A ENCRENCA
29-03-2024 - José Janeiro
Assistimos a uma bronca inimaginável, logo no primeiro dia da constituição da Assembleia da Republica, para a formação da XVI legislatura. Para entendermos melhor, façamos um pouco de história sobre o rescaldo das eleições do dia 10 de Março.
A constituição dos blocos, que decorrem de uma das maiores votações desta III republica, resultou na alteração do tradicional bipartidarismo PS - PSD(AD), que se iam alternando e que com as inúmeras diatribes, trouxeram a um novo panorama politico o já chamado tripartidarismo, com mais de 1,1 milhões de votantes no CHEGA.
Mas a lição, que o povo soberano e livremente transmitiu aos políticos, aos comentadeiros (não comentadores pois carecem de isenção e lucidez), não foi aprendida pelos intervenientes políticos e chegámos á vergonha da terça-feira dia 26 de março.
Recuando um pouco até ao dia das eleições, o fraco ganhador da votação democrática e muito participada, continuou a ignorar o elefante que tinha na sala que era o 3º partido mais votado, mantendo uma posição inexplicável de “não é não”. O novo panorama foi por certo uma surpresa para o líder da AD, que ingenuamente e com pouca inteligência geriu tudo isto com os pés. Tinha, no dia das eleições, um dos melhores argumentos se tivesse sabido ler e gerir os resultados sem complexos, dizendo algo como: “analisaremos os resultados e dialogaremos com todos, por respeito da vontade popular”, um chavão que funcionaria perfeitamente. Em vez disso manteve-se numa postura de desprezo e arrogância que se transformou num desastre anunciado.
Ostracizar, linhas vermelhas e nenhum bom senso, aliados a um sentimento global de caciquismo, corrupção e incompetência, uma imagem que o bipartadirismo tem perante o povo, teve o efeito contrario, e para eles inesperado, ao transformar o CHEGA, num partido de revolta, mas também numa simbiose de esperança por uma melhoria que tarda, e para onde o caos de 50 anos do bipartidarismo, nos atirou. Todos reconhecemos que estamos numa completa anarquia nos três grandes pilares da sociedade: ensino, saúde e justiça.
… mas não aprenderam! A burrice (o tal animalzinho que empresta o seu nome aos pouco inteligentes), tem hora e paga-se muito caro.
E chegamos ao dia 26 de Março, situação que foi gerida de forma cobarde e nada inteligente pelo líder da AD, onde o pânico tomou conta dos sentidos e onde o medo imperou deixando de fora o bom senso que se impunha. Claro que só podia correr mal!
O André Ventura foi insuflado com a estupidez daquele líder, que por um lado, foi totalmente incompetente a gerir a situação, como, por outro e paradoxalmente, não controlou os seus apaniguados e ambiciosos amigos de route que se quiseram “pôr em bicos de pés” depois de um jejum prolongado de poder.
O simbolismo das lagrimas emotivas, do CDS, enquanto a plaquinha era aparafusada, demonstra bem o quanto aquela trupe que assistia, (muitos foram os dinossáurios políticos e há muito desaparecidos que apareceram), o quanto estão ansiosos por aquecer já o tachinho em lume brando. Seria melhor não aparafusar com muita força, a tal plaquinha, que depois custa a sair, como se prevê para breve, apenas por serem uns burros-idiotas.
Se houve acordo, se não houve, sinceramente pouco importa, o que nunca podiam ter feito foi a atitude de criança mimada dos sombrios Paulo Rangel e Nuno Melo, que a na prática, provocarem um animal politico feroz como é o André Ventura, hoje respaldado com 50 deputados que são 22% do total de lugares no Parlamento.
O André Ventura, fez o óbvio, evitou a eleição do candidato da AD para a presidência e conseguiu atirar o Luís Montenegro para os braços do PS, confirmando perante o eleitorado o que sempre disse na campanha: que o PS é igual a um PS(Dois), e que são, o que sempre foram, uma e a mesma coisa… fez com que caísse a mascara do PSD/AD com grande estrondo.
Tudo fica mais difícil para Montenegro, não só para convidar gente competente para o governo, por estar claramente a curto prazo, como também, numas futuras e julgo que próximas eleições, lá mais para o final do ano. Voltarão a ser cilindrados pelo eleitorado.
Novas provas de fogo, para a coligação AD e para o PS perfilam-se, quer nas próximas eleições da Madeira, quer nas Europeias de junho, com as inevitáveis leituras sobre esses resultados. Todos estamos já curiosos sobre o que farão os da biparidarite do sistema, perante, uma mais que previsível, vitória do CHEGA… mais uma vez por incompetência, burrice e falta de senso dos players políticos, que são uns inaptos para levarem este país para a frente. Mais uma vez voltaram a colocar o país ingovernável, por cobardia e por desprezarem uma força politica com mais de 1,1 milhões de votantes resultantes de uma vontade popular. Inacreditavelmente, muitos comentadeiros, políticos do sistema e outras aves raras, têm-se dedicado ao insulto continuado dos votantes do CHEGA, com argumentos de uma baixeza e falsidade inqualificável como se fossem os donos da democracia, uma tristeza!
As cenas dos próximos capítulos não auguram nada de bom e são preocupantes para a saúde económica do país, muito por culpa de uma cambada de idiotas que não respeitam a vontade democrática de um povo, e que eles próprios, com as suas atitudes pouco inteligentes, provocaram a revolta de uma parte significativa da população contra eles. Seguramente, que muitos dos que deram o seu voto á AD, estarão hoje já arrependidos, muitos, possivelmente responsabilizarão o líder fraco que dá pelo nome de Luis Montenegro, outros os comentadeiros do sistema, que têm medo de perder os seus tachos, isto pagar-se-á caro para estes que assim desrespeitam os eleitores. Como sabemos, o governo aprovou recentemente mais um pacote de beneses, ou serão pagamentos de serviços, vá-se lá saber, para as marcas da comunicação social onde os comentadeiros gravitam de forma ignóbil. Assim é fácil entender porque querem manter um inconsequente status quo, apontando mentiras e falsidades de forma descarada e permanente com chavões inconsistentes com a realidade e que a realidade os desmente.
Estamos entregues á bicharada!
Até á próxima.
José Janeiro
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