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Questões Oportunas

O QUE VALEM AS SONDAGENS
21-01-2022 - Francisco Garcia dos Santos

No passado dia 7 de Janeiro a RTP iniciou a divulgação de sondagens semanais efectuadas pela Universidade Católica, tendo a última, antes de escrever estas linhas, sido divulgada em 12 do corrente mês, precisamente 7,30 horas antes do longo debate entre António Costa e Rui Rio ocorrido nesse mesmo dia.

Logo após o debate supra referido, o jornal Expresso fez uma espécie de sondagem entre alguns comentadores, a qual deu uma ligeira vantagem a Rui Rio -segundo os comentadores inquiridos, numa escala de pontuação entre 6 e 9 pontos: Clara Ferreira Alves atribuiu a Costa 7 pontos e a Rio 9; Daniel Oliveira 7 a Costa e 6 a Rio; HenriqueMonteiro 5 a Costa e 6 a Rio; Paulo Baldaia 6 a Costa e 8 a Rio; Luís Aguiar-Conraria 7 a Costa e 7 a Rio; ou seja, 3 comentadores deram a vitória a Rio, 1 um empate entre ambos e outro 1 vitória a Costa.

Veremos os resultados dassondagens após tal debate.

Penso que as sondagens efectuadas pela Universidade Católica, até porque em pretéritos actos eleitorais, foram aquelas cujos resultados foram os mais próximos dos verificados nas “urnas”, sem menosprezo para outras entidades que as fazem, considero-as “aproximadamente mais credíveis ou fiáveis”. Contudo, entre as percentagens dos inquiridos que respondem “indeciso”,“não sabem ou não respondem”, bem como os que afirmam “votar branco, nulo ou noutros partidos” e“abster-se”, tudo somado à “margem de erro”, podemos considerar que se encontram em disputa cerca de 30% ou mais do eleitorado(e isto vale para todas as empresas que se dedicam a esta actividade). Assim, afigura-se-me que na noite do próximo dia 30 o resultado eleitoral pode ser (ou não) uma “surpresa”, sobretudo para o PS de António Costa e partidos à sua esquerda.

As sondagens efectuadas pelas grandes estações televisivas britânicas BBC e SKY são consideradas a nível mundial as mais fiáveis, já que cada uma encomenda as suas e, a final, em conjunto, encomendam uma terceira a uma outra entidade diferente das que fizeram as primeiras, na qual, para além de serem tidos em conta os resultados obtidos por cada uma das ditas estações, fazem uma última, resultando o prognóstico dum mixde todos esses resultados.

Contudo, mesmo com o rigor possível supra referido, erram!

Recordo-me de que nas eleições legislativas britânicas de 2015, cujo então Primeiro-Ministro e recandidato do Partido Conservador David Cameron, e Ed Miliband seu oponente líder da Oposição protagonizada pelo Partido Trabalhista, na dita sondagem final, ambos os candidatos e seus partidos “aparecerem”empatados, podendo até os “torys”perder para os “labouristas”. Porém, para grande surpresa geral, o conservador Cameron obteve a maior “maioria absoluta” de sempre do seu Partido, e o trabalhista Miliband uma derrota esmagadora, vendo o seu partido ser “varrido” do mapa eleitoral, sobretudo na Escócia, tendo os seus tradicionais votantes optado peloPartido Nacionalista Escocês (SNP) liderado pela independentista Nicola Sturgeon; mas também noutros territórios do Reino Unido, desde Inglaterra à Irlanda do Norte, passando pelo País de Gales.

Isto prova que até as mais “fiáveis” sondagens do Mundo, e não manipuladas ou manipuláveis, se enganam, pois uma coisa são as respostas dos inquiridos e outra os seus votos efectivos no dia das eleições, sendo que há sempre que contar com a “abstenção” que pode influenciar -e muito!- o resultado final, consoante a mesma seja mais de eleitores de direita ou de esquerda, bem como a capacidade de cada um dosprincipais partidos conseguirem ou não entusiasmar e mobilizar os respectivos eleitorados, assim como indecisos e abstencionistas para neles se decidirem ir votar.

No caso português, quem não se recorda das sondagens que precederam as eleições autárquicas de Outubro de 2021 relativamente ao Concelho e Cidade de Lisboa?

Salvo erro, nenhuma delas atribuiu a vitória à Coligação “Novos Tempos Lisboa” liderada por Carlos Moedas, chegando uma a anunciar que a Coligação “Mais Lisboa” (PS-Livre) liderada por Fernando Medina teria 50% dos votos -pasme-se!

Mas o resultado foi o que se viu: a presidência da Câmara foi ganha por Carlos Moedas, a Assembleia Municipal pela sua Coligação e a esmagadora maioria das principais Juntasde Freguesia de Lisboa idem.

