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O que são esses quadrados pretos no meio da rua? Existem mais de 4.500 marcas destas em Portugal

31-07-2020 - Lusa

Como marcas de nivelamento usadas para medir altitudes no nível nacional, mas que em cidades e vilas portuárias também usam zero hidrográfico, uma referência solicitada para a previsão de altura das marés, são geralmente desconhecidas da população. O território português possui mais de 4.500 marcas, localizadas nas principais estradas e vilas e cidades, que compõem a Rede Nacional de Geometria Geométrica de Alta Precisão, permitindo medir a altitude em qualquer ponto do país.

A Rede Nacional de Geometria Geométrica de Alta Precisão, um sistema oficial criado a partir de 1938, que permite a altitude em qualquer ponto do país, utiliza um total superior a 4.500 localizações estáticas, quase três faixas das principais marcas de nivelamento principal.

Nas localidades portuárias, em menos de 14 dos 19 portos do continente e ilhas, como marcas de nivelamento principal (NP) - uma inscrição metálica quadrada, que não chega a 10 peças laterais, chumbada na pedra em locais históricos, monumentos, estações de trem ou autarquias - exibir, cumulativamente, ou zero hidrográfico.

Este é um referencial usado para a previsão das marés e para a segurança da navegação marítima, através das profundidades indicadas nas cartas náuticas, e que em Portugal é definido "pelo nível mais baixo das baixas marés registadas em período médio, normalmente 18, 6 anos ", refere a Direção-Geral do Território na sua página da Internet.

As marcas de nivelamento principal situam-se, na sua globalidade, em locais imutáveis ​​ao longo do tempo. Em Óbidos, distrito de Leiria, a NP 222 está localizada no Paço de São João Batista, junto à porta da vila, confirma uma arqueóloga do município, Dina Matias.

Ali, nenhuma situação hidrográfica zero, acordo com informações do Instituto Hidrográfico (IH) da Marinha, 58,4 metros abaixo da marca, referência para o porto de Peniche, localizado a 18 quilômetros (km) na linha reta.

Arlindo Nunes, taxista há 19 anos, na praça ao lado do prédio, onde sempre viu uma marca, associa-a a "qualquer coisa útil com o edifício, uma data talvez".

Ou então "talvez quisesse dizer 'nacional português'", atira ou taxista, quando informado da inscrição NP 222 não está disponível com os passos que se cumprem nas procissões religiosas, sendo antes uma espécie de número de série (a primeira marca de nivelamento principal solicitado em Cascais, na porta principal da Cidadela, em 1938, tem o número um).

No mesmo degrau, ao lado da marca, senta-se diariamente em um grupo de reformados, para ver os visitantes e conversar entre si, porque com os turistas "nem conversas nem fotos, que não gostam", explica ou taxista.

Os jornalistas "menos ainda", anunciam um deles, escudam revelar o nome de quem, "nascido e criado em Óbidos há 75 anos", "desde sempre" conhecedor da marca, cujo nome é atribuído ao número de etapas [das procissões] pelo país fora, que aqui em Óbidos são cinco ".

Mas, como "um homem está sempre aprendendo", ele acaba "tem como ver como também não é estranho". Em tempos, "aquela varanda lá em baixo era tudo lagoa [de Óbidos] e ali na estação há umas argolas onde há prédios de barcos", esclareceu.

"Isso sim, são marcas que percebem, agora esta, um sentam-se, outros pisam, ninguém liga", remata.

Na Figueira da Foz, litoral do distrito de Coimbra, a marca NP 96 passa despercebida para quem circula na rua Fernandes Tomás, na baixa da cidade. Está localizada na fachada traseira da Câmara Municipal, quase no nível do passeio, sem acesso a uma janela, e nem um livro editado em 2001 sobre o edifício dos Paços do Concelho (cuja construção foi concluída no final do século XIX) e faz qualquer alusão .

O presidente do município, Carlos Monteiro, soube pela Lusa da existência, atualmente local, da marca de nivelamento principal - que situação zero hidrográfica a 5,4 metros abaixo -, por exemplo, o capitão do porto João Lourenço, que ainda sabe o que significa , dadas as suas funções, desconhecia onde se situava.

"Claro que é uma descoberta. Já havia visto uma placa, mas nem sequer tinha curiosidade de perceber - ou até parece ruim - ou é que placa indica ou representa. No mínimo, vai despertar a curiosidade das pessoas", admite Carlos Monteiro.

João Lourenço retomou uma função da marca NP 96, relativamente ao zero hidrográfico: "É um plano referencial segundo ou qual faz todas as medidas marítimas e variáveis ​​de porto a porto".

