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Daniela Melchior: “O estado da Cultura em Portugal não nos permite sonhar”

12-05-2023 - Alexandre R. Malhado

A atriz portuguesa é uma street racer em Velocidade Furiosa X. Admite que não percebe de tunings, mas estudou Suki e a estética cool da saga. Em entrevista à SÁBADO, fala sobre os bastidores e a sua amizade com Vin Diesel (a quem tentou convencer a passar férias em Lisboa), mas também sobre ambição e política.

Uma das estrelas do momento em Hollywood é nossa conterrânea. A portuguesa Daniela Melchior tem papéis em dois dos maiores blockbusters de maio, o Velocidade Furiosa X e Guardiões da Galáxia 3 — e apesar de ainda viver em Lisboa, vai "onde tiver que ir" para trabalhar. Foi esta segunda-feira, sentada numa divisão do Ritz Four Seasons hotel, que recebeu a SÁBADO com um sorriso descontraído para uma entrevista. O pretexto é o novo capítulo da saga Velocidade Furiosa, que estreia dia 18 de maio nos cinemas portugueses, onde Melchior dá à vida a Isabel, uma street racer brasileira cujo destino se cruza com Dominic Toretto (Vin Diesel) — mas a conversa levou para política, paixões e sonhos.

"Ambiciono começar a produzir as coisas que faço", revela. Já deu por si a participar nesse sentido neste Velocidade Furiosa X, uma experiência especial que vai "guardar com muito carinho". Não percebe muito de tunings, admite, mas conhece bem os mais de 20 anos de saga Velocidade Furiosa, cujos filmes começou por ver em pequenina pelas "corridas" e "visuais cool". Para interpretar Isabel, por exemplo, Melchior estudou Suki, do segundo capítulo da saga.

Depois de brilhar como Ratcatcher 2 em O Esquadrão Suicida, ao lado de Margot Robbie e Idris Elba, a portuguesa de 26 anos volta às luzes da ribalta este mês. Se como estudante de cinema tinha o sonho de "fazer cinema em Portugal" — onde o estado político da Cultura não deixa os atores portugueses ganhar asas —, acabou por voar muito mais alto. Política à parte, guarda um enorme amor por Portugal — e até terá convencido Vin Diesel a vir passar umas férias a Lisboa.

Maio foi um mês produtivo para si. Nós, cinéfilos, podemos vê-la em dois universos: Velocidade Furiosa e Marvel. O que significa para si fazer parte destas mitologias?

Não sei ao certo. Sinto que ainda estou a digerir tudo isto. Ainda não tenho a big picture do que é fazer parte. A nível pessoal, a parte emotiva em si, é uma experiência que nunca me vou esquecer e são pessoas pelas quais sempre vou guardar carinho.

De Velocidade Furiosa, já era fã?

Já era fã da saga, sim. Inicialmente, nos primeiros filmes, não tinha noção do que estava a ver – era mais pela cena das corridas, os visuais cool…

Na altura dos primeiros filmes, era muito pequenina.

Sim, sim! Nem lia legendas, nem nada! Nem sabia ler. [risos] Foi a partir do quinto filme que me apercebi: ‘Ok, isto é muito mais do que imagem’. Isto é sobre a família, ter valores e tudo mais. E agora enquanto atriz integrante, é com enorme paixão, orgulho e carinho pelo projeto.

Onde tiver que ir, onde o projeto estiver a ser rodado, eu vou. Mas a viver, espero continuar por Lisboa.

A partir de agora, Daniela Melchior será associada às personagens de Isabel (em Velocidade Furiosa X) e Ura (Guardiões da Galáxia 3). Faz coleção das figuras de ação que vão saindo?

Sim, guardo! Eu só tenho uma action figure, da Ratcatcher [personagem do universo DC que interpretou em Esquadrão Suicída], e tem a máscara posta. O braço mexe e tudo. Ah, e também tenho um Funko Pop [boneco de colecção]. Também me ofereceram uma versão personalizada sem máscara. Da Ura, acho que não vai sair Funko Pop, não sei, veremos… E da Isabel, veremos também!

E do que puder contar deste filme do Velocidade Furiosa, quem é a Isabel?

A Isabel é uma corredora de ruas do Rio de Janeiro e transporta nela uma culpa, que tenta resolver, mas ao longo da vida dela não consegue até chegar a cruzar-se com o Dom [personagem interpretada por Vin Diesel] – e penso que eles acabam por se curar um bocadinho um ao outro.

