TERRORISMO RELIGIOSO-POLÍTICO
“Quem semeia ventos colhe tempestades”
22-03-2019 - Manelinho de Portugal
Na passada 6ª feira (dia santo muçulmano como domingo o é para cristãos), 15 de Março, o “mundo” ficou surpreendido e horrorizado com a notícia e imagens da acção terrorista contra muçulmanos inocentes perpetrada pelo “branco” britânico-australiano (não sei se cristão) Brenton Tarrant em duas mesquitas da cidade neozelandesa de Cristchurch, a qual, à hora em que estas linhas são escritas, se saldou em 51 mortos e cerca de 48 feridos.
Segundo Tarrant, o mesmo cometeu tal massacre a título de retaliação contra os múltiplos atentados na Europa contra civis -também eles inocentes- e militares e polícias por grupos radicais islâmicos.
De facto, desde há vários anos a esta parte, que os povos europeus têm vindo a ser vítimas de ataques terroristas cometidos por radicais islâmicos, dos quais resultaram centenas de mortos e milhares de feridos. Apenas a título de exemplo, por terem sido os mais violentos, ou que causaram maior número de vítimas, refiro os seguintes: Estação Ferroviária de La Tocha, Madrid, Espanha; Metro de Londres, Manchester e London Bridge ou Tower Bridge, Londres, Reino Unido; aeroporto de Bruxelas, Bélgica; Bataclan, Paris, França; e até Metro de Moscovo, Federação da Rússia.
Até ao presente as populações e media ocidentais estavam habituados, e quiçá conformados e considerando já como “normal”, o terrorismo islâmico na Europa, “suavizando” as respectivas acções e “desculpando” os seus autores de forma “politicamente correcta”, ou seja, justificando tal com “exclusão social”, “perturbações mentais”, reacção a intervenções políticas e militares de países ocidentais no Médio Oriente e no Norte de África, etc..
Porém, o massacre de muçulmanos na Nova Zelândia alarmou e chocou o “mundo” por ser uma “novidade”, isto é, ter sido o primeiro contra crentes do Islão, e efectuado por um não islâmico e num país tido por desenvolvido, estável e seguro. Dito de outra forma, a acção de Tarrant veio confrontar o “mundo” ocidental com a outra face da moeda do radicalismo civilizacional-religioso-político -o terrorismo era um exclusivo de islâmicos radicais, mas depois de “Critchurch” estes perderam a exclusividade de acções terroristas com motivação religiosa e xenófoba (sim, xenófoba, pois o islamismo ortodoxo despreza e tem por infiéis inimigos todos quantos não professam a religião de Maomé).
Assim, não é de admirar que mais cedo ou mais tarde surgissem radicais de sinal contrário e perpetrassem atentados contra crentes muçulmanos.
Os actos sanguinários de radicais islâmicos e de outras confissões religiosas -ou de nenhuma- são a todos os títulos condenáveis, deploráveis e merecedores da mais veemente repulsa pública e perseguição e punição policial e judicial. Porém (espero que me engane), vaticino que a partir de 15 de Março de 2019, por “inspiração” e mimetismo do que ora se passou na Nova Zelândia, os anti-muçulmanos se repliquem.
É que, como sabiamente reza o provérbio popular, “quem semeia ventos colhe tempestades”.
Manelinho de Portugal
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