Notáveis do bloco central dominam cargos da Raríssimas
15-12-2017 - Octávio Lousada Oliveira
Leonor Beleza, Graça Carvalho, Roberto Carneiro, Maria de Belém e Paulo Pitta e Cunha são alguns dos nomes que integram os órgãos da instituição envolvida em polémica, tal como Fernando Ulrich, António Cunha Vaz e Pedro Pita Barros.
Ex-ministros, banqueiros, académicos, consultores de comunicação. Os órgãos sociais da Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, especialmente os não executivos, são dominados por grandes figuras das últimas décadas do regime português, quase todas pertencentes (ou próximas) do chamado "centrão" político.
O Conselho Consultivo da instituição, que está sob investigação por a sua presidente, Paula Brito da Costa, ter alegadamente utilizado de forma indevida dinheiro em gastos pessoais, é o exemplo mais vincado: é presidido por Leonor Beleza, ministra da Saúde de Cavaco Silva e presidente da Fundação Champalimaud, e integra personalidades como a ex-candidata presidencial e ministra da Saúde de António Guterres, Maria de Belém Roseira, o ex-ministro da Educação de Cavaco, Roberto Carneiro, a ministra da Ciência e do Ensino Superior de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, Graça Carvalho.
O chairman do BPI, Fernando Ulrich, também faz parte daquele órgão, tal como o consultor de comunicação António Cunha Vaz, o professor universitário Pedro Pita Barros, o antigo administrador da Agência Europeia do Medicamento, ex-director executivo da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) e actual vice-presidente do Infarmed Rui Santos Ivo, a ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Isabel Mota, ou o advogado Francisco Sá Carneiro.
Sendo um órgão que actua junto da Direcção, de acordo com os estatutos da Raríssimas, o Conselho Consultivo é composto por "pessoas de reputada competência, com actuação nos diversos sectores da sociedade" e cabe-lhe emitir pareceres sobre os projectos e actividades da instituição, sempre que a Direcção o solicite, e ainda fazer recomendações sobre acções promovidas ou apoiadas pela Raríssimas.
No entanto, as caras conhecidas não ficam por aí. O Conselho Fiscal, órgão que tem por missão examinar as contas, é liderado por António da Trindade Nunes, presidente do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, ao passo que Paulo Pitta e Cunha, professor catedrático especialista em várias áreas do direito e ex-deputado do PSD, preside à Assembleia Geral, à qual compete aprovar ou chumbar os orçamentos da instituição, assim como os relatórios de contas anuais.
Recorde-se que o jornal Público tinha noticiado esta segunda-feira que o actual ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, tinha desempenhado a função de vice-presidente da Assembleia Geral entre 2013 e 2015, ano em que foi chamado por António Costa para desempenhar funções governamentais.
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Fonte: Sábado.pt
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