Longe de encenações palacianas, jovens trabalhadores lutam por uma vida melhor
29-03-2024 - AbrilAbril
Faça chuva ou faça sol, faz-se sempre luta. Em Lisboa e no Porto realizaram-se duas manifestações enquadradas no Dia Nacional da Juventude. As mobilizações promovidas pela Interjovem/CGTP-IN comprovam que a juventude está disposta a lutar.
Os tempos estão atribulados, mas para quem vive dos rendimentos do seu trabalho e está confrontado com a exploração. Hoje, em Lisboa e no Porto, os jovens trabalhadores saíram à rua para lutar por uma vida melhor.
Lutar por um futuro poderia parecer vago, não houvesse um conjunto de reivindicações que dão forma ao que se pretende. O mote foi, mais uma vez, lançado pela Interjovem/CGTP-IN que pretende assinalar o Dia Nacional da Juventude que se comemora a 28 de Março.
O dia em questão assinala acampamento organizado pelo Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUD Juvenil) em Bela Mandil, no Algarve, no ano de 1947 e que foi fortemente reprimido pela PIDE. Mantendo a essência reivindicativa do dia e o espírito de combatividade juvenil, este momento tem sido assinalado todos os anos em luta.
Hoje os jovens saíram à rua para lutar por melhores condições de trabalho e de vida; pelo aumento dos salários, pela redução dos horários de trabalho e pelo fim da precariedade.
Segundo a nota de imprensa da CGTP-IN, «Os jovens precisam de resposta concreta aos seus problemas, precisam de aumentos nos salários que não só reponham o seu poder de compra, mas que criem condições de uma vida digna e de qualidade, precisam de estabilidade no emprego, algo que é impossível com o actual nível de precariedade, precisam de tempo para viver, para estar com a família, com os amigos, para a cultura e para o lazer.
Presente na manifestação em Lisboa esteve o secretário-geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, que usou da palavra na chegada à Assembleia da República. «É esta garra, é esta unidade é este pulsar da vida que nos dá cada vez mais força e alento para continuar a luta por uma vida melhor», começou caracterizar a manifestação realizada e a combatividade existente.
Caracterizando os vários problemas com que os jovens estão confrontados como a precariedade, os baixos salários, o aumento do custo de vida ou as dificuldades no acesso à habitação, não olhando a caras,Tiago Oliveira reafirmou que «faltam mudar as políticas, não os protagonistas, mas sim as políticas. Falta mudar o rumo, respeitar quem trabalha, quem trabalhou e quem entra amanhã para o mundo do trabalho».
O líder da central sindical de classe entende que «falta responder aos problemas concretos, valorizar o trabalho, olhar para os trabalhadores como o centro e a prioridade das decisões e não para os interesses do grande capital».
Num quadro onde Portugal é o terceiro país da europa onde o índice de precariedade é maior, em que no ano passado 70% dos contratos de trabalho realizados foram feitos com recurso a vínculos precários e os salários cada vez estão mais esmagados e agarrados ao Salário Mínimo Nacional, para o secretário-geral da CGTP-IN disse: «Nós sabemos do nosso valor, nós sabemos quem somos, nós somos quem trabalha, e nós vamos à luta por uma vida melhor, porque a luta é a nossa arma e quem luta não desarma».
Rematando a sua intervenção com as reivindicações colocadas hoje pela central sindical, como é exemplo o aumento dos salários em 15% num mínimo de 150 euros; as 35h para todos; a defesa da Contratação Colectiva; ou o combate à precariedade, aos recibos verdes encapotados, Tiago Oliveira apontou baterias para a batalhas futuras: as celebrações populares do 25 de Abril e a jornada de luta do 1º de Maio.
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