O que foi mais fácil: compreender a personagem Isabel, para assumir a sua pele, ou imaginar como é pegar num carro que tem nitro?

Não precisei de preparação nenhuma, não! [risos] Preparar personagens é a minha praia, de carros não percebo nada. Por exemplo, características que diferenciem os quatro carros da principal corrida do filme? Pois, não sei.

Mas assumiu a postura.

Sim, isso sim. E de facto, o material que estudei para assumir essa postura foram os filmes anteriores.

Alguma personagem passada a inspirou em concreto?

A Suki [personagem do filme Velocidade Furiosa 2, o segundo filme]. É a minha primeira memória do Velocidade Furiosa. Dos filmes desta saga, foi a minha principal inspiração para criar esta Isabel e a postura dela enquanto racer.

Não me quero aprofundar muito na política, mas acho que a situação atual da cultura em Portugal não nos permite sonhar

Uma das coisas deste filme é a importância do "legado". Aliás, na primeira vez que falou com Vin Diesel, esse foi um dos pontos referidos. Como foi o processo de se juntar ao elenco, desde as primeiras chamadas às filmagens? Do que se lembra?

Fui muito bem recebida. De facto, do que me lembre, a mais especial foi essa primeira conversa que tive com o Vin. Ele passou-me a paixão pelo projeto, que é muito mais do que uma saga – isto é a vida dele. São muitos anos a fazer esta saga e isto fez parte de mais de uma década da vida dele. O Vin transporta isso para o set e para nós, novas personagens e atores que se vão juntar à família.

Como já foi noticiado, houve filmagens em Portugal. Viseu, Vila Real, Lisboa e Almada. Como especialista no nosso País, deu recomendações de restaurantes ou atividades a fazer por cá? Admito que imaginei o Vin Diesel ou a Charlize Theron a beber Dão ou a comer pastéis de nata.

Por acaso gostava de ter feito essas recomendações. Mas por acaso, acho nem vieram cá atores, nem sei se vieram, e a equipa de produção que esteve cá, não tive contacto com eles. Mas, por exemplo, com o Vin, imensas vezes em que estávamos no set os dois, estava sempre a dizer a meio de uma onda de calor em Londres ou imensa chuva: "Vin, em Portugal ‘tá-se muito melhor. Tens que ir lá passar o fim de semana."

Uma boa embaixador de Portugal, portanto.

Sempre!

Há cada vez mais portugueses a singrar em produções de Hollywood. Mas para o talento português, ainda parecem poucos. Por que não somos mais? É timidez? É medo de arriscar lá fora?

Não me quero aprofundar muito na política, mas acho que a situação atual da cultura em Portugal não nos permite sonhar.

Cortam-vos muito as asas?

Sim, é muito por aí. De tal maneira, que quando comecei a tirar o meu curso profissional de artes do espetáculo e comecei a trabalhar em Portugal com a primeira telenovela que fiz e tudo mais, a minha maior ambição era um dia poder tentar fazer só cinema em Portugal.

Quando comecei a fazer cinema em Portugal, o meu maior sonho era: "eish, adorava fazer uma participação num filme em França ou em Espanha". Porque de resto, a nossa cultura em Portugal não nos permite sonhar, a verdade é essa.

O seu futuro vai passar mais por Los Angeles ou Lisboa?

Não só em L.A., mas no mundo em geral. Onde tiver que ir, onde o projeto estiver a ser rodado, eu vou. Mas a viver, espero continuar por Lisboa.

Quais são os próximos projetos?

Várias opções para este ano ainda. Estou já a trabalhar num projeto em Portugal, português mas com componente internacional, e ambiciono começar a produzir as coisas que faço.

Imagino que o Vin Diesel, também produtor do novo filme do Velocidade Furiosa, também a tenha inspirado a tal.

E faz muito sentido. Às vezes via o nome dos atores associados à produção e não percebia bem – não sabia se era por motivos financeiros ou para terem uma palavra a dizer. Entretanto, em termos criativos, comecei a perceber que estava a participar nesse sentido, sem ter o meu nome nos créditos.

Sinto que ainda estou a digerir tudo isto. Ainda não tenho a big picture do que é fazer parte [dos universos Velocidade Furiosa e Marvel]

Fonte: Sabado.pt

 

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