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Arshile Gorky e a Coleção – uma exposição na Fundação Calouste Gulbenkian

26-09-2014 - N.A.

Exposição da Coleção do CAM orientada segundo quatro grandes temas: o Retrato, a Natureza-morta, o Surrealismo e a Abstração. Diversas obras de artistas portugueses como Amadeo de Souza-Cardoso, Mário Eloy, Vieira da Silva, Mário Cesariny ou Paula Rego dialogam com a obra de Arshile Gorky (c.1904–1948), artista de origem arménia, emigrado nos EUA em 1920. Gorky desenvolveu uma pintura aliando abstração e surrealismo, constituindo um forte estímulo ao Expressionismo Abstrato americano do pós-guerra.

No Surrealismo, encontra os instrumentos expressivos essenciais à revelação da sua voz interior que, na década de 1940, ganha características únicas e o leva a produzir obras que estarão na origem do expressionismo abstrato, a primeira grande corrente internacional da arte norte-americana. Gorky instila novo ânimo no “Surrealismo Naufragado” que se refugia nos EUA durante a II Guerra Mundial. Participará, a convite de André Breton e de Marcel Duchamp, na exposição surrealista de Paris, em 1947, a primeira grande manifestação artística na França do pós-guerra.

Apesar de nunca ter visitado Paris ou sequer a Europa, Gorky adotou a matriz francófona e alemã – dizia-se aluno de Kandinsky –, que constituiu também a principal influência procurada pelos modernistas portugueses. A sua obra encontra várias afinidades com a produção dos artistas portugueses que viajaram à procura de um ambiente criativo moderno.

Inventada por Apollinaire em 1917, a palavra Surrealismo indicava uma “agudização do real” mas o sentido é modificado na definição dada por André Breton, seu principal mentor, com a publicação do Primeiro Manifesto do Surrealismo, em 1924. Para Breton, o homem é o “sonhador definitivo” e o surrealismo um “automatismo psíquico puro, pelo qual se pretende exprimir (…) o funcionamento real do pensamento (…) na ausência de qualquer vigilância exercida pela razão, para além de qualquer preocupação estética ou moral.”

Em Portugal, Surrealismo e Neo-Realismo surgem do contacto com as correntes internacionais e como expressão artística de contestação ao regime salazarista.

Enquanto busca da “voz interior” e exaltação da imaginação e do sonho, o surrealismo distancia-se do envolvimento político direto do neo-realismo. Os surrealistas portugueses fazem e desfazem alianças, envolvem-se, excluem-se, afastam-se de ações conjuntas, e produzem assinalável obra visual e literária que frequentemente se entrecruza. Cesariny exalta a escrita automática como “a descoberta do século”, e um grande “cadavre-exquis” pintado, o primeiro desta dimensão jamais feito, é apresentado na Primeira Exposição Surrealista, realizada em 1949, no atelier de António Pedro.

Cronologicamente, o Surrealismo nas artes visuais ganha maior expressão em Portugal entre 1947 e a exposição final de 1952, na Casa Jalco, ao Chiado, onde, a par das pinturas de Marcelino Vespeira e de Fernando de Azevedo (algumas já totalmente abstratas), são apresentadas fotografias de Fernando Lemos, única experiência surrealista portuguesa neste suporte.

 

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