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Eleições na UNITA animam debate político

18-12-2015 - Miguel Gomes

Disputas internas e tricas com os órgãos de informação do Estado fazem o destaque desta semana de campanha eleitoral.

O maior partido da oposição prepara o seu XII Congresso, que se realiza de 3 a 5 de Dezembro. Com três candidaturas à liderança: Kamalata Numa, Lukamba Gato e o presidente cessante, Isaías Samakuva. Três figuras com um longo trajecto político. A semana foi marcada pelo inédito debate televisivo entre os três históricos do partido – e também por uma animada disputa interna.

Segundo fontes ligadas à candidatura de Isaías Samakuva, que procura o quarto mandato consecutivo (os estatutos da UNITA não limitam o número de mandatos), Kamalata Numa e Lukamba Gato estão a trabalhar numa frente comum contra a actual liderança.

Em declarações ao Rede Angola, Lukamba Gato foi taxativo e desmentiu os rumores. “Nunca ouvi falar disso. Nem sei o que significaria”, afirma o membro da UNITA.

Durante o debate, que foi realizado pela TV Zimbo, na terça-feira, dia 17, foram evidentes as diferenças – Samakuva representa uma linha de continuidade (desde 2003) e consenso, agregando ainda muitos jovens e novos militantes da UNITA; Kamalata Numa é uma figura associada ao estilo e ideias de Jonas Savimbi (uma linha política que continua a existir dentro do partido); Lukamba Gato defende um pacto nacional para a mudança, que inclui o MPLA e a sociedade em geral, naquela que seria uma tentativa de resolver definitivamente as desconfianças sobre os processos eleitorais no país.

Lukamba Gato – que assumiu de forma transitória a liderança do partido, em 2002, depois da morte de Jonas Savimbi – afirma que chegou a sua hora de liderar a maior força da oposição. Para o candidato, ainda hoje perdemos “demasiado tempo a discutir quem começou a guerra” ou “quem atirou a primeira pedra”. “Um pacto de regime serviria para resolver alguns destes problemas”, explica o candidato à liderança da UNITA.

Kamalata Numa insistiu, durante o debate, que o modelo de liderança de Samakuva tem desviado a UNITA do caminho do poder. As palavras indiciam que é defensor de uma oposição mais actuante, mais pressionante, que encoste o MPLA e a sua longa governação à parede. Ao contrário de Gato, não vê grandes benefícios num pacto de regime.

Numa acredita que “o partido poderia ser mais forte e ter maior influência social se organizasse melhor os seus recursos humanos, vigiando de perto os processos políticos, como as eleições, não permitindo que o MPLA renove sistematicamente o poder de forma ilícita”. Nas eleições de 2008 e 2012, a UNITA não foi capaz de ter elementos fiscalizadores em todas as assembleias de voto.

O adversário de Lukamba Gato e Isaías Samakuva acredita que estas deficiências decorrem de um certo amolecimento e falta de organização interna. Mas a candidatura de Samakuva recusa estas acusações, dizendo que não foi por culpa própria que a fiscalização do processo eleitoral tem sido incompleta – o actual líder da UNITA acusa as forças de segurança e o MPLA de complicarem a presença dos delegados do partido junto às assembleias de voto.

Isaías Samakuva alega ter encontrado, em 2002, um partido destroçado, apesar de ter reconhecido as bases deixadas por Lukamba Gato no processo de transição.

O presidente cessante explicou que a sua polémica recandidatura – as redes sociais têm sido um dos palcos preferidos de debate e a decisão de Samakuva é bastante criticada – decorre de uma situação natural: os dois primeiros mandatos foram para organizar o partido e apenas no último a direcção “conseguiu afirmar as suas convicções”.

A acção política resultou, segundo Isaías Samakuva, no surgimento “de novos militantes em todas as províncias” e no desgaste da imagem do MPLA junto dos cidadãos.

UNITA e imprensa pública de costas voltadas

No dia 13 de Novembro aconteceu mais um incidente entre a UNITA e os órgãos de comunicação social públicos: a equipa de reportagem do Jornal de Angola foi expulsa por um militante da UNITA afecto à candidatura de Isaías Samakuva, que se preparava para lançar publicamente a sua campanha, em Luanda.

Segundo Lourenço Bento, director de comunicação da UNITA, os acontecimentos decorrem de uma série de situações que envolvem as duas partes. “Desde que a TPA truncou e manipulou um discurso de Isaías Samakuva que a direcção decidiu, de forma oficiosa e sem fazer grandes alaridos públicos, deixar de convidar os órgãos públicos para as actividades da UNITA”, explica o oficial do partido.

O Rede Angola ligou de forma insistente para o director do Jornal de Angola, José Ribeiro, mas não foi possível obter uma reacção aos acontecimentos. Foi enviada, na terça-feira, 17, uma mensagem privada que também ficou por responder.

Segundo fontes ligadas à candidatura de Isaías Samakuva, o caso envolveu apenas a equipa do Jornal de Angola. Alguns membros que participam na campanha defenderam a presença dos repórteres da TPA, que se mantiveram na sala da LAASP – Liga Angolana de Amizade e Solidariedade com os Povos.

As acusações trocadas entre o Jornal de Angola e a UNITA são cíclicas e não diminuíram nos últimos anos. O mesmo sucede em relação à TPA e à Rádio Nacional de Angola. A UNITA acusa os órgãos públicos de tratamento discriminatório, de manipulação de informação e de não darem espaço ao contraditório e às críticas que visem o MPLA ou o presidente da República.

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), que raramente se pronúncia sobre os diversos casos que envolvem jornalistas no exercício das suas funções, foi rápido a reagir. O novo secretário-geral do SJA considerou, em declarações reproduzidas pelo Jornal de Angola, “reprovável” a postura da candidatura de Isaías Samakuva. Teixeira Cândido disse que a expulsão dos repórteres do jornal de um acto público “viola o direito ao acesso às fontes de informação, atropelando a liberdade de imprensa”.

Fonte: Rede Angola

 

 

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