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AS ORDENS DE MARCELO I

20-04-2018 - Jorge Duarte

Há quem diga que já nada surpreende. Num mundo cheio de contradições e absurdos, como o presente, é da própria natureza das coisas que as mentes se forcem à adaptação e se resignem a uma vivência de tempo contínuo, desmemoriadas de passado, sem devir, e apenas se fixando no desejo insaciável do presente, sem questionamento.

Tal assombro é, tão-só, o acontecimento do passado dia 16 de Março lá para os lados da Praça de Espanha, na Mesquita Central de Lisboa. Secretário-Geral das Nações Unidas, Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-ministro, Presidente da Câmara de Lisboa, todos os ex-Presidentes da República vivos (Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Ramalho Eanes), Cardial Patriarca de Lisboa e Núncio Apostólico de Roma. A presença das mais altas figuras do Estado, do Clero e de toda a imprensa. Parece que desceu Deus à terra. Mas não, o motivo foi a comemoração dos 50 anos da Comunidade Islâmica de Lisboa, a primeira a «“repovoar” a Península Ibérica» após a reconquista e a atribuição da mais alta condecoração da Ordem da Liberdade.

De longe veio o Grande Imã da mesquita/ universidade de Al-Azhar, no Cairo, o Sheik Ahmmad Mohammad El-Tayyeb, a mais alta autoridade sunita mundial para comungar da também mais alta agraciação presidencial portuguesa e reivindicar o direito – quase garantido - à nacionalidade lusa dos descendentes de muçulmanos expulsos há 700-500 anos.

O país parou. O islão rejubilou, porque, «O Islão está na alma de Portugal» proclamou o Presidente.

O Islão deu mais um passo de gigante nesse dia, na senda de uma contínua propagação. “É uma religião de paz” (a CIL de Lisboa tem sido), ouviu a Alta Comitiva do mesmo modo que nós ouvimos constantemente – mas nenhuma outra religião têm necessidade de o afirmar. Se desconhecermos o violento passado e presente do islamismo; as dezenas de milhar de atentados no mundo; a violência permanente de muçulmano contra muçulmano, a segregação das mulheres; a destruição maciça de igrejas em todo o Mundo Islâmico; a perseguição de cristãos, judeus, hindus, budistas ou zoroastras; o caos na Europa e ainda a jihad contra os regimes secularistas. Estamos errados porque “isto não é o Islão” ou “quem faz isto são os fanáticos” dizem os “nossos irmãos” em Abraão.

Se quem assim procede é uma pequena minoria (que repete em cada acto o mesmo grito – Allahu Akbar – que Maomé ao entrar na Caaba após a conquista de Meca), mas não o representa, não se viu até hoje uma mobilização geral de líderes e fiéis dignos, decididos a tomar posição contra essa “minoria” violenta que os compromete; denunciá-la e restringir-lhe os movimentos para acreditar que é a paz que almeja e nos faça esquecer os atentados de Nova Yorque, Londres, Boston, Atocha, Paris, Egipto, Tunísia, Bali, Mali, Beslan, Estambul, Casa Blanca, Kénia…

Os factos contradizem constantemente a mensagem oficial.

E nós não queremos acreditar. Tememos não acreditar.

Em 1976, foi criada a Ordem da Liberdade que «deve figurar em primeiro lugar no grupo das Ordens Nacionais» e destinada à defesa dos valores da civilização, da dignificação da pessoa humana e da liberdade.

De então para cá, têm sido às centenas as condecorações da Ordem da Liberdade atribuídas por todos os nossos Presidentes da república; já passam de 500. Medalharam-se todos mutuamente.

Mas, num universo de tantas congregações religiosas, só esta, que eu saiba, é a única merecedora de tão altas presenças e honrarias, secundarizando todas as outras, incluindo aquela que julgava ser a verdadeira matriz, mas não proclamada, da “alma de Portugal”.

Foram “meia dúzia” de pessoas que em 1968 fundaram a Comunidade Islâmica de Lisboa. Logo sonharam profeticamente com o local e a construção da gigantesca mesquita, em terreno cedido pelo município. Não é pequeno sonho – concretizado - para tão ínfima comunidade. A menos que nos esqueçamos que o Islão, não é somente uma religião, é um projecto/ missão/ obrigação, de alcance universal e totalitário. E dessa pequena comunidade inicial, eis a Grande Mesquita Central (financiada maioritariamente pela Arábia Saudita e Kwait), a segunda Grande Mesquita em marcha para a Mouraria, os 54 locais de culto espalhadas pelo país, e uma comunidade com mais de 60 mil fiéis, actualmente. Sementes plantadas para sempre, num país estéril (como toda a Europa) onde facilmente um reduzido (que não é o caso) mas fecundo número hoje, o povoará amanhã.

Todos os impérios, ao colapsar, retornam, mais ou menos, à sua configuração original. O islão, onde entra, já não sai - com escassas duas ou três excepções no mundo desde há mais de um milénio. Basta olhar de Marrocos aos confins da Índia ou Indonésia (tendo começado numa pequena cidade do deserto com 20 mil habitantes, no século VII).

Outra comunidade muçulmana estabelecida em Portugal são os Ismaelitas (xiitas), representados pelo príncipe Aga Khan, e a sua riquíssima fundação.

Em 2017, depois da atribuição do doutoramento “Honoris Causa” pela Universidade Nova de Lisboa, com a presença do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, ex-Primeiro Ministro Pinto Balsemão, deputados, figuras da Igreja e da Instituição Militar este Imã, também foi condecorado pelo nosso actual Presidente com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, numa cerimónia privada, em Belém.

A esta condecoração antecederam-lhe a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem de Mérito. Soma-se ainda o doutoramento “Honoris Causa” atribuído pela Universidade de Évora.

Queira o Senhor Presidente da República saber que o Islão pode estar na sua alma, mas não me converta a mim nem aos supostos 10 milhões de portugueses. Bastam-nos a promulgação constante de leis desenraizadoras e descaracterizadoras da nossa cultura e de valores que foram o sustentáculo dos 900 anos de história que nos manteve. Essa é a nossa única segurança em tempos imprevisíveis que nos garante a identidade, a liberdade e a independência. Do mesmo modo têm procedido os seus homólogos europeus, com o resultado e as consequências de uma União infeliz e clamorosamente falhada que hoje temos.

Para sermos claros: nada é mais poderoso do que um mito, que um ideal ou uma fé.

Tudo isso nós já não temos, mas têm os seus agraciados. Eis a vantagem. E, pior, nós temos o medo e para o camuflarmos desenvolvemos meios de autoconvencimento baseados na idealização da paz que gostaríamos que existisse; na ostensiva bajulação, na deferência e no desconhecimento. Vamos cedendo sempre mais e mais, na base de que se a tudo atendermos, teremos paz. Porque o islão nunca recua, ele é domínio; ele é submissão praticada perante Alá e é isto também que ele espera do infiel (que somos todos nós). Em inferioridade numérica é compassivo e avança lentamente, mas sob uma fé inabalável, porque ele é a religião da certeza, do absoluto. Ele não teme aos homens, somente a Deus. E todo o mundo sabe disto. Ou devia saber. Porque comodismo e ignorância, quando combinados, costumam ser fatais.

Jorge Duarte

 

 

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