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“passarinhos”

13-09-2013 - Carlos Gil

razões além do que se conta levaram-me a uma esplanada longe, tão longe como um bairro em decrepitude da capital, um dos que mal conheço, sempre ‘en passant’ dum ali para outros onde. não abri um livro, e na mochila levava dois. nem, na altura, (isto) escrevi. fiquei olhando, observando, fotografando caras e poses - as roupas que as pessoas usam, na pressa do novo atulhando um novel arquivo interior com impressões, deduções, e de tanto e tanto talvez algumas impressões sejam mesmo factos. talvez. as roupas que os estranhos usam para serem reconhecíveis dum outro lado da rua seduzem e baralham mas são só o que são, embalagens vivas. fiquei em mim com o silêncio do bulício, observando-o, viciante engano de conhecimento: é tudo sempre igual seja onde for.

como aqui? sim, as roupas. (lá; cá) não me sonho peregrino e menos ainda me sinto devoto, o cinismo do que já foi fofo e hoje, calejado, é duro, diz-me que é novamente tudo igual, são roupas senhor, a decrepitude é sempre ‘en passant’, agora as tardes são todas belas e prometem mundos de mel. um bairro, e este é o meu bairro.

e participarei, pensei-o lá, prezo o silêncio minúsculo de dois riscos em cruz, já está, já está e sinto a importância do um anónimo, já está e depois retorcerei o meu mundo para o regresso à quietude mansa onde as únicas ondas são as minhas leituras e a procura dum encadeamento feliz de letras, às vezes acontecem. mas direi e farei, não me abstenho.

é que eu pelo-me por uma boa história de amor.

…/…

sou um mentiroso. quando o Eduardo me convidou a subscrever uma coluna periódica a vaidade e a amizade disseram que sim, mas cá dentro reservas ensimesmadas levaram-me a «mas de política não! estou farto, caramba…», e ele, aquele olhar sacana pousado um segundo extra, a avaliar «então queres escrever de quê, ó caramelo?». «sei lá. olha, passarinhos. isso! passarinhos. o que me apetecer, pá». e assim ficamos. passarinhos. bem… menti, está visto pois leram-no, está escrito que menti. é que, repito-o, se há algo que não me deixa indiferente é uma boa história de amor…

votarei.

os passarinhos não fogem, ouço-os diariamente em qualquer janela - e para isso o bairro é pormenor.

Carlos Gil

Nota - A pontuação é da responsabilidade do autor do texto

 

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