Penso que Fernando Medina e seu PS, mais Rui Tavares e seu Livre, ambos coligados como soi dizer o Povo, “contaram com o ovo no cu da galinha”: praticamente não fizeram campanha eleitoral; Medina mostrou-se sempre arrogante e distante dos Lisbonenses e deixou a cargo das Juntas de Freguesia do PS que, a expensas próprias, ou seja, do“bolso” dos munícipes/fregueses,espalhassem pela Cidade enormes cartazes (vulgo outdoors), anunciando que no próximo mandato socialista fariam obras “faraónicas”, desde centros de saúde, infantários, jardins, remodelação/requalificação de várias das principais artérias rodoviárias e, ainda, de edificação de “habitação social” com os “fundos” da chamada “Bazuca Europeia”. E isto para além do então Presidente da Câmara insistir na construção demais absurdas e nefastas “ciclovias” em avenidas e ruas de grande tráfego automóvel da Cidade, as quais só “empatam” o trânsito, desde o mero veículo particular como transportes públicos, passando por ambulâncias e veículos do INEM, sobretudo no sentido descendente da Avenida Almirante Reis, a qualé a via mais rápida para estas últimas, no trajeto norte-sul, chegarem a dois grandes hospitais de Lisboa, como o dos Capuchos e o de S. José, ambos perto da Praça do Martim Moniz -basta um autocarro da Carris parar numa “paragem” ou um veículo de transporte de carga o fazer para abastecimento de cafés, restaurantes e lojas, e logo todo o trânsito fica parado, mais os múltiplos semáforos dessa grande e importante via de que conta com inúmeras artérias que coma mesma se cruzam ou a ela são perpendiculares.

Portanto, se o resultado eleitoral em Lisboa foi o que foi, e admirou muita gente, a mim não me surpreendeu!

Ora nas próximas eleições legislativas, não obstante António Costa andar a fazercampanha eleitoral deste o “chumbo” do Orçamento do Estado para 2022, e a pedir“maioria absoluta” para mais 4 anos de governação, o que a suceder o“libertaria” de “peias” do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa mediante uso do “direito de veto”, não só não me admirará que as vença à “tangente”, como até, por uma ínfima margem, as perca para Rui Rio (em ambos os casos há que contar com o “voto útil”).

Quanto aos demais partidos com “assento parlamentar”, parece-me óbvio que não só o PSD aumentará o número de votos e de deputados, como à sua direita assistir-se-á a uma grande subida do IL e do Chega, conseguindo o CDS eleger entre 3 e 4parlamentares, dependendo da concentração de votos em grandes círculos eleitorais urbanos, como Lisboa, Porto, Braga e Aveiro (contendo desta forma Francisco Rodrigues dos Santos os danos provocadospelas guerras intestinas do seu Partido e “fugas” para o próprio PSD -como “voto útil”-, IL e Chega, evitando assim a respectiva “extinção”); à esquerda do PS julgo que PAN, PCP-CDU e BE (principalmente este último) conhecerão um “amargo de boca”, perdendo eleitorado e deputados, assim como oirrelevante Livrese arrisca a não eleger ninguém para substituir a “desertora e expulsa” deputada guineense Joacine Katar Moreira, já que Rui Tavares parece andar a “mendigar” um “tacho” a Costa, não se distinguindo em nada deste em termos políticos.

Como não sou adivinho nem tenho “bola de cristal”, não me atrevo a fazer prognósticos, a não ser que os partidos de esquerda (PS incluído), mesmo que a partir de 30 de Janeiroconsigam manter uma maioria na Assembleia da República, o PSD e os partidos à sua direita não só irão mais ou menos manter e aumentar significativamente os resultados das eleições de 2019 (oCDSaté provavelmente descerá) e os respectivos números de deputados.

E, não alcançando o PS maioria absoluta (mesmo com o apoio do PAN duvido muito que a consiga atingir), tenho quase por certo de que uma nova “geringonça” com o PCP-CDU e BE não será viável.

Se assim for, mesmo que o PS vença por uma margem mais ou menos mínima as eleições, e até o PSD de Rui Rio viabilize um novo governo de António Costa, não auguro que a próxima legislatura chegue ao fim, quer devido a reprovação do “programa do Governo”, novo “chumbo” do Orçamento de Estado, “moção de censura”apresentada por algum partido e aprovada pelos restantes, ou mera apresentação duma “moção de confiança”proposta pelo próprio Executivo e reprovada pela “Oposição”.

Portanto, ou muito me engano, seja qual for o resultado eleitoral de 30 de Janeiro próximo, prevejo que os Portugueses sejam de novo “chamadosàs urnas” a curto-médio prazo.

Francisco Garcia dos Santos

(Deputado Municipal de Lisboa pelo MPT)

 

 

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