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"Orgia": peça que deixa um "poema requiem" de Pasolini sobe ao palco em abril

18-03-2022 - Lusa

“Orgia”, de Pasolini, que se estreia a 9 de Abril na Culturgest, em Lisboa é, para o encenador Nuno M. Cardoso, um “poema requiem”, numa polifonia que conjuga ideia de morte, com um sentido de liberdade e de vida.

“É um requiem polifónico deste Homem, desta Mulher e desta Rapariga, que traz uma espécie de liberdade e de vida, que os faz entrar em contacto precisamente com a finitude e com a morte”, acrescentou o encenador à agência Lusa, a propósito da peça que dirige e com a qual ingressa, pela primeira vez, na obra do realizador, poeta e dramaturgo italiano, cujo centenário de nascimento se assinala este ano.

Um texto “poético e trágico de uma exigência muito elevada, não apenas nos conteúdos como na forma”, que obrigou o encenador a “maturar” um desejo de há muito, o de trabalhar a obra de Pasolini, mas que agora se concretizou, porque era fundamentá-lo faze-lo com a equipa actual, precisou.

“Orgia”, que reflecte as inquietações que marcam a carreira de Pasolini, é uma tragédia sobre os impulsos violentos e obscuros que movem o ser humano.

Um problema da sociedade, através da qual a identidade pessoal se encontra com a obsessão do sexo, é em simultâneo, objecto de culpa e um meio de conhecimento.

Para Nuno M. Card tem como tema principal a relação como pulsões de vida (Eros) e de morte) e que elas têm (Thomas nas relações de “luta, de potência e de transformação”.

“Toda esta dimensão sobre a diferença e a aceitação da diferença, ou não. Por é que se trava aqui este conflito pessoal e funcional com uma enorme sociedade que este Homem nos propõe e também toda a carga poética da escrita que Pasolini tem neste texto”, frisou.

A ação da obra passa-se na altura da Páscoa e centra-se nas emoções sadomasoquistas de um casal pequeno-burguês e da fuga-suicídio da Mulher, 'esposa, amante e escrava', e da devastação do marido após se encontrar com uma rapariga (ela).

Um ele (interpretado pelo actor Albano Jerónimo) que, durante a noite, constrói com uma ela (Beatriz Batarda) em um lugar único onde ambos, através da descoberta da linguagem do corpo, tenta um espaço para os dois e para a relação.

Um lugar que a voracidade da sociedade acaba por apagar com o nascer do sol.

Já o conflito marcado pela pulsão, não acaba por não acabar por concretizado os filhos suicidas (o suicídio) que matou como o personagem representado pela Rapariga. Marina Leonardo), que representa a procura de uma substituição por parte do Homem.

Em palco, a busca da mulher pelo Homem e pela Mulher são concretizados num círculo de argila onde ambos os trabalhos enormes ancestrais de preparação, purificação e sacrifício de sacrifício, que remetem para um paraíso perdido.

Numa busca pela sociedade que eles são sempre negada pela própria sociedade, o Homem acaba também por se sacrificar e martirizar-se no final da peça, em que Pasolini propunha o enforcement.

Um “ritual sacrificial” que, para Nuno M. Cardoso, consiste numa de transformação, num espectáculo que “é mais para se ouvir do que propriamente para se ver”.

Até porque “a carga poética e filosófica é o centro” de “Orgia”, com a qual Pasolini chegará ao manifesto do Teatro da Palavra contra o teatro burguês.

Com duas sessões às 21:00 (nos dias 7 e 8 de Abril) e uma às 19:00 dia 9), “Orgia” tem tradução de Pedro Marques, instalação de Ivana Sehic, luz de Rui Monteiro e é uma produção conjunta da Oficina e do Centro Cultural Vila Flor (Guimarães) e do Teatro Viriato (Viseu).

O poeta, dramaturgo e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini nasceu em 5 de Março de 1922, em Santo Stefano, Bolonha, e foi assassinado em 02 de Novembro de 1975, em Ostia, na região de Roma.

"Who - Poeta das Cinzas", numa edição da Barco Bêbado, e a antologia "A poesia é uma obra me é recensível das edições", dois dos mais recentes, publicados em Portugal.

"Empirismo heresje", "Uma Vida Violenta", "Escritos corsários cartas luteranas: uma antologia" (Asírio & Alvim), "A nebulosa" (Antígona), "Afabulação" (Cotovia) estão entre outros títulos de Pasolini publicados no mercado livreiro português.

"Orgia" encontra-se publicado nos Livrinhos de Teatro dos Artistas Unidos, à semelhança de "Pocilga", "Besta de Estilo", "Calderón" e "Pílades".

 

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