Mais ao norte, em Viana do Castelo, uma marca NP 27 está gravada na soleira do lado esquerdo da porta principal da estação de caminhos de ferro e passa despercebida aos passageiros apressados ​​que chegam ou partem de trem.

Alertado pela Lusa, confessar nunca ter sido dado pela sua presença, desconhecido ou seu significado (ali, zero hidrográfico fica a 17,8 metros abaixo), como o chefe da estação ou um maquinista.

Já funcionou a bilheteira, situado mesmo à entrada da porta principal, ficou a saber a localização da placa "porque, de vez em quando, quando alguém entra a fazer medições", sem que conheça a sua utilização.

Em Lisboa, segundo IH, zero hidrográfico "situa-se 7,6 metros abaixo da marca situada na pilastra do lado direito na face sul do pedestal da estátua de D. José", no Terreiro do Paço.

Alheios é este marco, é uma obra do escultor Joaquim Machado de Castro, de 1775, no centro da Praça do Comércio, que os turistas são enviados para descansar e tirar fotografias, sem ter conhecimento da sua utilização.

Mas também especialista desconhecido ou seu significado: contactado pela agência Lusa, ou Gabinete de Estudos Olímpicos, que dedica ao estudo da cidade de Lisboa, não revela nenhum investigador que saiba explicar o sentido da marca de nivelamento principal e sua história.

D. José I 'guarda' outra marca de nivelamento principal, desta vez em Vila Real de Santo António, distrito de Faro, localizado no meio da Praça Marquês de Pombal, sem degrau mais alto do obelisco que homenageia ou monarca.

Na praça, onde é habitual as crianças brincarem sob a supervisão dos pais e passam diariamente muitos residentes nos vestiários do dia-a-dia, uma Lusa testemunha como uma família olha como brincadeiras dos filhos sem perceber que, nenhum lado norte do monumento, de frente para a Igreja católica de Nossa Senhora da Encarnação, não está pavimentando uma marca em metal, nem um degrau mais alto do pelourinho.

"Há anos que venho passar férias em Vila Real de Santo António e nunca me apercebi que estava aqui no chão. E também não sabia que havia marcas deste tipo de dispersão por país", reconhece Francisco Frazão.

Apesar da importância da placa metálica NP 155 para a definição de zero hidrográfico, que define 6,8 metros abaixo do registro em Vila Real de Santo António, sua presença também é desconhecida, como Guilherme Ramos, que admite ter vivido " uma vida inteira na cidade sem nunca ter reparado nela ".

"É curioso uma marca nessas principais praças da cidade, também brincado aqui em crianças e vivido mais de 40 anos sem nunca ter visto o que ela estava aqui no chão, nem ouvido falar nesse tipo de marca", afirma.

Ainda existem marcas de nivelamento principal que zero zero hidrográfico em menos de quatro igrejas, como em Faro e Lagos, no Algarve, mas também em Sines, no litoral alentejano.

Aqui, o referencial das marés está situado a 35,9 metros abaixo da marca NP 210, existente na porta principal da igreja Matriz, no centro histórico, paredes meias com o castelo da cidade e junto à estátua do navegador Vasco da Gama, de olhos postos no mar.

Se uma marca passa despercebida para quem visita e percorre aquela zona, nem mesmo quem entra e sai diariamente da igreja Matriz recebeu um dado de sua existência, como é o caso do diácono Joaquim Simão.

"Frequentemente, uma igreja desde 1995 e há oito anos que o diácono e nunca havia reparado nesta marca ou ouviram falar 'zero hidrográfico'. Veja o que os homens 'roubaram' espaço ao mar para construir e basta olhar para o porto de Sines e que já cresceu para perceber como ganha terreno ao mar ", afirma Joaquim Simão.

À entrada da igreja, ou diácono, de 80 anos, diz que a partir de agora vai “dar a conhecer esta curiosidade" aos fiéis.

Também na igreja de S. José, no Campo de São Francisco, no centro histórico da cidade de Ponta Delgada (Açores), guarda uma "curiosidade" que "a maior parte da população desconhece", segundo ou local.

Na soleira da porta principal, uma marca de nivelamento principal dá zero hidrográfico a 10,5 metros abaixo e "a maior parte da população desconhece este detalhe de referência, que não tem fundo de cuidados e atenção a ter com o mar", comenta Duarte Melo.

Segundo ou pároco, "há um desconhecimento da maior parte da população" sobre esta curiosidade, o que não implica em que a população não seja tratada, até porque a história dos Açores foi marcada por várias calamidades naturais.

