Barca Velha (1991)
12-09-2014 - Pedro Solano
Um Barca Velha é um Barca Velha: um vinho de topo, de excelência. Digam o que disserem este é um produto de eleição. O texto começa pelo fim para que não restem dúvidas que não vou embarcar na crítica fácil. O Barca Velha é um ícone e muito merecidamente.
A rolha já apresentava algum desgaste e não foi fácil retirá-la mas lá se conseguiu! As primeira impressões foram algo preocupantes já que os aromas a fruta compotada alertavam para alguma erosão do vinho. Optámos por o decantar durante cerca de uma hora, e assim deixá-lo respirar antes de retirar conclusões.
Resultou na plenitude. Os aromas assentaram, o vinho reequilibrou-se e tudo pareceu ficar em harmonia.
Fruta vermelha, madura, sem exageros, folha de tabaco, especiarias e uns compreensiveis toques de ferrugem que ajudavam a não esquecer que (sem que seja um decano) já tem 23 anos. De volume robusto, e com salpicos de acidez, o vinho enchia a boca, com elegância, deixando um rasto taninoso que pedia o próximo gole.
A noção omnipresente na prova era de harmonia. Nos Barca Velha sente-se o equilíbrio dos sabores, a complexidade, a elegância. Faz-nos pensar que algures no mundo há pessoas que conseguem olhar para terra e uvas e compor uma partitura sublime onde a natureza parece domada.
Tenho muita pena que o preço destes vinhos, por qualquer medida proibitivos, impeçam o seu consumo minimamente regular. Mas é compreensível que um vinho tão especial apenas seja destinado a ocasiões raras.
Castas: Tinta Roriz, Tinta Amarela, Touriga Nacional e Touriga Franca;
Preço: não sei, foi da responsabilidade (mérito) do Nuno Barroca;
Nota: 18,5
E Tudo O Vinho Levou – Pedro Solano
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