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Testemunha arrolada por Sócrates serve de “trunfo” para a acusação

06-12-2019 - Zap

Mário Lino, antigo ministro das Obras Públicas do Governo de José Sócrates (2005-2009), negou esta segunda-feira ter sido instrumentalizado pelo então primeiro- ministro para favorecer os interesses do Grupo Lena.

Segundo o semanário Expresso, o antigo Governante, arrolado na Operação Marquês como testemunha de Sócrates, manteve o que tinha já dito quando a acusação foi conhecida.

Mário Lino  reiterou que não foi usado por José Sócrates  para favorecer os interesses do Grupo Lena, mais mais concretamente na adjudicação da construção de um troço de comboio de alta velocidade (TGV) para ligar Poceirão a Caia.

Em declarações ao mesmo jornal, o antigo ministro disse que os governantes “não são mentecaptos”, negando ter sido instrumentalizado.

Os procuradores do Ministério Público têm outra versão: sustentam que o antigo primeiro-ministro  “instrumentalizou” os seus governantes  ligados ao setor das obras públicas para que a empreitada da construção de um troço que ia ligar Poceirão a Caia através de um comboio de alta velocidade beneficiasse o grupo Lena.

O grupo Lena, por sua vez e de acordo com a acusação, corrompeu José Sócrates quase desde o primeiro dia em que este tomou posse depois de vencer as eleições de 2005. “Quer a obra avançasse ou não, o grupo teria sempre lucro porque o contrato garantia uma indemnização no caso de o projeto não ir para a frente, como veio a acontecer”, esclarece ainda o semanário Expresso.

Testemunha de Sócrates é trunfo da acusação

O jornal Expresso escreve ainda esta segunda-feira feira que uma outra testemunha arrolada por José Sócrates foi utilizada pelo procurador Rosário Teixeira como trunfo.

Foi durante o terceiro interrogatório a José Sócrates que o procurador questionou Sócrates sobre Raul Vilaça Moura,  presidente do júri do concurso  que atribuiu a concessão do TGV a um consórcio liderado pela Brisa e pela Soares da Costa e de que fazia parte o Grupo Lena. Trata-se do alegado corruptor-mor de Sócrates.

Rosário Teixeira confrontou Sócrates sobre a confissão de Raul Vilaça Moura, que admitiu ter estado no gabinete do ex-ministro socialista, acompanhado por Mário Lino, para debater os eventuais riscos de uma recusa do projeto pelo Tribunal de Contas – tal como veio mais tarde a acontecer.

Terá sido com esta questão que  Sócrates hesitou  durante os seus interrogatórios conduzidos por Ivo Rosa, num momento raro, segundo relata o Expresso.

“Agora que o acabei de ouvir, a minha ideia é que isso tinha que ver com a terceira ponte… Mas, eh pá, talvez ele tenha uma memória mais fresca do que eu. Ele só se ocupava disso”, começou por dizer antes de afastar responsabilidade perante a insistência do procurador Rosário Teixeira. “É muito simples. Tem de chamar o engenheiro Mário Lino. Eu nunca intervim em nenhum concurso”.

O Expresso apurou ainda que Mário Lino não só foi chamado como testemunha por José Sócrates durante a instrução, mas também por Raul Vilaça Moura.

28 arguidos e quase duas centenas de crimes

O inquérito da Operação Marquês, que está agora na fase de instrução, culminou na  acusação a 28 arguidos  – 19 pessoas e nove empresas – e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.

José Sócrates, que chegou a estar preso preventivamente durante dez meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, dezasseis de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.

A acusação sustenta que Sócrates  recebeu cerca de 34 milhões de euros , entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos (GES) e na PT, bem como por garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.

 

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