Portugal tem mais de 4.500 marcas no território que servem para medir a altitude

O território português possui mais de 4.500 marcas, localizadas nas principais estradas e vilas e cidades, que compõem a Rede Nacional de Geometria Geométrica de Alta Precisão, permitindo medir a altitude em qualquer ponto do país.

Este sistema foi criado a partir de 1938, com a colocação da marca de nivelamento principal original (NP 1) na entrada da cidadela de Cascais - uma inscrição metálica quadrada, que não chega a 10 seções de lado, chumbada na pedra. Esta é uma referência para todas as restantes, explicando especialistas da área.

Em licenças na agência Lusa, o verificador de Ciência e Conhecimento na Câmara Municipal de Viana do Castelo, ou o geólogo Ricardo Carvalhido, argumentou que conhecer uma altitude absoluta de um objeto é um "exercício fundamental em várias tarefas humanas".

"Não se constrói uma ponte ou uma barreira sem referência, mas também não consegue conhecer a forma ou o clima ou o nível do mar que evoluiu ao longo do tempo", referiu.

Também pesquisador do Centro de Ciências da Terra da Universidade do Minho usado como várias marcas da Rede de Geometria Geométrica de Alta Precisão existente em Viana do Castelo para trabalhos de doutoramento, associado com outros sistemas da Rede Geodésica Portuguesa "para poder usar a evolução clima e nível do mar do noroeste peninsular e ao longo dos últimos 400 mil anos ".

A marca de nivelamento principal NP 27, localizada na estação de caminhos de ferro de Viana do Castelo, combina com outro, outro tipo, que está na escada de acesso à ponte Eiffel, na mesma cidade do Alto Minho, serviram de instrumento de trabalho de Ricardo Carvalhido na classificação de Alcantilado de Montedor como monumento natural.

Neste local natural "estão preservadas como praias ancestrais" há 410 mil anos, 330 mil e 220 mil anos, localizadas, respetivamente 18 metros, 13 metros e oito metros acima do nível do mar, que, em Viana do Castelo, está referenciado cerca de oito polegadas abaixo do nível do mar de Cascais.

Ouvido pela Lusa, comandante Pinto da Silva, chefe da Brigada Hidrográfica do Instituto Hidrográfico da Marinha, explicou, por sua vez, qual o nível médio do mar referido em Cascais é "um nível médio adotado" para ficar "fixo no tempo" e dar uma referência altimétrica para Portugal.

Assim, foi elaborado um trabalho no nível nacional, ao longo do último século, que "transportou" uma cota referenciada em Cascais para outras marcas que "têm outra altitude", disse Pinto da Silva.

Segundo ou engenheiro hidrógrafo, como marcas de nivelamento principais foram colocadas em locais que “ficam perenes no tempo" - como igrejas ou monumentos, entre outros - e quem precisa de fazer uma determinada alteração "com precisão vê qual é a marca mais próxima" .

Além das marcas de nivelamento principal, que são cerca de três centenas, uma rede inclui milhares de outras, como chamadas rodas ou pontos coordenados, que são "moedinhas pequeninas com dados", sensivelmente do tamanho de uma moeda de cinco cêntimos, frisou ou chefe da Brigada Hidrográfica. .

Estas, existentes aos milhares - por exemplo, na Estrada Nacional 109, entre a Figueira da Foz e Aveiro, existe uma roda a cada dois quilómetros - utilizar para gravar a altitude "com grande precisão, de testes", mostrada.

Contudo, ao contrário das marcas de nivelamento principal, que existem imutáveis ​​há anos, os pontos coordenados, até a sua localização, são várias vezes "apagadas" da rede, por obras públicas em estradas ou cais de acostagem, entre outras.

Uma página na Internet da Direção-Geral do Território possui um mapa interativo que permite conhecer todas as marcas existentes, embora algumas, especialmente as pequenas rodas, sejam referenciadas em locais que já não existem.

Na Figueira da Foz, uma das pequenas moedas localizadas junto ao posto de trânsito da Polícia de Viação e Trânsito (antecessora da Unidade Nacional de Trânsito da GNR), num local hoje ocupado atualmente pelo cais comercial e onde desembocava a ponte também desapareceu entre duas margens do Mondego, retirada na década de 1980 após a construção da ponte Edgar Cardoso.

Na mesma página, a Direção-Geral do Território sustenta que a Rede Nacional de Geometria Geométrica de Alta Precisão "é uma infraestrutura que administra o sistema de altitudes rigorosas oficiais para o território nacional, servindo, por isso, apoiando os mais diferentes tipos de projeto ", como vias de comunicação, obras de arte, planos de detalhamento ou construção de barragens.

* Por José Luís Sousa e Andrea Cruz, da agência Lusa

 

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