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Greve geral em França. "Quinta-feira negra" contra sistema de pensões

06-12-2019 - Lígia Anjos

É uma greve "ilimitada" que promete parar o país devido a uma polémica proposta de Macron, que pretende tornar as reformas num sistema por pontos.

Ontem quinta-feira, França começou a viver um importante movimento social que se levanta contra a reforma do sistema de pensões.

Hospitais, transporte de emergência, ambulâncias, bombeiros, escolas, justiça, estudantes vão mobilizar-se contra a reforma do governo francês. No sector dos transportes, o movimento vai ser massivo. Em Paris, 90% dos comboios foram cancelados e 11 linhas de metro vão estar encerradas.

Prevê-se que esta greve "ilimitada" afecte sobretudo a rede de comboios nacional (SNCF), mas também a rede de transportes públicos parisiense (RATP). Os franceses temem reviver a paralisação de 1995, que obrigou o governo de Alain Juppé a recuar as suas reformas sociais.

Uma proposta polémica

O objectivo do projecto governamental de Emmanuel Macron é transformar o sistema de reformas por repartição, baseado na solidariedade intergeracional, num sistema de reformas por pontos. Segundo o economista e filósofo francês Frédéric Lordon, esta reforma projectada pelo governo francês é "uma maravilhosa máquina para enganar os reformados".

Em véspera de dia de greve, os sindicatos continuam a mobilizar trabalhadores para que se juntem ao movimento de greve.

O conselheiro da Confederação Geral do Trabalho (CGT) para as reformas, Régis Mazzasalma, tem esperança de que o governo volte atrás. Para o sindicalista, "o governo está encostado à parede, não consegue justificar em que medida esta reforma pode ser melhor para os trabalhadores e reformados. Pelo contrário, o governo usa retóricas e de desqualificar argumentos em vez que mostrar na prática as medidas que propõe."

O governo garante que não há volta a dar e que vai avante com a reforma do sistema de pensões. Nas fileiras do partido d"A República em Marcha, partido no poder, os deputados tentam esconder as preocupações perante o movimento de greve "ilimitado".

"Primeiro deixemo-nos de catastrofismos. Em França conhecemos bem as greves sociais, eu próprio participei em greves", afirma o deputado do partido, Julien Chavanne.

Na ala da maioria parlamentar há quem esteja menos confiante quanto à greve. "Estaríamos a mentir se falarmos de uma pequena greve sem importância. Amanhã à noite faremos um balanço completo desta manifestação e das consequências que tiveram para os trabalhadores e trabalhadoras que não vão poder ir trabalhar. Não podemos esquecer-nos deles", descreve o deputado do LREM, Bruno Questel.

Para muitos dos deputados do "em Marcha" esta vai ser primeira prova social, explica o deputado Laurent Saint-Martin. O deputado apoia os colegas do partido no poder e descreve uma situação "complicada que implica coragem e resistência e resiliência. Se não estivermos à altura disto mais vale parar imediatamente".

Se o governo voltar atrás não será possível avançar com novas reformas. O segundo ato decisivo do quinquénio de Emmanuel Macron joga-se agora nesta reforma do sistema de pensões.

À procura de soluções

A greve nacional vai espalhar-se por todo o país e, quanto aos transportes públicos, o dia de amanhã vai dificultar os acessos aos locais de trabalho e escolas. Há quem já tenha previsto todos os cenários para amanhã chegar a horas ao trabalho e há quem, por prudência, prefira ficar em casa.

"Não estou a pensar ir trabalhar porque tenho um filho, caso consiga chegar ao trabalho e não consiga voltar para casa é impossível. Vivo em Argenteuil, tenho de apanhar quatro tipos de transportes diferentes, entre comboios e metro, nesta configuração é impossível", queixa-se esta cidadã.

Muitas pessoas decidiram ir para o trabalho de bicicleta, mas nem todos. É o caso de um estudante: "A minha mãe não me deixaria andar de bicicleta, então vou optar pelo Uber ou boleias... Vamos tentar assim."

Ainda assim, muitos trabalhadores vão optar pelo automóvel ou trotinete. "Posso ir de carro ou de trotinete, vamos adaptar-nos. Posso ainda falar com o meu chefe e trabalhar a partir de casa. Posso trabalhar à distância", descreve um trabalhador em Paris.

Muitos outros têm medo de perder o trabalho. "Se aderirmos à greve não vai ser bem aceite pelo empregador, mas posso talvez tirar um dia de folga", explica este cozinheiro que vai apoiar os grevistas.

Os sindicatos já anunciaram que o movimento de greve pode prolongar-se por tempo indeterminado.

Fonte: TSF

 

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