RECORDAR GARCIA LORCA
24-08-2018 - Manelinho de Portugal
Apesar de não se saber precisamente a data da morte do grande poeta e dramaturgo espanhol do início do Sé. XX, Frederico Garcia Lorca, a maior parte das fontes diz que terá ocorrido a 18 de Agosto de 1936.
Lorca nasceu a 5 de Julho de 1898 em Fuente Vaqueros, pequeno pueblo andaluz nos arredores de Granada, e, segundo consta (mas sem certeza), já em plena Guerra Civil (1936-1939) terá sido fuzilado a 18 de Agosto de 1936 no pueblo de Viznar, também próximo de Granada, alegadamente por elementos da Guardia Civil a mando das autoridades locais afectas às forças nacionalistas chefiadas por Francisco Franco.
Garcia Lorca foi amigo íntimo do carismático fundador e chefe da FET e JONS – Falange Espanhola Tradicionalista e Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, de cariz fascista, José António Primo de Rivera, e com ele jantava todas as 6ªs feiras -isto para além de outros amigos falangistas como Luís Rosales e José Maria Aizpurna.
Mas também foi amigo dos grandes pintores Pablo Picasso e Salvador Dalí, tidos como de esquerda, e do cineasta Luís Buñuel.
Há quem diga que Lorca era apolítico, mas também quem defenda que: foi maçon socialista e apoiante da Frente Popular republicana (marxista-leninista), ao tempo no “poder” em Madrid e com o controlo territorial de quase metade do território espanhol do sul e sudeste; era de forma mais ou menos pública homossexual; foi vítima de uma disputa entre a CEDA – Confederação das Direitas Autónomas Espanholas de José Maria Gil-Robles e a Falange; a sua família e o próprio estiveram envoltos em “guerras familiares” de latifundiários andaluzes -tudo teses sobre o que terá motivado a sua morte.
No entanto há a realçar dois factos: a 11 de Março de 1937, Luís Hurtado Alvarez escreveu no “Unidad”, órgão de imprensa falangista: “O melhor poeta da imperial Espanha foi assassinado”; e no livro “Palavras de Caudillo” (proferidas entre 1937 e 1938), i. e., do Generalíssimo Francisco Franco, que, segundo ele, “…nesses momentos primeiros da revolução em Granada, esse escritor morreu misturado com os revoltosos; são acidentes naturais da guerra”.
Existem assim várias teses sobre os motivos da sua prisão e fuzilamento, sendo a menos credível que tal tenha tido origem na Falange. Aliás, à data da sua morte, já José António estava preso pelos republicanos, tendo vindo a ser também ele fuzilado a 20 de Novembro de 1936 na prisão de Alicante.
O mistério sobre os motivos, o “mando” e o fuzilamento de Frederico Garcia Lorca permanecem um mistério, bem como o local da sua sepultura, o qual também é sujeito de controvérsia, mas que não cabe agora aqui abordar.
Fica aqui a memória histórica.
Manelinho de Portugal
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