas também outras obras que já tinha no ateliê.

“Gosto imenso do tema”, realça Ana, referindo-se ao artista plástico, que já tinha elegido como um dos “Vultos do Atlântico” para uma exposição colectiva com este nome, realizada na capital portuguesa, em que participou. “Gostei muito da possibilidade de fazer colagens, de sair do plano do azulejo. Gosto muito de histórias, do figurativo, de introduzir texto e o Bordalo para mim é isto.”

A artista integrou nas suas cerâmicas e azulejos peças zoomórficas do Bordalo, como rãs, sapos, andorinhas, pombos e peixes, através da técnica de colagem. “Estas aparecem pontualmente sobre temas vegetalistas pintados num contraste entre superfícies rugosas e lisas, utilizando técnicas mistas de areia, barro, vidro e vidrados coloridos transparentes”.

Ana Vilela diz que é difícil vender este “tema muito das Caldas” aos turistas, em Lisboa: “Já experimentei fazer peças sem aquele sapinho do Bordalo e vendem-se lindamente, mas se tiver o sapo os estrangeiros não compram, porque não o reconhecem ou não gostam.

O Carnaval de Basileia

Se Ana tem dificuldade em vender temas tipicamente portugueses aos estrangeiros, o mesmo acontece quando tenta vender temáticas helvéticas aos compradores lusos. Casada com um suíço, que conheceu em 1988, no Porto, quando ela participava num restauro na Sé e ele se preparava para dar um curso de informática, a artista já teve como fonte de inspiração o Carnaval de Basileia, terra natal do marido.

O resultado foi apresentado na exposição colectiva “Arte e Artistas Suíços em Portugal”, no Museu da Água, em Lisboa, em 2003. “Normalmente, os azulejos nunca são considerados como arte, mas os meus azulejos, com máscaras do Carnaval de Basileia e bobos, estavam no corredor de entrada a receber as pessoas”, sublinha.

Uma parte deste trabalho está agora exposta num restaurante na Graça, em Lisboa, que pertence a um português e a um suíço. “Tudo o que tem a ver com os bobos as pessoas gostam e compram, mas o que tem a ver com figuras típicas de lá já não são tão fáceis de vender”, afirma.

Artista ou artesã?

Ana Vilela não se considera “propriamente uma artista”. “Um artista é um Julião Sarmento, um Pedro Calapez, que tem uma galeria por trás e que vende peças a quatro, cinco ou dez mil euros”, distingue durante a entrevista para swissinfo.ch. Vê-se mais como “uma artesã que, de vez em quando, faz umas coisinhas um bocadinho diferente e dá para fazer uma exposição”.

Ora, Ana já expôs em vários locais em Portugal e na Suíça, mas o problema é que as exposições ficam caras, sobretudo quando são fora de Lisboa, onde reside, e o retorno é muito baixo: “Fica-se com uma data de coisas que não se vendem, porque são diferentes, porque têm acrílico, são pesadas…” Foi o que lhe aconteceu, uma vez mais, nas Caldas da Rainha.

“O que eu gostava muito era de ter trabalho em vez de exposições”, queixa-se Ana. “Não posso dizer que viva disto. Vivo para isto, que é uma coisa diferente. Foi mais uma profissão sustentada pelo emprego do meu marido do que uma profissão que se sustentasse. Eu só queria, pelo menos, que ela se sustentasse a si própria. Se não fosse o meu casamento, talvez já tivesse desistido e voltado a dar aulas”. O problema é que agora o marido, Alfred Bader, está desempregado.

Ana sabe que o mais sensato agora seria ficar em casa com o marido a colocar as suas peças “num daqueles pontos de venda da internet alemães”, para divulgar o seu trabalho fora de Portugal, pois aqui “quase não há mercado” mas detesta a ideia. “Eu acho sempre que trabalho é ir para o ateliê vidrar e pintar. É isso que eu gosto de fazer, mas neste momento a maneira de estar mais visível é a internet e eu não estou lá.”

Entretanto, a artista, sem dinheiro para alugar uma loja, vê-se forçada a vender na rua.

Fonte: .swissinfo

 

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