Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 28 de Março de 2024  
Notícias e Opnião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo

Questões Oportunas

ASSÉDIO
07-05-2021 - Henrique Pratas

Hoje vou-lhes escrever sobre uma matéria que tem estado muito nas parangonas dos jornais e nos noticiários televisivos. Como devem ter dado conta antes do dia da mulher vieram a terreiro uma série de figuras ditas públicas na sua maioria mulheres afirmar que foram objeto de assédio por parte de alguns detentores de cargos de chefia e mesmo de donos de certas empresas, para que lhes fossem atribuídos determinadas funções ou “papéis” em casos de novelas, de emissões televisivas, programas de rádio, ou mesmo de participação em filmes.

Obviamente que eu condeno este tipo de práticas, mas, existe sempre um mas, questiono-me porque é que estas mulheres estiveram caladas durante tanto tempo para denunciar esta situação ou questiono mesmo porque é que se sujeitaram a ela, porque em algumas situações que li muitas das mulheres já maduras e não só tinham inteligência para entender a “teia” que lhes estavam a ser montada e podiam muito bem pôr-se ao fresco. Mas não o fizeram, porque provavelmente o dinheirinho proveniente destas situações lhes deu muito jeito para organizarem a sua vida como pretendiam e desejavam, sim porque toda a gente tem direito a ter a sua vida, mas meus caros não vale tudo e poderiam ter sempre “fugido” ou afastarem-se destas situações, sei que seria complicado porque provavelmente lhes fechariam muitas portas e não fariam o que gostavam, mas vir agora anos depois de os factos denunciarem uma situação que ocorreu há muito tempo também não me parece correto, certo seria tê-lo feito na altura própria, mas isso como escrevi anteriormente causava-lhes danos de monta por forma a não poderem vir a exercer a profissão de que gostavam.

Mas o dinheiro não é tudo na vida e um não na altura certa, provavelmente poria fim à repetição de muitas outras situações e no meu entender, não me faz muito sentido, terem alinhado num esquema que não concordavam e vir agora, muitos anos depois denunciá-la, acho pouco digno este tipo de comportamento, porque como lhes escrevi, não vale tudo para ter uma carreira profissional que gostam de exercer.

Por outro lado, lamentavelmente, existem outras mulheres que também foram e são objeto de assédio e têm que se aguentar para receberem o salário mínimo nacional e nunca terão a projeção daquelas que agora junto dos órgãos de comunicação social que as catapultaram para lugares de destaque. É mau, não devia ter acontecido é verdade, mas volto à minha as situações deveriam ter sido denunciadas na altura, mas como diz o Povo mais vale tarde do que nunca e espero que estas denúncias sirvam pelo menos para evitar que futuras situações venham a acontecer às nossas filas e às nossas netas.

Mas existe uma outra situação que ninguém fala ou denúncia que é o assédio que é o que é exercido sobre os homens e como é do vosso conhecimento não temos só nas nossas organizações o assédio sexual, temos também o assédio no sentido mais lato do termo que abrange a coação, a chantagem e outros tipos de práticas, quantos de nós já ouviu as seguintes palavras: “ Vá faz lá o que te digo, e depressa que eu estou à espera….”,mesmo que o trabalhador homem não concorde faz, porque precisa de levar no final do mês o parco vencimento que aufere. Isto também acontece meus caros e não são tão poucas as vezes quanto isso.

Existem muitos trabalhadores que fazem o que lhe pedem e que pensam de forma diferente de fazer as coisas, mas não se atrevem a fazê-lo porque a chefia fica logo com ele debaixo de olho e quando existem prémios, algumas atitudes assumidas contam logo como pontos negativos.

O que vos quero transmitir é que a nossa sociedade já não é tão democrática como foi, onde existia a participação dos trabalhadores, nos dias que correm as chefias e donos de empresas não querem saber da opinião do trabalhador, ele está ali apenas para executar o que mandam e não para pensar, lamentavelmente a nossa sociedade evoluiu par este estado que considero um retrocesso, mas é a realidade e isto é válido tanto para mulheres, como para homens, a decisão passou a estar centralizada nos donos, presidentes e chefias intermédias, aos trabalhadores foi-lhes vedada a possibilidade de participar nas decisões, embora na maior parte dos manuais das organizações surja escrito o seu contrário.

Vivemos numa sociedade do faz de conta, o que está escrito é letra morta, é bonito de se ler mas quando se analisa a prática nas organizações não diz a bota com a perdigota e eu questiono, andamo-nos a enganar para quê, a verdade é como o azeite vem sempre a cima.

Podem ler manuais de conduta elaborados a rigor e com todos os requisitos que nos são exigidos mas depois a prática ou dia a dia não corresponde em nada com o que está escrito e gasta-se dinheiro a rodos a manuais de conduto e outros manuais de boas práticas e depois nada se cumpre, não entendo, enganamo-nos com que intuito? Só se é para que os medíocres consigam sobreviver e muito facilmente que os novos métodos de gestão não chegaram às organizações, para os mais velhos, estas práticas já são sobejamente conhecidas, vêm lá de trás.

Para mim os manuais são importantes mas mais importante é a prática que quem que estar em consonância como que está escrito em cada um dos manuais que regulem as práticas das empresas.

Acresce a isto tudo que a GESTÃO DAS PESSOAS, não é uma tarefa fácil e não está ao alcance de todos e é das funções mais desgastantes numa organização quando bem exercida, porque tem que ser o fiel da balança entre os donos ou Presidentes de uma organização e os trabalhadores e não se pode, em meu entender, criar uma “chapa” para aplicar a todos os trabalhadores, porque eles não são todos iguais, são todos diferentes, reagem a estímulos diferentes e reagem de diferentes formas, para que consigamos ter uma boa GESTÃO DAS PESSOAS, ela nunca poderá estar padronizada, alguns procedimentos sim mas a sua gestão não porque as abordagens que fazemos com eles têm que ser completamente diferentes, tendo em consideração aquilo que já descrevi anteriormente todos os trabalhadores são diferentes e se os queremos respeitar e nos dar ao respeito, temos que os entender e fazer com que entendam as regras que pretendemos implementar.

Mas tudo isto deve ser realizado com uma subtileza e abertura, para que o trabalhador, acredite que de facto o que lhes estamos a dizer é para ser cumprido se não o fizermos e não dermos o exemplo os trabalhadores vão-se sentir traídos e desacreditam em tudo o que dissemos e nunca mas nunca mais os ganhamos para o processo produtivo, vamos ter sempre pessoas contrariadas e desacreditadas e isto é muito mau par uma pessoa.

Termino, voltando à questão inicial o assédio é uma prática corrente, nos dias de hoje, nas organizações exercida tanto nas mulheres, como nos homens, revestem em algumas situações de formas diferentes mas na sua essência não deixam de ser assédio, coisa que jamais deveria existir numa sociedade dita moderna.

Henrique Pratas

 

 

Voltar

 

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome