DICIONARIOS HÁ MUITOS, SEU PALERMA!
12-05-2023 - José Janeiro
Se Pelé, como nome próprio, se consegue transformar num adjetivo, segundo a recente inclusão no dicionário de língua portuguesa, então podemos sempre ir mais longe e incluir de forma semelhante, os que não sendo excepcionais, se conseguem salientar pela negativa.
Se Pelé, quer dizer incomparável e único, pelo percurso que teve e que, a meu ver, não faz o mínimo sentido essa referência no dicionário, então absurdo por absurdo, proponho que outros nomes lhe sigam o exemplo e devemos propor a sua inclusão, estudemos essas opções:
Marcelo – sinonimo de selfies, expressão de origem inglesa que quer dizer autorretrato com outro, ou sozinho. A riqueza da expressão pode ir muito mais além no seu significado e pode indicar ainda a seguinte adjectivação: pessoa amorfa, sem tomates para tomar decisões e cobarde. Pode ser usada paralelamente como pessoa sem noção do ridículo. Pessoa que viaja muito e que gosta de gelados que servem para reflectir nos momentos difíceis.
O uso da palavra tem assim uma variedade de aplicações, vejamos algumas: “Vamos tirar uma Marcelix”, para uma selfie; “Não faças Marcelos”, para as atitudes ridículas; “Deixa de ser Marcelo”, para quando se foge às decisões e responsabilidade.
Costa – sinonimo de habilidoso, no pior sentido do termo, pessoa pouco confiável, mas vai mais além disso: trapalhão a falar e pouco consistente nas ideias. Usar este nome como um contexto adjactivado tem inúmeras aplicações: desde o tradicional: “não sejas Costix”, quando alguém te tenta passar a perna; até “ou falas direito ou mijas direito sem Costices”, quando não entendes patavina do linguajar do interlocutor; e talvez o mais importante de todos: “essa tua Costalice não me convence”, quando sentes que te estão tentar a passar a perna.
Galamba – sinonimo de mentir, ludibriar, enganar e acima de tudo intrujão. É o único que pode ser usado como verbo: “galambar”, que se conjuga em vários tempos verbais, para reforçar o seu significado de peso semelhante. A sua utilização é vasta e bastante heterogénea, senão vejamos alguns exemplos: “estás a galambar-me” quando desconfias que te estão a “comer as papas na cabeça”; “este é um glambador”, quando não se acredita em nada que o bacano diz; “oh pá, galambar a esta hora não”, quando o intrujão tenta ganhar alguma vantagem; “vai galambar para outro lado, não me convences”, quando recebes aquelas mensagens do “olá pai, olá mãe” dos trapaceiros; “filhote é muito feio galambar, não foi isso que te ensinei”, quando os vossos “crianços” vos tentam passar a perna.
Santos Silva – ou SS, SchutzStaffel, para os amigos mais próximos, sujeito arrogante e que acredita ser poderoso, com pretensão a ser dono disto tudo, mas que não passa de um triste. Muitas vezes é um ser extremista e absolutista, coisa, que diz combater, “malhando na direita”. Usar o acrónimo de má memoria, SS, assenta que nem uma luva á figurinha ridícula que representa esta porção de gente. A aplicação pratica desta nova adjectivação traz sempre consigo o peso da idiotice e das maneirices associadas ao pedantismo do bicharoco: “esta minha fúria de SS, é de um furioso gelado”, sempre secundado por um outro qualquer idiota que diga: “sim, sim, sim”, enquanto lambe as botas do indígena e confunde os dois conceitos antagónicos: gelo de personalidade e os gelados com que se lambuza; “eu, sou um SS”, enquanto faço maneirismos indiciadores que deixam transparecer subliminarmente o “eu é que sou bom, sou o maior e por isso, apetece-me beijar-me de tão bom que sou”; “eu, SS, é que mando e vocês obedecem”, quando quero impor o meu arbítrio;
Sócrates – sinonimo de fotocópias e de cofres de herança, sem esquecer amigos especiais e a riqueza das expressões vai muito além do singelo significado da palavra. Pode ser usada com uma adjectivação específica, indicando pessoa pouco confiável e de habilidades pouco ou nada consistentes. A expressão, seria assim utilizada em situações tão diversas como: “Aquilo que o Sócrates gosta”, quando se refere ao uso de dinheiro ilícito; “Cofres iguais aos da mãe do Sócrates”, quando se refere a dinheiro inexistente e só na imaginação dos demais; “És um amigo do Sócrates”, que subsistiu a já gasta expressão de “amigo da onça”; “Não és como um amigo do Sócrates”, quando se refere aos amigos que não ajudam; “És um prescri-Socratico”, quando se refere a crimes de que te safas; Este “adjectivo” é o que tem maior utilidade no novo dicionário.
Se as propostas das novas entradas nos dicionários, podem enriquecer a nossa língua e imortalizar os figurantes que lhes deram origem, num contexto irónico e que nos demonstra bem o quanto os intervenientes se cobrem permanentemente de ridículo, outras expressões assumem e demonstram significados mais objectivos que devem, esses sim, serem levados a serio.
E já que falamos dessas expressões e dos seus significados, tropecei na palavra INEPTOCRACIA e na sua definição produzida por Jean d’Ormesson, escritor e filosofo Francês da Academia Francesa, que de forma certeira, consegue definir o que estamos a viver com os nossos incompetentes de estimação. Pelos vistos, a incompetência é transversal aos países na sua globalidade, e em particular á Europa, senão que de outra forma se consegue entender o que o autor disse?
INEPTOCRACIA:
“É o sistema de governo no qual os menos preparados para governar são eleitos pelos menos preparados para produzir, e no qual os menos capazes de se autossustentarem, são agraciados com bens e serviços pagos com os impostos e confiscos sobre o trabalho e riqueza de um numero decrescente de produtores. Resumindo, os que nada sabem e pouco produzem, põem no poder, os que pouco sabem e nada produzem, para que estes administrem as riquezas, os bens e os serviços confiscados daqueles que algo sabem e algo produzem.”
Jean d’Ormesson
Tentemos por isso, todos manter alguma sanidade mental, perante estes ineptos que paradoxalmente foram eleitos, democraticamente pela abstenção, daqueles que se alienam das suas obrigações, que é a escolha de opções para o futuro do país. É triste serem estes DESQUALIFICADOS, que ganharam eleições. Vamos reflectindo no intervalo das novas escolhas, perante a m€rda que fizeram ao escolher esta gentalha.
Até á próxima
José Janeiro
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