Médicos levaram "grito de alerta" ao simpósio da OMS no Porto
08-09-2023 - Esquerda.net
Director regional da Organização Mundial de Saúde para a Europa ouviu a líder da FNAM denunciar que "somos dos médicos mais mal pagos a nível europeu" e sem aumentos salariais há mais de uma década.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) organizou uma "flashmob" de protesto à entrada do simpósio da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o futuro digital, que arrancou esta terça-feira no Porto.
O objectivo anunciado desta acção de protesto era que “o mundo inteiro ouça o grito de alerta” por melhores salários e condições de trabalho dos médicos, uma vez que o Governo respondeu com o silêncio à contraproposta da FNAM quanto às grelhas salariais, ao novo regime de dedicação plena e integração do internato médico na carreira.
“Conseguimos passar a mensagem de que de facto há um problema grave em Portugal, que somos dos médicos mais mal pagos a nível europeu, estamos de facto há mais de uma década sem nenhum aumento salarial, com condições de trabalho a deteriorarem-se”, disse Joana Bordalo e Sá à agência Lusa, após entregar a Hans Kluge, o director regional da OMS/Europa, uma carta com o histórico das reivindicações.
Ao lado de Kluge estava o ministro Manuel Pizarro, que também ouviu as palavras de ordem entoadas pelos médicos ali presentes. A líder da FNAM disse aos jornalistas que Hans Kluge “pareceu ser sensível à questão de que de facto é preciso haver inovação, investir na digitalização, mas que também é preciso investir onde falta investimento em Portugal, que é nos recursos humanos”.
“Fizemos questão de estar aqui para que o mundo inteiro ouça o nosso grito de alerta e para que o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e o primeiro-ministro, António Costa, percebam que é preciso investir nos médicos e no SNS”, prosseguiu Joana Bordalo e Sá nesta flashmob que serviu de primeira etapa da caravana organizada pela FNAM para "percorrer o país inteiro".
“Vamos ouvir-nos uns aos outros, vamos incentivar a entrega das minutas para que os médicos não façam mais do que as 150 horas extraordinárias obrigatórias por ano e terminamos com uma greve nacional dias 14 e 15 de Novembro, e com uma manifestação (dia 14) em frente ao Ministério da Saúde”, afirmou a dirigente sindical.
Esta quinta-feira há nova reunião entre Governo e a FNAM, mas a federação sindical lembra que “após 16 meses de negociações que não resolveram o problema da falta de médicos no SNS, o Ministério da Saúde não apresentou, nem aceitou até à data, propostas adequadas para salvaguardar as carreiras médicas, revelando falta de competência para chegar a um acordo capaz de responder rapidamente à necessidade de fixar médicos no SNS”. Para que isso aconteça, a FNAM defende que o Governo tem de “aumentar a fatia do Orçamento de Estado destinada aos salários dos médicos, e dar uma utilização adequada aos fundos europeus que vão ser injectados no PRR”.
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